Bento tem o maior projeto social de judô do Estado

Cinco vezes campeão gaúcho, uma vez campeão brasileiro, vice sul-americano e sétimo colocado no Mundial da Alemanha, André Oliveira sempre sonhou em semear o judô em Bento Gonçalves e, em 2008, começou a dar aulas particulares para dois alunos. No ano seguinte, passou a ensinar a modalidade para 40 jovens do Pelotão Curumim e, em 2010, decidiu dar um grande passo ao fundar a Associação Physio Judô, primeira entidade dedicada exclusivamente à modalidade na cidade. Hoje, o sentimento de orgulho por ver o sonho realizado está escancarado no semblante do sargento do 6° Batalhão de Comunicações (6º Bcom). Aos 41 anos, Oliveira não apenas fomentou o esporte em Bento, como também virou referência no judô gaúcho ao gerir o maior projeto social do Estado, com 690 crianças e adolescentes espalhados em quatro núcleos. “Depois de uma pesquisa, onde contatamos todos os projetos do Estado, juntamente com a Federação Gaúcha de Judô (FGJ), confirmamos que Bento tem o maior projeto social de judô do Rio Grande do Sul”, salienta o professor.

O número de judocas no projeto “Lutando por um Mundo Melhor” vem aumentando ano a ano, mas o boom ocorreu em 2015, após Oliveira colocar em prática a ideia de levar à modalidade aos colégios. Atualmente, o judô é parte da grade curricular nas escolas General Amaro Bittencourt, no bairro Aparecida; e José Farina, no Licorsul. Os outros dois núcleos estão localizados na comunidade de São Pedro e no Ceacri Balão Mágico. Além de educacional, o projeto também tem foco voltado ao rendimento, e não chama a atenção apenas pela quantidade. A Physio já surpreendeu em algumas das principais competições do calendário nacional, com destaque para Janaíra Machado, campeã do Brasileiro Regional (disputado por atletas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo); Ingrid Vieira, vice-campeã no Brasileiro Regional e quinta colocada no Campeonato Brasileiro; e Luan Andrei Rodrigues, também quinto no Brasileiro. Em 2014, a Physio ratificou competência ao encerrar o Circuito Gaúcho em quinto lugar entre 44 entidades. O crescimento da equipe, tanto quantitativamente como qualitativamente, também rendeu reconhecimento do bicampeão mundial e deputado federal João Derly, que participará de uma confraternização com os pequenos judocas no “Festival João Derly”, agendado para este sábado, dia 13, a partir das 9h, no Ginásio Municipal.

Os quase 700 alunos do projeto são atendidos por cinco professores. Oliveira divide a tarefa com três oficineiros cedidos pela prefeitura e um professor voluntário. O município, por meio do Conselho Municipal de Esportes (CME), também aprovou à Physio neste ano repasse de R$ 28.200. A verba, segundo Oliveira, é direcionada à compra de quimonos e pagamentos de filiação e inscrição para a FGJ. Conforme o presidente da Physio, ainda não é suficiente para cumprir a agenda completa de etapas do Circuito Gaúcho, por isso há a necessidade de buscar apoio privado, bem como organizar eventos sociais no final do ano para a arrecadação de recursos.

O esforço permanente do sargento para manter o maior projeto social do Estado, no entanto, acaba compensado não apenas pelo reconhecimento de nomes como João Derly, mas principalmente por sentir-se parte da transformação no comportamento de centenas de crianças. “O judô é o esporte mais recomendado pela Unesco para a conduta e disciplina das crianças. Com o projeto social, a gente sente que está fazendo a nossa parte. Nos núcleos, na saída ou na entrada, eu não consigo andar, porque as crianças correm para me abraçar, e isso não tem dinheiro no mundo que pague”, conta o “pai do judô” em Bento, que após disseminar o esporte no município, passou a alimentar outros sonhos. Assim como acreditou ser possível ver centenas de pequenos bento-gonçalvenses vestidos de quimono, também confia que muitos deles, um dia, lutarão não apenas pela cidade e Estado, mas também pelo Brasil. “Eu trabalho sempre com metas, e a gente conseguiu alcançar um patamar muito bom. Mas eu sonho que um dia esses atletas, essas crianças que começam faixa branca, com seis ou sete anos, alcançem um nível nacional e até internacional. Eu vejo a condição de continuarmos evoluindo e chegarmos junto às grandes equipes, com atletas formados em Bento compondo a seleção brasileira de judô”, ambiciona. 

 

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