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Cães auxiliam trabalho de servidores da Polícia Penal do Rio Grande do Sul

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Animais aprimoram trabalho dos agentes e garantem mais segurança às equipes

Fotos: Jurgen Mayrhofer/Ascom SSPS

Firmeza, olfato apurado e boa socialização são alguns dos atributos que um cão deve ter para atuar no sistema prisional do Rio Grande do Sul. Logan e Mohoc, ambos do Canil da 9ª Delegacia Penitenciária Regional (DPR), são bons exemplos de animais que possuem todos os requisitos necessários. Para além disso, um treinamento constante é realizado para formar um cachorro que seja capaz de auxiliar servidores da Polícia Penal em operações e na rotina dos estabelecimentos prisionais.

As funções que os cães podem exercer são diversas e têm como objetivo aprimorar o serviço prestado no ambiente prisional e possibilitar mais segurança às equipes. Eles podem atuar na vigilância preventiva, na frustração das tentativas de fuga, em ações para evitar a subversão da ordem e da disciplina, em procedimentos de revista e em escoltas de presos.

O coordenador do Canil da 9ª DPR e responsável técnico pelo Grupo de Operações com Cães (GOC) da Polícia Penal, Anderson Cardoso, afirma que os cães são importantes aliados para oferecer maior proteção aos servidores. “Quando há um cão junto, o ímpeto dos presos de reagir diminui. O cachorro tem um poder de persuasão psicológica muito grande. Isso inibe o comportamento do apenado”, garante.

Localizado na Penitenciária Estadual de Arroio dos Ratos, o Canil da 9ª DPR, que é referência no sistema prisional do Estado, existe desde 2019. Inicialmente, era um canil setorial, que atendia às necessidades da unidade e, em 2021, passou a ser regional, ampliando a área de atuação. No local, 16 cães são supervisionados por Cardoso e Hugo Gomes, agentes com habilitação em cinotecnia, área que engloba conhecimentos e técnicas relacionados a emprego, manejo, treinamento, estudo de comportamento e seleção genética do cão.

Trabalho aprimorado

As atividades de faro e intervenção estão entre as funções desempenhadas. O cão de faro é empregado para detectar um possível ingresso de materiais ilícitos ou não permitidos nas unidades. Além disso, o animal facilita os procedimentos de revista em celas, por identificar pontualmente o local em que está algum material proibido.

A partir do odor das substâncias usadas na fabricação de itens ilícitos, os cães são treinados a identificar a presença deles em qualquer ambiente, de forma ágil e precisa. Eles também podem ser utilizados para busca em caso de fuga por meio do cheiro específico do fugitivo, que pode ser extraído de uma peça de roupa, auxiliando no processo de captura. Além disso, há cães que trabalham nas redes externas, localizadas no entorno dos prédios das unidades, com o intuito de impedir tentativas de fuga.

Na parte de intervenção, os animais suplementam a segurança dos estabelecimentos prisionais e dos agentes penitenciários. Em operações, eles servem como apoio para inibir tentativas de subversão por parte dos apenados. Os cães possuem treinamento para latir, quando demandados, e para atacar, caso necessário.

Em 2023, o Canil da 9ª DPR participou de 48 operações, e o uso dos cachorros tem se mostrado eficiente. “De quase dez mil presos revistados no último ano, nenhum tentou reagir. Nunca tivemos ocorrência na qual o cão teve de atacar nessa situação”, afirma Cardoso.

Instituído no último ano, o GOC ainda está em processo de estruturação e será formado pelos canis regionais, que atendem às regiões penitenciárias e prestam apoio operacional aos grupos táticos da instituição e a outros órgãos de segurança; e pelos canis setoriais, que atuam nas unidades prisionais nas quais estão sediados. Atualmente, há canis regionais nas 2ª, 7ª, 8ª e 9ª DPRs e canis setoriais em diferentes estabelecimentos. No total, 288 cachorros trabalham em todo o sistema.

