Bento intensifica ações contra o Aedes aegypti

Responsável pela transmissão de doenças como a Dengue, a Febre Chikungunya e o Zika Vírus, o mosquito Aedes aegypti tem mobilizado ações de combate em todo o Brasil. A campanha “Bento contra o Aedes aegypti”, lançada no dia 30 de janeiro e prevista para encerrar em abril, intensifica o trabalho que já vem sendo realizado. “O brasileiro tem mania de achar que o problema é dos outros, do Poder Público. Não, o problema é de todo mundo. A população não deve deixar de denunciar, mas deve também fazer a sua parte. O mosquito é um problema de todos”, afirma o coordenador do setor de Vigilância Sanitária da secretaria municipal de Saúde, Rafael Medeiros Vieira, ressaltando que já há estudos que apontam que o inseto possa ser responsável pela transmissão de outras doenças.

Além dos agentes de combate a endemias, dos agentes comunitários de saúde que atuam nas unidades de Estratégia de Saúde da Família (ESF), e dos fiscais do município, a iniciativa também conta com apoio do 6º BCom. O objetivo é implementar ações de prevenção e combate aos mosquitos do gênero Aedes. Além de visitas a residências e entrega de material informativo – atividades que já fazem parte da rotina do setor –, também estão programados “Bota-Fora” nos bairros. A comunidade é convidada a descartar resíduos como pneus, móveis e eletrodomésticos usados, que não costumam ser recolhidos pelos caminhões de coleta. A ação ocorre sempre às quintas-feiras e é informada previamente pelos agentes nas comunidades abrangidas. Nos meses de março e abril, as escolas serão foco de conscientizações.

No último sábado, dia 13, o município integrou a mobilização nacional de combate ao mosquito. Foram visitadas 7.300 residências em sete bairros: Santa Rita, Santa Helena, Botafogo, Pomarosa, Glória, Cidade Alta e Verona.

Cidade infestada

Com a campanha maciça, a prefeitura pretende alertar a comunidade. Bento Gonçalves é considerada infestada desde 2011. A classificação obedece aos critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde, e significa que foram encontrados focos fora das armadilhas monitoradas pela prefeitura. Segundo Vieira, embora a palavra soe forte, a cidade tem menos de 1% do seu território com a presença do mosquito – o risco de epidemia é evidente quando o índice ultrapassa 3%. “Não significa que não devemos nos preocupar. Temos uma população do mosquito reduzida e vamos trabalhar para conseguir eliminá-la”, acrescenta.

No Rio Grande do Sul, os focos são encontrados em sua maioria no lixo, ao contrário das regiões Nordeste e Sudeste, onde o problema está nos depósitos para coleta de água da chuva. “Uma tampinha com água já é um criadouro” observa.  A prefeitura já registra mais de 180 denúncias feitas pela comunidade de possíveis focos e criadouros. Em 2016, até o momento, nenhum foco foi registrado e houve apenas um caso confirmado de dengue, contraído fora do município. Entretanto, o alerta permanece. Os poucos dias de frio no inverno e as chuvas e altas temperaturas no verão são favoráveis a proliferação do mosquito.

Novos agentes

Devido ao baixo número de agentes de combate a endemias, o engajamento da população é fundamental. A prefeitura está com processo simplificado em andamento para contratação de 22 novos profissionais. A previsão é que eles iniciem o trabalho em março. O reforço é importante para atingir a meta de visitar todos os 52 mil imóveis do município.

A coordenadora do programa de combate à dengue no município, Analiz Zattera, destaca que as ações já são realizadas há 10 anos. Desde 2007, foram instaladas armadilhas nos bairros para monitorar a presença de larvas. Bento Gonçalves foi a primeira cidade da Serra Gaúcha a ser classifi cada como infestada, com o foco encontrado em uma laje com água empoçada. Por isso, a principal orientação é eliminar os depósitos de água.

O mosquito

O Aedes aegypti é escuro com manchas brancas e tem o tamanho de um pernilongo. Analiz salienta que, em caso de suspeita, a comunidade pode coletar o inseto e levá-lo até o setor de Vigilância Ambiental, que procederá a análise. A eventual coceira após a picada não difere das outras espécies. O mosquito vive em média 30 a 45 dias e chega a colocar 350 ovos. Uma das principais dificuldades no combate ao vetor é que a colocação é feita em diferentes locais, um dos mecanismos que o inseto usa para sobreviver. Um único mosquito pode picar até 30 pessoas. Ao atingir alguém infectado, passa a ser um transmissor da doença. “O mosquito não nasce infectado”, esclarece Analiz.

Sintomas

Dados do Serviço de Vigilância Epidemiológica revelam que primeiro caso de dengue confirmado em Bento Gonçalves, ocorreu em dezembro de 2001. Em 14 anos, foram registrados 33 casos, sendo que todos os pacientes eram viajantes (profissionais, caminhoneiros, empresários e turistas), que se infectaram em estados endêmicos.

 Como nenhum dos doentes residentes contraiu a infecção em Bento Gonçalves, isto tem evidenciado que ainda não está ocorrendo a circulação do vírus no município. Quem viajou para áreas de circulação viral nos últimos 15 dias e apresentar febre alta persistente deve entrar em contato com o setor de Epidemiologia. Nestes casos, o inseticida é aspergido no quarteirão e adjacências da residência do suspeito, como forma de exterminar possíveis mosquitos adultos.

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