Calor pede mais atenção a animais peçonhentos

Elas podem estar sempre presentes, mas é com o aumento das temperaturas que saem de suas tocas. Nos meses de primavera e verão, de outubro a março, as temidas aranhas são vistas com mais frequência ao ar livre na Serra Gaúcha, o que acaba impactando diretamente nos números de acidentes causados, não só por elas, mas por animais peçonhentos em geral. 

De acordo com dados divulgados pelo Serviço de Vigilância Epidemiológica da secretaria municipal da Saúde, em 2014, foram registrados 546 casos de intoxicações por veneno de animais, principalmente aracnídeos, abelhas, taturanas e serpentes. Historicamente, o número corresponde a 22,9% dos casos notificados de intoxicações humanas no município, atrás apenas das causadas por álcool etílico.

O coordenador da vigilância epidemiológica, José Rosa, enumera diversos fatores para o aumento de acidentes do tipo nesta época do ano. O calor é favorável às atividades dos bichos, com maior oferta de alimentos na natureza e polinização das flores. A primavera também é o momento de maior contato do homem com a natureza, em pomares, por exemplo, além de permitir o uso de roupas que deixam mais partes do corpo à mostra. 

Os aracnídeos, principalmente das espécies Aranha-Marrom e Armadeira, são os maiores causadores de acidentes entre os animais peçonhentos na região, aparecendo em 39,3% dos casos. “As aranhas são animais cosmopolitas, que já estão adaptados ao convívio com os seres humanos, inclusive no inverno. Por isso, mesmo morando longe do mato e com a casa devidamente higienizada, elas podem aparecer”, destaca José. Como forma de evitar ataques, ele recomenda que sempre se sacuda as roupas ao tirá-las do armário, antes de vesti-las, e que se verifique também os calçados. 

As atividades ao ar livre, como jardinagem e trabalho na agricultura, são as que mais demandam cuidados. Para prevenir picadas de abelhas e serpentes, deve-se verificar a área previamente, inclusive na copa de árvores e dentro de buracos, antes de fazer qualquer contato manual. Nestas atividades, é indispensável o uso de luvas e botas, também indicado para a manipulação de folhas secas, lenha e montes de lixo, poda de árvores ou colheita de frutas. Conforme as estatísticas locais, em pelo menos 80% dos casos de ataques de serpentes, o risco de se ferir poderia ser evitado com o uso de equipamentos como botas de cano alto ou perneiras de couro.

Em caso de ataque de animal peçonhento, é indicado que este seja capturado, para que se saiba qual deve ser o atendimento de urgência apropriado. “Se isso não for possível ou a pessoa tiver medo, uma ideia é tirar uma foto, para que possamos identificar o bicho”, sugere José. A maioria dos casos, segundo ele, é de tratamento sintomático, apenas para a dor. Porém, pode haver a necessidade de aplicação de soro, conforme avaliação médica. Medidas caseiras para aliviar os sintomas não são recomendadas, uma vez que podem agravar o quadro. 

Casos de morte na cidade

Em Bento Gonçalves, conforme a Vigilância Epidemiológica, somente abelhas já chegaram a causar óbito por picadas em pessoas alérgicas. A última morte causada pelo inseto no município foi registrada em 2013. Caso um enxame tome um local fechado, deve-se acionar o Corpo de Bombeiros para eliminar os insetos. 

Ainda de acordo com o levantamento, o número de acidentes tem se mantido estável nos últimos anos. O coordenador da Epidemiologia atribui o dado à apropriação humana de áreas antes inabitadas, como novos loteamentos, e à expansão de lavouras. “As mariposas, por exemplo, buscam a luz de lâmpadas e, às vezes, colocam ali seus ovos, que darão origem a taturanas”, elenca.

Além disso, cada ano tem características climáticas que interferem na população animal. A atual primavera marcada pelas chuvas, por exemplo, deve restringir um pouco suas atividades.

Dicas de prevenção

– Limpe áreas internas e externas de sua residência, dentro e atrás de móveis, e evite o acúmulo de lixo e entulhos, que podem servir de abrigo para pequenos animais.

– Vede frestas e ralos, para prevenir a entrada de aranhas.

– Evite que lençóis toquem o chão.

– Não extermine os bichos por conta própria; contate o Corpo de Bombeiros ou dedetização, em caso de infestação.

Reportagem: Priscila Pilletti


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