Se houvesse apostas para a final do Campeonato Gaúcho, a maior parte naturalmente confiaria suas fichas no Canoas. Afinal, é o time que tem o maior investimento da competição, o que tem os melhores jogadores e o único do Estado a disputar a elite nacional. O Bento Vôlei, não há como negar, está um passo atrás do oponente em todos esses fatores, mas isso não é um atestado de que não possa superá-lo. Apesar de todos os pesares, o clube também tem seus inerentes motivos para sonhar.
No dia 22 de outubro, o Bento recebeu o Caxias no jogo mais importante do campeonato até então. Se vencesse, garantiria vaga à final. Não foi a melhor atuação do time na competição. Por conta dos próprios erros ocasionados pela ansiedade, principalmente, ficou em desvantagem na maior parte dos dois primeiros sets. No primeiro, perdia por 21 a 18. No segundo, por 23 a 20. Em ambos, no entanto, se superou, deu a volta por cima, e virou.
A mudança de postura do time em quadra não ocorreu com um passe de mágica. Ela foi consequência de uma das características peculiares do vôlei em Bento: a torcida e o ambiente que se cria no ginásio. Nos piores momentos da equipe em quadra, o ginásio inflamou e a vibração do público foi como uma injeção de entusiasmo nos atletas. “Eu joguei em Minas e São Paulo e não vi uma torcida como a que eu estou vendo aqui. Os torcedores apóiam bastante o nosso time, e isso faz uma grande diferença dentro de quadra. É como se eles fossem mais um jogador, incentivando e dando todo apoio que a gente precisa nas horas mais difíceis”, relata o ponteiro Douglas Bertamoni.
Poucos clubes conquistaram tamanha simbiose com a comunidade. Se o Bento não tem o time mais caro, tem uma cidade que empurra a equipe a gritos. Se não tem o oposto cubano Angel Dennis ou o central campeão olímpico Gustavo Endres, tem jogadores que cresceram no clube e hoje estão realizando um sonho de infância ao defenderem a equipe adulta. Jogarão, por conseguinte, não apenas pela camisa, mas pela cidade.
Time por time, portanto, o Bento seria presa fácil para o Canoas, mas por todo o contexto, será um rival no mínimo esperançoso. Com ginásio cheio e o peso de uma camisa que revelou jogadores para a Seleção Brasileira e que por 11 anos esteve na Superliga, clube e cidade têm o direto de acreditar. Seja contra quem for.
O mais resistente
O Bento Vôlei foi o mais resistente dos adversários do Canoas na primeira fase do Campeonato Gaúcho. A diferença de 21 pontos para o time canoense somando os três sets da vitória sobre o Bento no segundo turno (25 a 21, 25 a 14 e 25 a 19) foi a menor entre os 12 triunfos do Canoas até aqui na competição. O escore poderia ter sido ainda mais brando não fosse a expulsão de Dentinho no final do terceiro set, o que acabou desestabilizando a equipe de Bento que até então encarava o adversário em condições de igualdade.
Decisão em Canoas
O primeiro duelo entre as equipes ocorre nesta terça-feira, dia 12, às 19h, no Ginásio Municipal de Bento Gonçalves. O segundo está agendado para a quinta-feira, dia 14, também às 19h, no ginásio da Unilasalle, em Canoas. Ambos os jogos terão transmissão do canal TVCOM. Caso cada uma das equipes vença uma partida, o campeão será conhecido em um jogo desempate, em Canoas, no dia 19.
Expectativa de casa cheia
A expectativa é de casa cheia para o duelo que abre o play-off final, nesta terça-feira, às 19h, no Ginásio Municipal de Bento Gonçalves. O recorde de público no campeonato, até o momento, é de 2.083 pessoas, justamente em um duelo entre Bento e Canoas no Ginásio Municipal.
Os ingressos custam R$ 5 e podem ser adquiridos no Ginásio Municipal (3451 6560), Bento Materiais de Escritório (rua Marques de Souza, 349, bairro São Francisco – 3453 7512), Corpore Academia (rua Florianópolis, 493, bairro Botafogo – 3451 5279), CNA (rua Olavo Bilac, 691, bairro Cidade Alta – 3452 1123) e Óticas Debianchi (rua Marechal Floriano, 290, Centro – 3055 4426).
Reportagem: João Paulo Mileski
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