Bruno Basso: a luta continua
A história do garoto que comoveu Bento Gonçalves durante a luta contra leucemia ainda não terminou. Passados cinco anos da descoberta da doença e um ano e nove meses do transplante de células-tronco que salvou sua vida, Bruno Basso, hoje com 19 anos, ainda tenta retomar a rotina. Nos planos, a volta às atividades que precisaram ser interrompidas devido ao tratamento, entre as quais o estudo. Mas a luta continua: o tratamento agressivo contra o câncer até hoje traz sequelas, uma delas as fortes dores que muitas vezes impedem até movimentos do corpo. Somado a isso, a negativa de pagamento de um auxílio-doença do INSS, aguardado desde que descobriu a doença, em 2007, gera angústia na família.
O transplante foi realizado com sucesso no dia 30 de agosto de 2010 e desde então Bruno realiza exames periódicos a fim de se certificar que está curado. O maior problema, agora, são os efeitos colaterais dos 22 comprimidos que ele precisa tomar por dia. “Durante o tratamento contra a leucemia, sofri de algumas doenças causadas pela minha fragilidade. Agora, devido ao uso dos corticoides, estou com problemas nos músculos das pernas e dos braços. Isso às vezes me impede até de caminhar”, conta.
O jovem está sendo submetido a diversos exames em Porto Alegre para descobrir o tratamento adequado para a atrofia nos músculos e desgaste dos ossos. “Apesar das dores, a vida está melhorando. Vivo o dia de hoje, o amanhã eu não sei. Posso afirmar que levo uma vida de superação”, descreve Bruno, que apesar da pouca idade, já aprendeu que a vida às vezes prega algumas peças e que o amor da família e a força da fé são fundamentais para superar todos os obstáculos.
Auxílio-doença
O jovem ainda luta para conseguir o auxílio-doença do INSS que deveria receber desde que descobriu a doença, há cinco anos. Mas o pedido foi negado. “Eu já tenho 19 anos e não quero depender somente do meu pai, que hoje é aposentado, para pagar meus exames e outras necessidades. É meu direito receber o auxílio-doença. Pretendo trabalhar, mas sinto dores terríveis. Mas tudo vai dar certo. O período mais crítico já passou e até meus pais agora estão mais aliviados e estão me liberando um pouco mais. Foram momentos difíceis que passei nesses últimos anos, mas fiz grandes amizades com pessoas que ficarão marcadas para sempre”, emociona-se. Entre os novos amigos, muitos sofrem da mesma doença que Bruno enfrentou e hoje se comunicam e trocam mensagens de força para continuar na busca pela recuperação.
Futuro
Inicialmente Bruno pretende terminar a escola e ainda não sabe qual curso irá cursar no Ensino Superior. “Queria cursar Engenharia Agrônoma, mas, devido ao uso de agrotóxicos, não posso exercer essa profissão. Quero agora me curar e conseguir um emprego para colaborar financeiramente com meu pai e pagar meus exames”, enfatiza.
A descoberta da doença
A descoberta que sofria de leucemia linfoblástica aguda tipo T, em 2007, quando ele tinha apenas 14 anos, causou um choque na família. “Um dia estava voltando da escola e me senti mal. Caí e meu nariz começou a sangrar, um colega me ajudou e consegui avisar meu pai. Fui para o hospital e no mesmo dia tive o diagnóstico. Meus familiares queriam esconder o que estava acontecendo, mas descobri no dia seguinte, através de um médico. Foi um grande choque, sempre fui muito ativo, estudava, jogava futsal, era voluntário. A partir do diagnóstico, passei a levar uma vida de restrições”, relembra Bruno.
Durante os três anos que se seguiram, ele se submeteu ao tratamento contra a doença, realizando sessões de quimioterapia, via cateter e oral e radioterapia, no crânio e na coluna vertebral. “Nesse período, a doença havia estabilizado e como estava respondendo bem ao tratamento, foi descartada a necessidade de fazer o transplante. No dia 9 de março de 2010, descobri que a doença havia retornado. Foi mais uma vez um choque”, conta.
Familiares e amigos de Bruno realizaram quatro campanhas para localizar doadores compatíveis de medula óssea. Na primeira ação, ainda no ano de 2007, dois doadores foram dados como compatíveis, mas, quando procurados, não foram mais encontrados, causando angústia a família. O alívio só veio quando foram localizados dois doadores compatíveis, um nos Estados Unidos e outro em São Paulo, em um banco de cordão umbilical.
Reportagem: Katiane Cardoso
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