Campanha propõe reformas no vôlei nacional

O Brasil tem o melhor voleibol do mundo, mas ainda não conseguiu criar um modelo de calendário sustentável aos clubes. Preocupados com a saída de alguns patrocinadores, o que ameaça o futuro das equipes, jogadores iniciaram um debate que deve marcar o início de uma transformação, para melhor, no voleibol nacional. 

Os clubes brasileiros vivem exclusivamente de patrocínios e são dependentes deles para manterem-se em atividade. Muitos acabaram vitimados por esse contexto. Quando a empresa apoiadora desiste do projeto, o clube fica órfão e tem que fechar as portas, caso do Bento Vôlei, que não conseguiu alavancar os recursos na mesma proporção que outras equipes e acabou optando por não dar continuidade ao trabalho. 

A consequência dessa constante renovação de clubes é a falta de identidade do público brasileiro com as equipes locais. E foi justamente pensando em uma forma de dar sustentabilidade aos clubes que cerca de 250 atletas estão incumbidos na campanha “Unidos pelo voleibol. Por uma Superliga melhor”. 

Eles criaram um grupo de e-mail e constantemente trocam informações e ideias do que poderia ser feito para mudar o cenário atual. Um dos atletas que aderiu à campanha é o bento-gonçalvense Rafael Fantin, o Dentinho. Segundo ele, a união dos jogadores já tem provocado consequências. “Alguns líderes do voleibol nacional se mobilizaram e, aos poucos, o grupo foi agregando mais atletas. Isso já está tendo alguns efeitos, os jogadores estão sendo chamados para reuniões das quais até então só participavam os clubes”, afirma. 

Outro efeito dessa mobilização foi a criação da Supercopa, campeonato que iniciou neste mês com participação de equipes de todas as regiões do país e segue até junho, amenizando o período de inatividade do voleibol nacional.  

Os atletas, no entanto, querem mais. Entre as medidas propostas, está o aumento do período de disputa da Superliga de quatro para sete meses, a realização de um Jogo das Estrelas, repasse das cotas de televisão para os clubes e não somente para a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), além do aumento do espaço de exposição dos patrocinadores nas placas de publicidade.

A CVB já sinalizou o desejo de algumas alterações no calendário nacional, mas, tudo indica, elas deverão ser pontuais, de forma gradativa. Ainda assim, já podem significar um lapso de esperança às equipes vitimadas pela realidade atual, entre elas, o Bento Vôlei. “Se você tiver um campeonato mais longo, com mais visibilidade, vai ficar mais fácil buscar patrocinadores e mantê-los. Isso pode facilitar a continuidade dos clubes, além de motivar a volta de outras equipes”, afirma Dentinho. 

O jogador disputou a última Superliga pelo Canoas e atualmente está assessorando o projeto do Bento Vôlei que visa à volta às competições adultas. Dentinho é um dos principais incentivadores e apoiadores à retomada do voleibol na cidade e, anualmente, quando volta a Bento para as férias, compõe o grupo de trabalho que busca alternativas para o clube. O processo tem sido lento, mas ele garante que houve avanços significativos. “Estamos nos organizando, conversando bastante, unindo forças. Não queremos criar expectativas, mas acreditamos que em um futuro breve teremos boas notícias”, conta.

Aos 35 anos, o bento-gonçalvense com passagem por alguns dos principais clubes do país e pelo voleibol italiano ainda não decidiu o que fará na próxima temporada. Mesmo querendo evitar expectativas que correm o risco de serem frustradas, o jogador não descartou a possibilidade de vestir a camisa do clube que o revelou. “Tudo é possível, quem sabe. Hoje estou tranquilo, aproveitando minhas férias e decidindo minha vida. Vamos ver como as coisas vão acontecer antes de tomar uma decisão”, conclui.

Reportagem: João Paulo Mileski


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