Bolsonaro x Lula: país vai às urnas para decidir qual caminho seguirá

O segundo turno de uma das eleições mais importantes do país ocorre no próximo domingo, 30/10, e coloca em jogo o futuro dos mais de 210 milhões de brasileiros

Fotos: Palácio do Planalto e Ricardo Stuckert

Mais de 156 milhões de brasileiros estão aptos para votar no segundo turno das Eleições 2022. Para o cargo de presidente, dois candidatos antagônicos disputam, com promessas e acusações, o voto de cada eleitor, seja ele rico ou pobre, ateu ou religioso, independentemente de etnia ou ideologia. O atual presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sabem bem o que é ser presidente do Brasil, um país onde as desigualdades sociais são cada vez mais visíveis; onde o cuidado com as áreas da saúde e da educação recebem investimentos, mas ainda não suficientes; um país que a segurança pública e a luta contra a violência também não recebem a atenção devida. Enfim, Bolsonaro e Lula estão cientes do que uma reeleição ou uma volta ao poder significa.

No primeiro turno, Lula foi o líder ao final do pleito, recebendo 57,2 milhões de votos, somando 48,43%. Já Bolsonaro recebeu 51,07 milhões de votos, tendo 43,20%. Juntos, eles agregaram 108,3 milhões de eleitores. Isso mostra que mesmo com tantas outras opções, o país decidiu se rachar entre a ideia de um e o jeito de ser de outro.

Na caminhada do segundo turno, ambos foram agregando apoios, algo mais que necessário para aquele que deseja a vitória. Lula ganhou o PDT de Ciro Gomes, a ex-candidata Simone Tebet (MDB), a ex-ministra Marina Silva (Rede), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) além do apoio de famosos como Anitta, Caetano Veloso e Daniela Mercury. Do lado de Bolsonaro estão, principalmente, governadores reeleitos, como é o caso de Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, e Ibaneis Rocha (MDB), do Distrito Federal, além dos sertanejos Gusttavo Lima, Zezé de Camargo e Leonardo.

Para o cientista político e professor da Universidade de Caxias do Sul (UCS) João Ignácio Pires Lucas, Bolsonaro e Lula são parecidos nas formas que são vistos pelos eleitores. “Os dois candidatos têm, ao mesmo tempo, uma base sólida do eleitorado, mas eles também têm fortes rejeições”, afirma. Ainda segundo o professor, não há como apontar um candidato favorito. Numericamente, visto os dados do primeiro turno, Lula poderia ser considerado favorito, porém, Bolsonaro não pode ser desconsiderado, visto que é o atual presidente e que pode levar às urnas eleitores que não votaram no primeiro turno.

“A eleição presidencial está aberta, não há um resultado muito diferente, com uma primeira colocação com muita distância do segundo [colocado], não é o que acontece […] num país que tem os candidatos com muita rejeição e que [cada um] tem um cenário nacional consolidado de ponto de visto dos apoios, mas é uma eleição aberta, tudo pode acontecer”, pontua Lucas.

Confira quais são as principais propostas dos candidatos nos quesitos saúde, economia e educação. As informações são retiradas diretamente dos planos de governo dos candidatos: Bolsonaro – www.pelobemdobrasil22.com.br / Lula – www.lula.com.br

SAÚDE

O presidente Bolsonaro promete ampliar o acesso a serviços básicos de saúde, a partir do entendimento de que “a família é a base da sociedade”. Segundo ele, é preciso ter como foco a atenção primária em saúde. O plano cita os programas “Estratégia da Saúde da Família”, “Rede de Atenção Materna e Infantil” (RAMI) e o “Programa de Saúde Bucal” como exemplos que devem continuar. Entre as propostas do petista estão o fortalecimento do SUS, o aprimoramento da sua gestão e a valorização e formação de profissionais de saúde. Prevê também a retomada de políticas como o “Mais Médicos” e o “Farmácia Popular”, bem como a reconstrução e fomento ao Complexo Econômico e Industrial da Saúde.

EDUCAÇÃO

Bolsonaro quer a expansão do uso da tecnologia como uma das principais bases para melhorar a qualidade do ensino. Ao mesmo tempo, afirma que “terá a tarefa de incrementar ações que forneçam os fundamentos de importantes disciplinas como Matemática, Português, História, Geografia, Ciências de uma forma geral e outras, permitindo que os alunos possam exercer um pensamento crítico sem conotações ideológicas que apenas distorcem a percepção de mundo, em particular aos jovens”. Lula propõe uma retomada dos investimentos na educação básica até a superior, ampliando as bolsas de incentivo científico na graduação e pós-graduação, assim como a ampliação da lei de cotas para todos os níveis educacionais e para outras políticas públicas. Outra das principais metas para a educação é a mesma de seu governo anterior: combater o analfabetismo.

ECONOMIA

O plano de governo de Bolsonaro diz que a criação de empregos será uma das prioridades de um novo mandato e que isso será feito “de maneira independente dos interesses e preconceitos ideológicos”. O documento cita a liberdade econômica como mecanismo para promover o bem-estar social. O texto defende a privatização de estatais para promover a melhor administração pública. Consta também no plano de governo a realização de uma reforma tributária, com simplificação de impostos e correção de 31% na tabela do Imposto de Renda. No documento, Bolsonaro se compromete a manter o valor do Auxílio Brasil em R$ 600 em 2023 e a trabalhar pelo ingresso do Brasil na OCDE e em outras entidades internacionais de promoção do livre comércio.

Em seu plano, Lula defende a revogação da lei do teto de gastos e a discussão sobre a reforma trabalhista, revogando “os marcos regressivos da atual legislação”. Sobre a previdência, o petista propõe a superação das “medidas regressivas e o desmonte” promovidas na reforma de 2019. Lula fala em uma reforma tributária com a simplificação de tributos e modelo progressivo – reduzindo a tributação do consumo e aumentando os impostos pagos pelos mais ricos. Ele também sugere a retomada de investimentos governamentais em infraestrutura e a reindustrialização nacional. Também prevê que o governo estimule o investimento privado por meio de crédito, concessões, parcerias e garantias. Cita o fortalecimento da agropecuária, de setores e projetos inovadores e a economia criativa. Em relação às estatais, o projeto se opõe à privatização da Eletrobras e cita a “recuperação do papel da empresa como patrimônio do povo”. E propõe o fim da Política de Paridade Internacional de preços da Petrobras (PPI).