O Esportivo viveu em 2014 um dos anos mais turbulentos da sua quase centenária história, onde esteve mais exposto do que nunca com o caso de injúrias raciais proferidas ao ex-árbitro Márcio Chagas da Silva. Por sorte, o acontecimento não teve reflexos dentro das quatro linhas, já que uma reviravolta na justiça desportiva acabou não substraindo os pontos conquistados pela equipe no Gauchão. Mas não bastou sorte, também era preciso competência para formar um time que ao menos conseguisse se manter na elite, o que não aconteceu. Apostas em parcerias e jogadores desconhecidos e sem familiaridade com o cenário local custaram caro e, apenas dois anos após o retorno à elite, o alvizul está de volta à penumbra da Segundona. Agora, mais uma vez, o clube terá que resgatar uma das características que o acompanhou em boa parte dos seus 95 anos: a capacidade de dar a volta por cima.
O Esportivo é um dos clubes mais respeitados do futebol gaúcho não apenas pela história que construiu na primeira divisão – por oito vezes esteve entre os quatro melhores do Estado –, mas também pela reação nos momentos de declínio. Em 1980, sofreu o primeiro grande baque da sua história dentro das quatro linhas. Após 10 anos consecutivos na elite, acabou rebaixado pela primeira vez à segunda divisão. A recuperação, contudo, foi instantânea. Já em 1981 assegurou a volta entre os grandes. Nos anos 90, viveu altos e baixos – o regulamento da época permitia disputar a segunda divisão no mesmo ano do rebaixamento e já retornar à elite no ano seguinte –, mas conseguiu emendar 29 participações consecutivas no primeiro escalão, algumas concliando com a segunda divisão na mesma temporada, até sofrer outro tombo em 2010, sendo rebaixado após uma série de medidas equivocadas do departamento de futebol. Mas o renascimento novamente foi rápido: dois anos depois, o alviazul estava outra vez no convívio entre os grandes.
O final de um novo ciclo no primeiro patamar já é conhecido e a esperança dos torcedores, agora, é que a história deste novo momento de descenso seja tão breve quanto às anteriores.
Além da trajetória que destaca a capacidade de superar rapidamente os obstáculos da segunda divisão, o que abastace a esperança da cidade, no entanto, não são muitos os motivos para acreditar na volta imediata à elite. Com folha que beira os R$ 60 mil, o elenco é bastante modesto, sem estrelas e com poucos jogadores tarimbados nas agruras do escalão intermediário do futebol gaúcho. Outro fator pouco animador é o regulamento do torneio. Enquanto nos últimos anos foram destinadas três vagas ao acscenso, neste ano apenas o campeão assegurará a classificação. Por outro lado, assim como a história não ganha jogo, a formaçào de um grande time também não é certeza de consagração. O próprio Esportivo já provou isso em 2012. Comandado por um treinador que até então vinha de trabalhos pouco convincentes no interior e recheado de apostas, com jogadores desconhecidos e outros conhecidos demais, mas já em momento descendente na carreira, o alviazul fez uma das campanhas mais brilhantes da sua história, conquistou o título da Segundona com aproveitamento de 64,8% e levantou o primeiro troféu dentro do Parque Esportivo Montanha dos Vinhedos.
Agora, cabe a Rodrigo Carpegiani, Rafael Xavier, Baggio, Thiago Bispo e companhia outra vez contrariar os prognósticos, como fizeram Rafael Bittencourt, Cassiano, Ediglê, Matheus Santana e outros que marcaram época com Winck. Por enquanto, ainda é tarefa difícil acreditar no título, mas se olharem para trás, torcedores e jogadores do alviazul têm bons exemplos para não perder nunca as esperanças.
Ingressos
R$ 20 é o valor dos ingressos de arquibancada para a estreia do alviazul na Divisão de Acesso. Torcedores com a camisa do clube pagarão R$ 10, assim como pessoas com 60 anos ou mais e estudantes. Crianças de até 12 anos terão entrada franca. Para as cadeiras, o valor único é R$ 30.
Divisão de Acesso – 1ª rodada
Sábado, dia 28
Glória x Santo Ângelo – 19h
Nova Prata x São Luiz – 19h30
Domingo, dia 1º
Esportivo x Panambi – 16h
Tupi x Brasil-Far – 16h
Inter-SM x Riograndense – 16h
São Gabriel x Rio Grande – 16h
Quarta-feira, dia 4
Pelotas x Guarani-VA – 20h30
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Reportagem: João Paulo Mileski
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