Bento pode ter cadastro de safristas temporários

Entre os meses de janeiro e março, quando ocorre a colheita da safra da uva, os municípios da Serra Gaúcha recebem um número significativo de pessoas de outras cidades interessadas em preencher vagas temporárias. Para regulamentar a situação e garantir, sobretudo, a segurança dos agricultores locais e suas famílias – na maioria das vezes não há acesso a um histórico de antecedentes criminais dos trabalhadores – autoridades de Bento Gonçalves estudam a criação do chamado Cadastro Safrista.  

Para muitos agricultores, receber trabalhadores temporários já se tornou uma rotina. No município de Flores da Cunha, por exemplo, a Brigada Militar possui uma patrulha rural para ajudar na segurança. Segundo o presidente do Sindicato Rural dos Trabalhadores de Flores da Cunha e Nova Pádua, Olir Schiavenin, o cadastro de safristas já é realizado há alguns anos. “Nitidamente percebemos uma melhora na sensação de segurança por parte dos agricultores depois da implantação”, relata. 

Schiavenin lembra que o cadastro é feito através de parcerias com órgãos públicos. “Nós contamos com o apoio interessante da Brigada Militar, que nos disponibiliza a patrulha rural em épocas de colheita. Temos parceria também com a Emater e Secretaria Estadual da Agricultura, entre diversos órgãos também em nível municipal”, conta. O presidente relata que o objetivo é repassar informações para os contratantes sobre a situação das pessoas que terão a vaga de trabalho temporária. “Os interessados nos procuram e repassamos informações sobre a origem desse trabalhador. No sindicato nós orientamos os agricultores sobre vários aspectos, não só a questão de segurança, mas também sobre a legalidade da contratação por um determinado período”, explica. 


Divergências

A implantação de um Cadastro Safrista oficial em Bento Gonçalves ainda não está confirmada. Enquanto o presidente do Sindicato Rural da Serra Gaúcha, Elson Schneider, alega que o projeto precisa ser aprofundado, já que a entidade foi criada há pouco tempo, a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves, Inês Fagherazzi, diz que um procedimento semelhante ao cadastro já é realizado. 

“Iniciamos nossos trabalhos há pouco tempo, assim estamos estruturando uma equipe profissional, com treinamentos, e mobilizando a categoria. Em breve, poderemos também contribuir para a formação desse cadastro”, diz Schneider. Segundo o presidente, os trabalhadores temporários participam da vida íntima das famílias e isso, por si só, é um argumento favorável ao projeto. “Sob o meu ponto de vista, é muito importante criarmos o Cadastro Safrista, nem tanto para beneficiar o trabalhador temporário, mas para o dono da propriedade onde ele prestará serviços. Dessa forma, conseguiremos ter informações mais precisas sobre quem são essas pessoas que terão acesso à rotina e aos bens da família”, salienta.

Para o presidente, é possível uma parceria entre os sindicatos – tanto patronal quanto dos trabalhadores – para que o projeto realmente possa deixar de ser apenas uma ideia. “Podemos dizer que a competência desse trabalho é do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, uma vez que representa a categoria, mas também acredito que as duas entidades podem unir suas forças e trabalhar juntas, bem como contar com o apoio de órgãos como Emater, secretaria da Agricultura e cooperativas”, explica Schneider.


Pouca demanda

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves, aprova a ideia, mas informa que um procedimento semelhante ao que seria o Cadastro Safrista já ocorre na cidade de maneira informal. “De certa forma nós já realizamos este tipo de serviço, nós oferecemos orientações aos agricultores quanto à contratação de trabalhadores temporários. Aqueles que tiverem dúvidas ou precisarem de esclarecimentos podem vir até o sindicato”, garante. Segundo Inês, trabalhadores com histórico de violência, por exemplo, são excluídos das listas para vagas temporárias. “Na época da colheita, disponibilizamos uma lista com várias opções para os agricultores. Fazemos a sondagem para obter mais informações sobre o trabalhador quando nos é solicitado. Geralmente,  contatamos o sindicato da região de origem ou, em casos mais específicos, entramos em contato com a Polícia Civil para conseguirmos mais informações. Caso haja antecedentes, excluímos o nome e tiramos a possibilidade de aquela pessoa trabalhar na safra local”, explica. 

Inês lembra que a contratação de temporários é geralmente feita de forma direta. “Poucos agricultores nos procuram em busca de mão de obra para a época da colheita. Geralmente a contratação é feita de forma direta. Mas estamos dispostos a realizar esse trabalho se constatarmos que, de fato, existe a necessidade de um cadastro específico”, garante. 

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, a maioria dos temporários que aportam em Bento Gonçalves durante a época de colheita vem da região noroeste do Rio Grande do Sul, de municípios como Alpestre, Planalto, Frederico Westphalen e arredores. 


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