Um dos maiores responsáveis pela estruturação do enoturismo em Bento Gonçalves partiu nesta semana, deixando a comunidade de luto. Moysés Michelon, empresário e presidente da 1ª edição da Festa Nacional do Vinho (Fenavinho), que neste ano celebra o seu cinquentenário, foi vítima de uma infecção pulmonar que se agravou. De opinião forte e sempre se manifestando com a ternura que a terceira idade proporciona, ele conquistou em sua jornada de 83 anos uma quantidade invejável de admiradores de seu espírito empreendedor e de sua jovialidade.
Michelon estava internado no Hospital Tacchini desde o dia 9 de setembro, mas seu quadro de saúde se agravou no final da tarde de terça-feira, dia 31, e ele precisou ser entubado. Por volta das 20h30, ele sofreu três paradas cardíacas e não resistiu. Michelon deixa a esposa, Leonora Arioli Michelon, as filhas, Elisabete e Elaine, os genros, Juhaeri Muchtar e João Mattielo, e a neta, Isabela Michelon Juhaeri.
Mesmo afastado das atividades em razão da internação, o empresário seguia mandando recados virtuais a amigos e clientes do Hotel Villa Michelon, do qual era proprietário. Fã declarado das redes sociais, sua última mensagem no Facebook demonstrava o otimismo pelo qual ele sempre foi reconhecido.
(Foto: Ivane Fávero/Reprodução Facebook)
“Ainda estou ausente para tratamento de saúde e recuperação. Saboreiem a vida! Para que ela seja longa, bem degustada e muito feliz! Quanto a mim, todos sabem que a minha meta é chegar aos 100 anos, e como ainda falta um pouco, estou cuidando do meu corpo, para voltar fortalecido ao convívio de tantos amigos, colaboradores e clientes. Até logo mais, minha gente! Salute a tutti quanti!", diz o texto publicado algumas horas antes da morte dele.
O legado de Moysés Michelon para a cultura e para o turismo do que hoje é o principal roteiro enoturístico do Brasil é imensurável. Seu inigualável carisma contrastava com o pulso firme com o qual ele comandava seus negócios. Após se aposentar, tendo atuado por mais de 40 anos na empresa de massas e biscoitos Isabela, Michelon construiu o Villa Michelon, o primeiro hotel do Vale dos Vinhedos.
Entre os 57 funcionários, ele era carinhosamente chamado de pai nos bastidores e costumava acompanhar o despertar do hotel, se fazendo presente no café da manhã dos hóspedes, cuidando de cada espaço, promovendo novidades e atraindo os visitantes para novas experiências. “O menino, que chorou por uma travessura de infância abrigado em um paiol, hoje nos faz chorar pela sua ausência”, diz a nota publicada na página do Villa Michelon no Facebook, fazendo referência a uma das passagens da infância do empresário que serve como título para a sua biografia, “Longa Trade no Paiol”, publicada em 2016.
Uma das últimas homenagens feitas a ele ocorreu poucos dias antes da internação, durante o Desfile Cívico de 7 de setembro, cujo tema municipal era, justamente, a passagem dos 50 anos da Fenavinho.
O velório está sendo realizado nas capelas São José. O sepultamento acontece às 17h desta quarta-feira, dia 1º, no Cemitério Público Municipal. O prefeito Guilherme Pasin decretou luto oficial de três dias no município.
Texto: Carina Furlanetto e Greice Scotton