O traçado da BR-470 e o grande número de acessos à rodovia são os principais motivos que impedem que novos padrões de velocidade sejam implantados no trecho entre Bento Gonçalves e Carlos Barbosa, onde a média permitida é de 60km/h. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que estudos estão sendo realizados para que possa ser viabilizado o aumento do limite de velocidade. Mas, para que isso aconteça, inevitavelmente, alguns trevos terão que ser desativados ou remodelados ao longo do trecho. Os entroncamentos que mais correm o risco de serem afetados com a mudança são os de entrada e saída dos bairros Pomarosa – próximo à empresa Geremia – e Santa Rita.
De acordo com o policial rodoviário federal Filipe Burger, chefe da Operação Vinhedos, o órgão fez um estudo de acidentalidade de todo o trecho da BR-470, com o objetivo de identificar os pontos críticos da rodovia, bem como os horários que registraram mais ocorrências. “Entre Bento Gonçalves e Carlos Barbosa, temos um trecho bastante complicado em termos de possibilidade de acidentes, em virtude da quantidade de acessos e do grande fluxo de veículos que circulam nessa área”, explica.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) iniciará um estudo para aumentar o limite de velocidade em estradas federais no Rio Grande do Sul. A previsão é que, já em 2016, algumas rodovias já estejam com a nova limitação. Burger concorda que, em muitos pontos, existe a necessidade de reavaliação da velocidade. “Na BR-470, para que isso ocorra, a gente vislumbra a necessidade de alterações do traçado da pista, principalmente, no que se refere aos acessos. A gente tem muitos trevos e isso impede que a velocidade máxima venha a ser mais elevada”, justifica. Como exemplo, o patrulheiro federal cita o trecho de seis quilômetros entre o Trevo da Telasul e a Pipa Pórtico, principal acesso de Bento Gonçalves. Somente neste curto espaço de estrada, existem oito entroncamentos para transposição da rodovia.
Dois limites
Ainda segundo Burger, é preciso levar em consideração a diferença de velocidade entre veículos leves e pesados. O policial afirma que não se pode generalizar, pois cada veículo tem suas necessidades, principalmente, na questão de tempo necessário para frear ou diminuir a velocidade. Indagado quanto à possibilidade de a rodovia comportar dois limites diferentes de velocidade, o chefe da operação afirmou que não é prática do Dnit utilizar desse recurso em rodovias onde a velocidade máxima seja inferior a 110km/h.
As reclamações de usuários que consideram muito baixa a velocidade limite entre 50km/h e 60km/h em vários trechos estão sendo avaliadas entre os órgãos de fiscalização federais. “Essas tratativas estão em início. A PRF está analisando a rodovia e utilizando de estatísticas, conhecendo in loco os trechos, a fim de identificar esses pontos que merecem uma atenção diferenciada”, alega.
Curvas
Há, entretanto, pontos da rodovia em que a permissão para acelerar mais não deve se tornar realidade. “Em trechos de serra, de curvas, fica inviável o aumento de limite de velocidade. A acidentalidade é muito grande nesses locais e o próprio traçado da pista impede que a velocidade seja elevada”, aponta Burger.
Abusos
Burger não acredita que a elevação da velocidade máxima na BR-470 acarretará em reflexos no aumento de abusos por parte de motoristas. “A gente entende que a velocidade da via tem que ser adequada à pista. Nós não consideramos essa expectativa de que o condutor vá subir a velocidade além do limite, tanto que, a partir do momento que a gente fizer uma alteração dessas, vamos ter também uma intensificação da fiscalização nesses trechos”, adianta.
Precariedade
Outra reclamação antiga e constante dos usuários da BR-470 é quanto à precariedade do asfalto. “A condição do pavimento realmente está em estado crítico. Já estamos em tratativas com o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), que ainda é responsável por parte do trecho, e com o Dnit, para a possibilidade de uma atuação emergencial em melhorias”, confirma.
Multas
O excesso de velocidade na BR-470 tem sido o campeão entre as infrações mais cometidas pelos condutores. Em 33 dias de atuação na rodovia, a PRF já flagrou 1.044 motoristas trafegando acima da velocidade no trecho. Apesar das reclamações, Burger afirma que não existe objetivo arrecadatório. “A fiscalização tem se voltado aos trechos de risco de acidentalidade. O objetivo da PRF é a redução de acidentes”, conclui o chefe da Operação Vinhedos.
Somente no último sábado, dia 23, a PRF flagrou 734 veículos em excesso de velocidade, no trecho que compreende a microrregião de Bento Gonçalves. O radar fotográfico foi utilizado em vários pontos da rodovia, em menos de três horas e meia. O maior excesso foi de 143km/h, em local onde o permitido é 60km/h. Segundo Burger, essas imagens gerarão multas que devem chegar à casa dos condutores dentro de 30 dias.
Reportagem: Jonathan Zanotto
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