Desenvolvimento de cães policiais

Os cães ingressam no sistema prisional, em média, com até um ano e meio de idade. Geralmente, são adquiridos pelos servidores ou doados por canis privados. O período de treinamento para começar a trabalhar varia. Alguns precisam de mais tempo e outros de menos, algo que pode levar cerca de três a seis meses. Nessa etapa, eles passam por testes para verificar se estão aptos ao trabalho prisional. No momento, no Canil da 9ª DPR, Cassius, um pastor belga malinois de um ano e nove meses, está em treinamento.

Cardoso explica que, em operações, ocorrem diversos barulhos, o espaço é escuro, há odores diferentes e pessoas falam alto. Nesse cenário, os cães precisam ter a capacidade de absorver tudo e continuar agindo normalmente.

Há casos em que os animais não se adaptam ao serviço. Isso pode acontecer em função da personalidade do cão, chamada de cinolidade – alguns são muito inseguros e não conseguem desempenhar suas atribuições. Quando é constatada a inaptidão, seja por incompatibilidade comportamental, doença irreversível ou fatores que impliquem no desempenho abaixo do padrão esperado para a atividade prisional, eles são adotados por servidores da instituição.

Os treinamentos, que devem ser realizados por agentes com habilitação em cinotecnia, são constantes e buscam aprimorar cada vez mais os serviços prestados. Além disso, o bem-estar dos animais também é prioridade. Diariamente, as condições de saúde dos cães são observadas, e, quando é necessário, eles são encaminhados para atendimento veterinário. Os cachorros recebem ração, vacinas e vermífugos, além de fazerem exames anuais de rotina.

Quando um cão atinge oito anos de trabalho ou dez anos de idade, ele é aposentado. Na aposentadoria, pode permanecer com quem o conduziu por mais tempo. Se a pessoa não puder ficar com ele, é doado a outro servidor do canil no qual trabalhou ou da Polícia Penal como um todo.

Formação de binômio e fortalecimento dos vínculos

Em canis de instituições de segurança, é comum ocorrer a formação de uma dupla formada por um cão e seu condutor, chamada de binômio. A formação da parceria ocorre desde a chegada do animal ao serviço e compreende o adestramento, a rotina diária e a participação em operações, cursos e campeonatos, por exemplo. Devido à proximidade com o cão, o cinotécnico consegue conhecê-lo melhor e aplicar as técnicas necessárias para conduzi-lo de uma forma adaptada ao seu perfil.

Logan, um pastor alemão de três anos e meio, é o parceiro de Cardoso, e Mohoc, um pastor holandês de cinco anos, é o de Hugo. Como eles trabalham a maior parte do tempo juntos, o fortalecimento dos vínculos é fundamental para aperfeiçoar o treinamento e aumentar o companheirismo e a confiança em serviço.

“Para performar em escala maior e por mais tempo, o cão tem de treinar, descansar e ter uma qualidade de vida boa. É necessário fazer um manejo correto e proporcionar um ambiente bom pra morar”, comenta Hugo, que está com Mohoc há cerca de um ano e permanece com ele fora do ambiente prisional.

Logan está com Cardoso desde os 60 dias de vida. A parceria entre os dois também não se limita ao trabalho. Quando acaba o expediente, o cachorro segue para casa com ele. “O cão precisa passear e ter essa vida livre, não é só trabalho. Há momentos em que é preciso deixar o cachorro ser cachorro. Quando colocamos eles na responsabilidade do trabalho, com a coleira e a guia, eles veem a nossa farda e sabem que é hora de trabalhar. Eles conseguem separar os momentos”, complementa Cardoso.

Além dos treinamentos e das operações, Logan e Mohoc colecionam certificações importantes na área – como a Begleithund, que avalia o nível de socialização e obediência dos animais – e participações em eventos – como o K9 Olympics da América do Sul, que afere a qualidade e a aptidão dos condutores e seus cães no desempenho de atividades policiais.

As tarefas realizadas em conjunto reforçam que os cachorros não são apenas parte do trabalho, mas companheiros de vida dos servidores da Polícia Penal do Rio Grande do Sul.

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