Busca pela Casa de Passagem tem aumento de 30% na última semana

Bento Gonçalves nos últimos dias e, com ele, uma preocupação: como pessoas em situação de rua enfrentam estas noites geladas? Pode ser que muitos nem saibam, mas a cidade conta com a Casa de Passagem, um espaço destinado a estas pessoas e também àqueles que por algum motivo não têm onde dormir.


 

Localizado na rua Francisco Navarini, 136, no bairro Maria Goretti, o espaço oferece alimentação, banho e vestuário quando necessário.

Osmar da Fonseca, de 37 anos, que é natural de Machadinho – RS, é um dos hóspedes frequentes. Desempregado, ele teve conflitos familiares e acabou saindo de casa. Sem ter onde ficar foi na Casa de Passagem que encontrou abrigo enquanto espera uma oportunidade de trabalho e um novo lar. “Sempre trabalhei em produção e agora estou entregando vários currículos durante o dia para tentar um emprego. Aqui o pessoal me ajuda, sou sempre muito bem atendido e espero logo conseguir melhorar
minha situação”, comenta.


 

Somente no mês de junho, 50 pessoas passaram pela casa. A média diária subiu de 8 para 15 nas duas últimas semanas. Embora a capacidade de atendimento seja de até 25 pessoas, por conta da pandemia o espaço tem recebido no máximo 15.

No local, existem várias regras: não é permitido ingerir bebidas alcoólicas, muito menos drogas e nem chegar embriagado ou sob efeito de entorpecentes. A casa abre pontualmente às 19h. Os acolhidos passam por uma triagem, na qual são revistados e têm pertences guardados em um armário. Eles são obrigados a tomar banho. O espaço também oferece máquina de lavar e produtos para que eles façam a higienização de suas peças.


 

Após a triagem, eles são direcionados para a casa, onde recebem um lanche de janta e podem assistir televisão e interagir até às 22h. Após isso, são encaminhados para os quartos. O despertar é às 6h e, em seguida, é servido um café da manhã. A casa fecha às 7h.

Além de acolhimento, também é realizado um trabalho de inserção destas pessoas nas políticas públicas do município, para que haja uma reinserção à sociedade e a reconquista de direitos básicos. De acordo com o secretário-adjunto da Assistência Social de Bento Gonçalves, Wagner Dalla Valle, todos os ingressos na casa são encaminhados para o Centro de Referência da Assistência Social (Cras) e identificados. “A gente busca saber o porquê eles estão ali e, de acordo com a necessidade, recebem a autorização para pernoitar sete dias ou até mais se necessário. Também encaminhamos para a avaliação psicossocial do Serviço Especializado em Abordagem Social (SEAS), buscando que eles restabeleçam vínculos com seus familiares, também fornecemos passagens para retorno a suas casas e, quando necessário, também auxiliamos na busca de empregos”, explica.


 

O secretário de assistência social Eduardo Virissimo orienta que a comunidade, caso se sentir confortável, pode direcionar essas pessoas para a Casa de Passagem. “Sabemos que algumas pessoas que chegam em nossa cidade não têm acesso à informação ou não sabem que existe esse espaço. Quem puder contribuir as informando ou ainda auxiliando com doações, a assistência social está com as portas abertas”, finaliza.

Fotos: Raquel Konrad