Carne suína, bovina ou de frango?

A carne de porco já foi tão vilanizada que até a Bíblia condenava seu consumo, pelo menos no Antigo Testamento. Apesar de no texto sagrado as alegações serem religiosas, o real motivo era a quantidade de doenças que esse alimento poderia transmitir. Por sorte, isso já é passado. “A carne de porco hoje passa por rigorosos processos de produção e higiene. Com o cruzamento genético, associado a esse controle sanitário, ela voltou a ter seu lugar de destaque no grupo das proteínas”, explica a nutricionista Nicole Trevisan. Ainda assim, muita gente tem dúvidas sobre qual o melhor tipo de carne para o organismo. 

A alimentação dos suínos mudou para melhor e foi um dos benefícios. “Eles anteriormente ingeriam restos de comida. Hoje recebem ração equilibrada, com quantidades adequadas de macronutrientes, e em certas marcas até há a presença de antioxidantes e sequestradores de toxinas”, explica Israel Adolfo, nutricionista do esporte de São Paulo. Mas para garantir tudo isso, é preciso verificar sempre a procedência do alimento, inclusive o carimbo da vigilância sanitária. 

A carne suína hoje é uma boa opção de carne vermelha. Apesar da cor clara, ela entra nessa categoria por causa da concentração de hemoglobina, que mesmo sendo menor do que no tipo bovino, ainda é considerada alta. O mito de que ela é rica em gorduras e colesterol também cai por terra se você souber escolher os cortes mais saudáveis e caprichar no modo de preparo. O lombo de porco, por exemplo, apresenta menos quantidade de colesterol que o filé de frango. Confira o comparativo entre os diferentes tipos de carne.     

Proteínas

Nesse primeiro quesito, a carne de porco é campeã, mas principalmente pela qualidade. “Estudos mostram que alguns cortes desse tipo possuem maior conteúdo de aminoácidos essenciais (aqueles que nosso corpo não produz), como leucina, lisina e valina, que podem auxiliar o organismo na manutenção do sistema imunológico”, explica a nutricionista Karina Valentim. Porém, quando o assunto é quantidade, o lombo assado perde apenas para o peito de frango assado, enquanto o primeiro tem 28g a cada 100g de carne, o segundo apresenta 31g para a mesma quantidade. Já a alcatra, nessa categoria, apresenta o valor 27g, apenas um pouco a menos. 

Composição nutricional

No caso de nutrientes como vitaminas e minerais, o porco também apresenta mais vantagens do que os cortes de gado e frango. “A carne suína possui maior teor de vitamina B1 (tiamina), vitamina B3 (niacina) e vitamina B8 (biotina) comparada à carne bovina”, aponta a nutricionista Karina. Por outro lado, a carne bovina tem teores maiores de vitamina B12, aquela que só encontramos em fontes animais, e o frango é rico em vitamina B5. Na questão mineral, a carne de boi tem mais zinco, ferro e potássio, seguida pela carne de porco e por último a de frango.  

Cortes magros

É claro que, em todos os tópicos, tudo depende do corte escolhido. E alguns tipos de carne suína são bem pouco calóricos, por incrível que pareça para muita gente. Vamos aos números: a bisteca suína apresenta 164kcal a cada 100g. Já o corte bovino mais magro é o contrafilé sem gordura, que apresenta 131kcal na mesma quantidade. Porém, a alcatra já tem muito mais energia: 234kcal. O frango, no entanto, ganha de todas: o peito sem pele é a carne menos calórica de todas, com 119kcal a cada 100g. Vale ressaltar que esses valores não consideram o modo de preparo do alimento, portanto a melhor forma de garantir que o corte suíno fique mais saudável à mesa são as preparações assadas, grelhadas e cozidas. Evite as versões fritas, que aumentam o valor calórico da carne. Quando é feita com óleo, por exemplo, a bisteca de porco soma 311kcal. E nem todos os cortes do porco são liberados. O toucinho, por exemplo, contém 593kcal a cada 100g.  

Colesterol

De acordo com a nutricionista Karina, alguns cortes de carne de porco lideram o ranking quando o assunto é menos colesterol. O lombo suíno está empatado com o filé-mignon bovino, ambos apresentam 55mg de colesterol a cada 100g de carne. Logo em seguida vem o filé de frango sem pele, com 59mg, assim como o contrafilé sem gordura. “Porém, o teor de colesterol da costela suína e do toucinho é maior que todos os cortes de carne bovina, sendo assim, esses cortes não seriam indicados para o consumo cotidiano”, alerta a especialista. