A integração entre o Corpo de Bombeiros e as equipes do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) tem qualificado o atendimento e reduzido o tempo de resposta em situações de emergência. Depois de certa resistência da comunidade em relação à forma de assistência do Samu – que segue padrões adotados em todo o país – a união de esforços começa a produzir bons resultados, na avaliação dos coordenadores dos dois órgãos. A relação entre eles, que também se estende a outros órgãos de segurança pública da cidade, como Brigada Militar, Polícia Civil e Polícia Rodoviária, beneficia diretamente a comunidade.
Bombeiros e Samu têm diferentes atribuições e políticas de atendimento, mas possuem em comum o objetivo de salvar vidas. Atuando há quase 60 anos no município, o Corpo de Bombeiros continua sendo o serviço que recebe atualmente o maior número de chamados. “Mesmo correndo o risco de ser um trote, deslocamos uma viatura sempre que solicitado. O que facilita esse processo é que a ligação cai direto no quartel, através do telefone 193. Uma equipe se encaminha para o local enquanto quem atendeu a ligação busca mais informações sobre o endereço ou ponto de referência e repassa via rádio”, destaca o comandante, capitão Sandro Carlos Gonçalves da Silva.
Já quando o Samu é acionado, através do telefone 192, a ligação cai na Central de Regulação em Porto Alegre, onde o comunicante é inicialmente atendido por técnicos e posteriormente por um médico regulador. O profissional analisa se há ou não necessidade de uma equipe ir até o local. Caso não seja necessário o deslocamento de uma equipe, o comunicante é orientado sobre qual a melhor conduta a ser adotada. “Não temos como ter uma Central de Regulação na cidade, pois a normativa que rege todo o trabalho realizado pelo Samu determina que as Centrais somente sejam instaladas em cidade com mais de 400 mil habitantes”, explica a coordenadora de enfermagem do Samu, Marcela Dachery.
O Samu de Bento encaminhou uma solicitação para que as chamadas sejam recebidas na Central em Caxias do Sul. “O processo ainda está em andamento. A decisão é tomada pela Central de Urgência e Emergência do Estado do Rio Grande do Sul”, detalha o coordenador médico, Rudinei Martins de Souza.
Integração na prática
Os Bombeiros têm como principal função a realização do atendimento pré-hospitalar, mantendo os sinais vitais das vítimas até que recebam assistência médica, e realizando a imobilização, para evitar o agravamento da lesão. Já o Samu tem qualificação para iniciar procedimentos médicos no local, antes do deslocamento ao hospital. “Um serviço complementa o trabalho do outro. Um exemplo foi a simulação realizada em setembro do ano passado. Na ocasião, os Bombeiros retiravam as vítimas do ônibus e as entregavam ao Samu que prestava o atendimento médico”, destaca o capitão.
Qualificação
Buscando qualificar o socorro, desde o ano passado funciona no município a chamada regulação inversa, que permite que equipes do Samu sejam acionadas diretamente pelos Bombeiros ou outros órgãos de segurança quando há necessidade, sobretudo em acidentes de trânsito com vítimas, evitando a espera na Central de Regulação de Porto Alegre. A ligação direta, no entanto, não está disponível para a comunidade em geral, que deve obedecer ao protocolo nacional de atendimento e acionar o socorro através do telefone 192.
Estrutura
O Corpo de Bombeiros conta com 25 soldados de carreira e 14 temporários. A frota tem três caminhões para combate a incêndios, duas viaturas para resgate e uma de autobusca e salvamento. A corporação adquiriu no início do ano o chassi para um novo caminhão de combate a incêndio, mas ainda aguarda parceria para realizar a montagem e adaptação da carroceria, o que deve custar cerca de R$ 200 mil.
O Samu conta com duas ambulâncias, uma básica (tripulada por um auxiliar de enfermagem e um socorrista) e uma avançada (com médico e enfermeiro). Hoje atuam no serviço nove condutores/socorristas, cinco enfermeiros, seis técnicos de enfermagem e seis médicos.
Quando acionar
Corpo de Bombeiros
*Incêndios;
*Prevenção;
*Busca e salvamento;
*Resgate (acidente de trânsito);
*Atividades de defesa civil (inundações, desabamentos ou catástrofes).
Samu
*Na ocorrência de problemas cardiorrespiratórios ou maus-tratos;
*Em casos de intoxicação, afogamento, choque elétrico, queimaduras graves;
*Em trabalhos de parto onde haja risco de morte da mãe ou do feto;
*Em casos de tentativas de suicídio e crises hipertensivas
*Quando houver acidentes/traumas com vítimas;
*Em acidentes com produtos perigosos;
*Na transferência inter-hospitalar de doentes com risco de morte.
Secretaria da Saúde (ambulância)
*Transporte de pacientes com limitação física e que fazem uso de oxigênio;
*Atendimentos eletivos ou não urgentes;
*Alcoolizados em via pública, que necessitem de atendimento médico;
*Alta hospitalar com indicação médica;
*Transferência inter-hospital (sem necessidade de acompanhamento médico).
Reportagem: Katiane Cardoso
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