Carlitos “sofre” ao ver o Uruguai em mais uma Copa

Iniciou no dia 18 de setembro e prossegue até o próximo dia 31, na Inglaterra e no País de Gales, a Copa do Mundo de Rugby, que acontece a cada quatro anos e é considerada o terceiro maior evento esportivo, atrás apenas das Olimpíadas e Copa do Mundo de Futebol. Enquanto o Brasil persegue classificação inédita, o vizinho Uruguai está em sua terceira experiência no suprassumo da modalidade. Entre os poucos jogadores que representaram a camisa celeste em um Mundial, está um personagem conhecido dos bento-gonçalvenses, que hoje “sofre” ao rever o país entre os grandes do planeta.

“Sofro até demais, acredito. No primeiro jogo (derrota por 52 a 9 para o País de Gales), eu estava com a minha mulher e filha, e praticamente tive que ir para o quarto, porque estava intratável. Sou torcedor mais do que nunca e sofro como louco, mas muito feliz com o que está acontecendo. Acho que é um sofrimento bom, de orgulho e prazer por assistir o meu país disputando um Mundial”, revela Carlos Andrés Baldassari, o Carlitos, responsável direto pela ascensão do Farrapos no cenário nacional e atualmente técnico de backs da equipe de Bento. Ele não se contém e, além de assistir, também procura interagir, através de mensagens, com ex-companheiros de seleção e clube que hoje compõem a delegação dos Teros, como é chamada a seleção uruguaia. “Tenho muitos amigos que estão lá, jogando ou formando parte da comissão técnica, há essa linha direta, praticamente. Apesar de estar longe, estou vivendo muito de perto esse Mundial”, conta.

Carlitos sente-se mais do que um torcedor não apenas pela amizade com os uruguaios que estão representando o país na Europa, mas também pela história que construiu nos Teros. Ele não só vestiu a camisa celeste no Mundial de 2003, na Austrália, como ainda é um dos poucos uruguaios que conseguiram conduzir o país a uma vitória em Copas do Mundo. Carlitos esteve em campo nos 80 minutos em um dos dois únicos triunfos dos Teros na competição, diante da Geórgia, por 24 a 12 – o outro foi em 1999, contra a Espanha. A vitória foi ainda mais valorizada pelas circunstâncias, levando em conta o favoritismo do rival. As casas de apostas, por exemplo, chegavam a pagar 12 por um para triunfo do Uruguai. Hoje, 12 anos depois, um dos momentos daquela noite de 28 de outubro de 2003 que não sai da cabeça de Carlitos é a sinergia entre uruguaios, dentro e fora de campo. “O que foi muito forte no meu Mundial é que na Austrália há uma colônia muito grande de uruguaios, que na época da ditadura se mudaram para lá. Parece incrível, porque estávamos muito distantes do Uruguai, mas quando jogamos contra a Geórgia e começou o hino, eu sentia que as pessoas cantavam nas arquibancadas. No primeiro tempo, uma bola saiu para fora do campo e, quando eu fui buscar, um torcedor falou: ‘Vamos, vamos seguir, lembram que estamos aqui apoiando vocês’. Quando terminou o jogo, fomos saudar a torcida, e esse mesmo torcedor estava lá, e disse: ‘Falei que seria assim, que ganharíamos!’. É uma situação de reconhecimento e gratificação, temos que agradecer a eles pelo apoio que nos deram e pela oportunidade de estarmos vivendo aquilo, que é inigualável”, conta.

A Copa de 2003 foi o auge da carreira do ex-ponta, que até hoje é reconhecido quando volta para a cidade de Salto, onde nasceu e residem os familiares. Quase sempre dedica algumas horas das férias para visitar o clube que o formou e não raramente, no reencontro, vira pauta dos jornais locais. Seja defronte à TV, com mensagens à delegação que está na Europa ou pessoalmente, quando retorna a Salto, o treinador se esforça para preservar as raízes e expressar o orgulho pelo pequeno país que, mais uma vez, está entre os 20 grandes do rugby mundial. “Hoje, vendo o Uruguai em uma Copa, o que eu sinto é uma sensação de orgulho, de desfrutar do momento, de sentir-se parte deste país. Somos muito pequenos, mas como eu falei, muito orgulhosos por sermos uruguaios”, frisa.

 

Reportagem: João Paulo Mileski

 

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