Calor e umidade aumentam as chances de acidentes com o escorpião-amarelo
O animal tem potencial para envenenamento grave através de sua picada e tem fácil disseminação no meio urbano
![Calor e umidade aumentam as chances de acidentes com o escorpião-amarelo](https://serranossa.com.br/wp-content/uploads/2025/02/escorpiao.jpeg)
A presença do escorpião-amarelo (Tityus serrulatus) é motivo de preocupação em saúde pública no Rio Grande do Sul. O animal tem potencial para envenenamento grave através de sua picada e tem fácil disseminação no meio urbano devido à sua adaptabilidade e reprodução em locais como encanamentos de esgoto, ralos, entulhos e frestas de paredes. De 2013 a 2024, esses animais foram localizados em até 37 municípios, sendo que em 17 foram registrados acidentes em humanos.
As notificações de ocorrência de escorpiões devem ser feitas pela população às secretarias municipais de saúde. A amostra é enviada para identificação taxonômica e o município, após receber o resultado laboratorial, realiza as medidas de vigilância e controle. A identificação das espécies peçonhentas é realizada pelo Centro de Informação Toxicológica do Rio Grande do Sul (CIT) e por laboratórios municipais e regionais do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-RS). Após a confirmação da presença do escorpião-amarelo, são desencadeadas ações de vigilância ambiental na área suspeita de estar infestada.
O atendimento do acidente pela picada geralmente é encaminhado a hospitais com a disponibilização de soro pela vigilância epidemiológica da Secretaria da Saúde (SES). O plantão de emergência do CIT/RS, disponível 24 horas pelo telefone 0800-721-3000, registra acidentes pelas picadas dos peçonhentos e orienta o uso de soros.
O escorpião não ataca, apenas se defende. Ferroa apenas quando é molestado, para se defender, ou seja, quando alguém coloca a mão ou se encosta nele intencionalmente ou sem perceber.
Cuidados
– Examinar roupas (inclusive as de cama), calçados, toalhas de banho e de rosto, panos de chão e tapetes, antes do usar;
– Usar luvas de raspa de couro ou similar e calçados fechados durante o manuseio de materiais de construção, transporte de lenha, madeira e pedras em geral;
– Manter berços e camas afastados, no mínimo 10 cm, das paredes e evitar que mosquiteiros e roupas de cama esbarrem no chão;
– Tomar cuidado especial ao encostar-se a locais escuros e úmidos e com presença de baratas.
– Em caso de acidente, entre em contato com o Centro de Informações Toxicológicas (CIT) do Rio Grande do Sul. Telefone: 0800- 721-3000.
Controle
Para controle do escorpião-amarelo, são importantes as atividades de limpeza de terrenos baldios, quintais e jardins, retirando o acúmulo de entulhos, folhas secas e acondicionando o lixo em sacos plásticos. Os escorpiões alimentam-se, principalmente, de baratas, procurando abrigos infestados por esses insetos. Assim, o controle de baratas deve compor as medidas de manejo ambiental.
A restrição do acesso à água mostra-se como o elemento decisivo para a sua sobrevivência. Mesmo em situações de falta de alimento, se houver acesso à água da chuva ou gotejamento de canos, eles podem permanecer escondidos, à espreita de presas, por períodos que podem passar de 12 meses. Ainda, a restrição de alimento não interfere no tamanho ou peso de ninhada do escorpião-amarelo, que mantém boa capacidade reprodutiva por mais de meio ano mesmo sem alimentação.
Preservar os predadores naturais dos escorpiões também é uma forma de controlar a população do aracnídeo, especialmente aves de hábitos noturnos (como corujas e joão-bobo), pequenos macacos, quati, lagartos, sapos, gansos e gambás.
Não é recomendado o uso de inseticidas para controle de escorpiões. O produto químico exerce uma ação irritante podendo causar acidentes pelo desalojamento dos peçonhentos.
A Divisão de Vigilância Ambiental do Centro Estadual de Vigilância (Cevs) orienta que a captura mecânica de escorpião-amarelo deve ser realizada por profissional habilitado.