Bento registrou dois acidentes fatais com motocicletas em menos de um mês

Às 11h do dia 20/08, a motociclista Alessandra Mallet de Souza, de 44 anos, morreu após ser atingida por um caminhão na rua Francisco Tomasi, entre os bairros Santa Marta e Fátima. Menos de um mês depois, no dia 10/09, o motociclista Firmino de Jesus de Souza Ribeiro, de 55 anos, se chocou contra um ônibus no cruzamento das ruas Pedro Rosa e Fiorelo Bertuol, no bairro Progresso. Os dois casos representam um aumento de 200% em relação a 2019, quando não houve registro de acidente com morte envolvendo motociclistas na área urbana de Bento Gonçalves. Os dados são da Brigada Militar. 

Conforme dados do Denatran, a frota de ciclos motorizados em Bento Gonçalves cresceu cerca de 6% entre 2018 e 2020, passando de 13.181 para 13.964 (até a última atualização, em 13/08). Os dados incluem ciclomotores (veículo de duas ou três rodas, cuja cilindrada não exceda a 50cm³, motocicletas (veículo de duas rodas dirigido por condutor em posição montada) e motonetas (dirigido por condutor sentado). De acordo com o Coordenador de Políticas Públicas de Trânsito do Departamento Municipal de Trânsito de Bento Gonçalves (DMT), Evandro José Flôres, o aumento pode estar relacionado ao baixo custo de manutenção desses veículos, à versatilidade e à facilidade de aquisição. 

Descuidos que podem ser fatais

Flôres cita três causas que podem levar a acidentes de trânsito. Uma delas é o fator humano. “Nesse está inserido tudo que diz respeito ao condutor, ao carona e aos pedestres. Por exemplo: uma pessoa que está conduzindo veículo sob efeito de substância etílica ou entorpecente, com sono, com problemas de saúde, que não tem o conhecimento perfeito do tipo de veículo está conduzindo, tem a perícia prejudicada e o domínio do veículo reduzido”, exemplifica. 

Ele ainda enumera atitudes inconsequentes, muitas vezes tomadas por motociclistas que procuram reduzir o tempo de deslocamento. “A falta de respeito às regras de circulação, a velocidade da marcha, a distância entre veículos, não manter distância lateral mínima, a falta da utilização de indicadores de direção, ultrapassagens arriscadas e circulação entre veículos que seguem no mesmo sentido são alguns dos pontos que podem provocar acidentes”, comenta. 


Foto ilustrativa/arquivo SERRANOSSA
 

Em veículos de duas rodas, até mesmo o comportamento do carona pode ser fator de risco no trânsito. “Pessoas que querem visualizar tudo como se elas fossem as condutoras, que se movimentam para os lados no banco do carona e não acompanham a posição do condutor, principalmente em trechos sinuosos, podem causar desequilíbrio”, explica. 

A atitude dos pedestres também é fator determinante para garantir a segurança no trânsito. Aqueles que não procuram a faixa de segurança para atravessar a via ou não esperam o sinal do pedestre podem estar criando condições de risco. “Aqueles que caminham entre veículos parados, ou quem, mesmo na faixa de segurança, não se assegura de que o condutor viu e notou sua intenção de atravessar”, complementa Flôres. 

Outras causas que podem estar associadas à ocorrência de acidentes são o fator veículo e o fator via. No primeiro, está inserido tudo que diz respeito ao meio de transporte, como equipamentos obrigatórios em más condições de uso, falha nos sistema de iluminação e sinalização, falta de manutenções periódicas, posição inadequada dos retrovisores, entre outros. Já o fator via diz respeito ao ambiente onde se desenvolve o trânsito e suas condições. “Conservação (tipo de pavimento, existência ou não de buracos, canteiros centrais ou ilhas e sinalização viária adequada. As condições climáticas também influenciam o fator via”, cita Flôres. 

Direção defensiva

Mesmo com o alto número de acidentes de trânsito registrado anualmente, ainda são poucos os motoristas que colocam em prática a direção defensiva – conjunto de medidas que visa minimizar o risco de acidentes, tomadas independentemente do comportamento dos outros motoristas ou das condições adversas. “Os condutores e caroneiros de motocicletas, motonetas e ciclomotores sempre devem usar o capacete de segurança, evitar transitar entre veículos, ultrapassar pela direita e em locais que, embora pela esquerda, possam fazer com que sejam pressionados (apertados) pelo outro veículo contra um obstáculo físico. Também deve-se procurar reduzir a velocidade em cinco ou dez quilômetros em relação à velocidade máxima permitida para a via; ter sempre os faróis de luz baixa acionados; usar a viseira abaixada de forma que proteja os olhos; manter distância segura; respeitar as normas de trânsito e, principalmente, evitar exibir manobras em via pública”, reforça o coordenador. 

Flôres também ressalta a necessidade de estar com a manutenção do veículo em dia, com checagem do sistema de iluminação, freios, suspensão e estado dos pneus. Além disso, é necessário estar consciente sobre o estado físico e psíquico na hora da condução. “Não dirigir com sono e sob efeito de substância etílica ou psicotrópica. No caso de pessoas com problemas arteriais, verificar como está a pressão antes de dirigir, principalmente quando for em longas distâncias. Pessoas portadoras de doenças como diabetes, que causa tonturas quando em estado de hipoglicemia, devem ter o cuidado para usar a medicação conforme recomendação médica. Também é preciso evitar assumir o volante com os ânimos alterados e procurar sair com tempo para evitar a necessidade de tirar atrasos no trânsito”, aconselha. 

O coordenador frisa, ainda, que os condutores dos demais veículos precisam ser responsáveis pela segurança daqueles de menor porte. “O condutor não pode levar por ofensa pessoal quando um mau motociclista o ultrapassa de maneira indevida e nem prevalecer-se do tamanho de seu veículo para ignorar os ciclos motorizados e obstruir a frente, porque os ciclos motorizados não oferecem as facilidades de manobra  que uma bicicleta à propulsão humana possibilita, o que poderá resultar em um acidente fatal. Também é aconselhável evitar manobras bruscas de troca de faixa ou redução de marcha quando estiver trafegando próximo ou sendo seguido por ciclos motorizados na via pública”, finaliza.