Bento oferece tratamento gratuito a dependentes

O abuso no consumo de álcool e de drogas ilícitas é um dos principais fatores que levam os usuários a cometer crimes. A falta de recursos financeiros para a manutenção do vício muitas vezes é motivo de furtos e roubos, até mesmo de objetos da própria família. Um recente estudo divulgado pela Agência Brasil aponta que a dependência química de crianças e adolescentes está relacionada principalmente a problemas familiares. O contato cada vez mais precoce com as drogas exige um tratamento imediato, que deve começar logo após os primeiros sintomas para que tenha bons resultados. É também necessário que os pais fiquem atentos ao comportamento dos filhos e procurem ajuda médica. Em Bento Gonçalves, é possível encontrar uma rede de apoio capaz de diagnosticar e tratar o problema, considerado de saúde pública. 

O município conta com diferentes espaços para tratamento de dependentes químicos. O atendimento é feito através das Unidades Básicas de Saúde (UBS), dos postos de Estratégia Saúde da Família (ESF), do Pronto Atendimento 24h, da unidade psiquiátrica do Hospital Tacchini, do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) e da Comunidade Terapêutica. Mas, apesar das oportunidades oferecidas, nem todos buscam ajuda. 

As UBSs são consideradas a primeira instância do tratamento, onde é feita a avaliação do grau de dependência do paciente. Caso seja necessário, ele é encaminhado para atendimento especializado, como o que é prestado pelo Caps AD. O local oferece apoio tanto para os usuários que buscam ajuda de forma voluntária quanto aos que são conduzidos por ordem judicial, Conselho Tutelar, hospital ou Pronto Atendimento 24 horas. 

No Caps AD são atendidos dependentes de álcool, maconha, sedativos, benzodiazepínicos, cocaína, crack, estimulantes, alucinógenos e tabaco. Além do usuário, a família também recebe apoio. Todo o processo é gratuito, sendo custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

A estrutura do Caps AD permite diferentes modalidades de tratamento, entre os quais psiquiátrico, clínica médica, psicológico, grupo-terapia, atendimento aos familiares, acolhimento, enfermagem, além do serviço de educação para a comunidade em geral sobre o uso e abuso de substâncias psicoativas. “De maneira geral, as substâncias químicas mais prevalentes são o álcool, o tabaco, a maconha e a cocaína/crack. Devido ao potencial de dependência e às repercussões sociais do uso de crack, atualmente, o número de usuários dessa substância em atendimento no Caps AD é muito grande, justamente por ser um serviço de referência no tratamento. Usuários de solventes, medicamentos e drogas sintéticas, como o Ecstasy, são menos comuns, mas existem”, destaca o médico psiquiatra Deivid Francioni. 

Dados preocupantes

Em pesquisa realizada com os pacientes que frequentaram o espaço durante o ano de 2011, foi constatado que a maioria dos homens atendidos fazia uso abusivo de álcool e cocaína/crack – os dois entorpecentes são classificados juntos devido a aspectos farmacológicos –, seguido pela dependência de maconha, tabaco e múltiplas drogas. Já entre as mulheres, a dependência maior é de cigarro, representando 45% dos atendimentos, seguido pelo uso de cocaína/crack e álcool. No total, 44% dos usuários de cocaína/crack tiveram que ser internados em hospital para desintoxicação e continuidade do tratamento.

Outro dado interessante revelado pelo levantamento é a relação entre a idade dos pacientes atendidos e a maior dependência: no grupo com idade entre 10 e 30 anos, há maior incidência no uso de cocaína/crack. Já o abuso do álcool é a principal dependência de pacientes com idade acima de 31 anos e entre maiores de 60.

O Caps AD funciona na rua 15 de Novembro, 132, bairro Planalto, em frente ao CTG Laço Velho. Informações sobre os tratamentos e as formas de atendimento podem ser obtidas pelo telefone (54) 3052 0114.

Comunidade terapêutica 

No último dia 19, a Comunidade Terapêutica completou dois anos de funcionamento. A construção iniciou em 2001, mas foi finalizada somente depois de dez anos. O prédio, situado na localidade de Passo Velho, distrito de Tuiuty, conta com 32 leitos, divididos em 16 quartos, além de sala de grupo, médica, administrativa, enfermagem, cozinha industrial, refeitório, lavanderia e centro ecumênico. O local é adaptado para receber portadores de necessidades especiais. Toda a obra foi financiada pelo Poder Público e contou com o apoio de empresários, da comunidade e da Associação Vida Livre. O custo total foi de R$ 700 mil.

O serviço é exclusivo para homens moradores de Bento, com idade mínima de 18 anos. No local são atendidos todos os tipos de dependência. Até a primeira semana de março, havia 22 internos. Todos passam por tratamento que aborda atendimento psiquiátrico e psicológico, psicoeducação, grupos de autoajuda – Alcoólicos Anônimos (AA) e Narcóticos Anônimos (NA), religiosidade e laborterapia. “Os egressos são reencaminhados ao Caps AD para seguir tratamento e há um grupo semanal formado pelos já recuperados, de maneira que dificilmente perdemos o contato com nossos pacientes. Muitos dos que concluíram o tratamento seguem abstinentes”, explica Deivid Francioni, que além de médico psiquiátrico do Caps AD é coordenador técnico da Comunidade Terapêutica.

Sinais e sintomas

*Mudança brusca de comportamento;
*Falta de motivação para atividades comuns;
*Queda do rendimento escolar ou abandono dos estudos;
*Queda da qualidade do trabalho ou abandono;
*Inquietação ou irritabilidade, insônia ou, ao contrário, depressão e sonolência;
*Atitudes furtivas ou impulsivas;
*Uso de óculos escuros, mesmo durante a noite;
*Uso de camisetas de mangas longas no verão;
*Desaparecimento de objetos de valor;
*Uso de som em alta intensidade e troca do dia pela noite.

Fonte: Centro Regional de Estudos Prevenção e Recuperação de Dependentes Químicos (Cenpre)

O que fazer ao descobrir que seu filho usa drogas

*Não dramatize o fato. Encare com realismo, segurança e objetividade;

*Procure ter certeza do que realmente está acontecendo;

*Tenha uma conversa franca, sincera e leal com seu filho;

*Verifique há quanto tempo, quais drogas que ele está usando e, se possível, a frequência e a quantidade usada;

*Procure identificar os motivos que levam seu filho ao uso de drogas;

*Não o estigmatize, chamando-o de maconheiro, marginal ou drogado;

*Nunca fique se recriminado ou procurando o culpado pelo fato;

*Sempre dê ao seu filho todo o apoio necessário, ele pode estar doente;

*Procure ajuda com pessoas especializadas, caso ele seja dependente, nunca deixará a droga sozinho;

*Lembre-se que as melhores armas que temos para combater o uso de drogas são: amor, carinho e a compreensão. Não deixe de usá-las. 

Fonte: Centro Regional de Estudos Prevenção e Recuperação de Dependentes Químicos (Cenpre)

Reportagem: Katiane Cardoso


É proibida a reprodução, total ou parcial, do texto e de todo o conteúdo sem autorização expressa do Grupo SERRANOSSA.

Siga o SERRANOSSA!

Twitter: @SERRANOSSA

Facebook: Grupo SERRANOSSA

O SERRANOSSA não se responsabiliza pelas opiniões expressadas nos comentários publicados no portal.