“Canhota”!

E mais uma vez a última semana foi agitada, repleta de notícias que chocam a comunidade em geral. Aliás, o clamor social tem sido, desde sempre, o pior juiz que pode existir. Ele é implacável!

Digo isso já preparado para sofrer pelos julgamentos que advirão de parte desse texto. Afinal, tenho sido taxado de “canhota” por pessoas bem próximas a mim, que estão dizendo que tenho me filiado às correntes de esquerda, como se o que vemos no sistema atual fosse mesmo a esquerda, aquela esquerda lecionada pela ciência política em sua essência… Não! Sabemos que não! Aqueles que me taxam de “canhota” também sabem que não! 

Quem acompanha esta coluna deve lembrar que escrevi, poucos dias atrás, sobre julgamentos. E o fiz por ter sido julgado em uma delas pelas minhas opiniões que, para alguns, também foram tidas como da “canhota”. Gente que nem sequer me conhece disse com todas as letras que sou “canhota”. 

Pois bem, dentre os fatos chocantes da última semana, que vão desde um jovem que acabou morto em uma perseguição policial, ao que parece, fugindo de uma blitz (fato esse, aliás, que é incontroverso, tendo sido, inclusive, relatado o motivo pelo qual ele teria tentado fugir da abordagem, qual seja, não possuir carteira de habilitação), passando por um ataque a um agente penitenciário para a fuga de um preso que estava em uma unidade de atendimento médico, à noite, até uma pessoa encontrada viva em um porta-malas de um veículo que se envolveu em um acidente.

Ora, o que se sabe, sem sombra de dúvida, é que cada uma dessas pessoas fez o que fez em nome de uma vontade, uma necessidade, um medo, um sentimento. E é aqui que eu tenho certeza que mais uma vez serei taxado de “canhota”…  

Certo ou errado, a verdade é que todos eles buscavam a mesma coisa: LIBERDADE! Com certeza, aquela pessoa no porta-malas do veículo também queria liberdade. Afinal, ninguém estaria lá, creio eu, por vontade própria. A menos que a sua libertação necessária fosse de alguma moléstia mental. Mas e quem sou eu para julgar quem está certo nessa hora?

Posso elevar isso aos meus conceitos de certo e erado e interpretar conforme eles. Julgar, nunca! Eu não estava lá! Eu não estou na pele deles. Eu não calcei os seus sapatos… 

“Canhota” ou não “canhota”, trata-se de um claro exercício de altruísmo. Afinal, quem sou eu para dizer o que é certo ou errado? Quem é, realmente, o bandido? Não será, para mim, o bandido aquele que comete crimes diferentes dos meus? E porque seus crimes são diferentes dos meus? Não serei eu o errado? Ou qual seria a minha parcela de culpa pelo seu erro? Hoje eu reconheço a maior parcela das minhas culpas pelos meus erros. Mas e o outro? Será que tem esse discernimento? Será que ele tem que ter esse discernimento? Quem sou eu para achar o que ele tem ou não tem que ter? Por certo, ninguém!

Se isso é ser “canhota”, meus caros leitores, perdoem-me? Eu tenho os dois lados esquerdos…

Até a próxima!
 

Apoio: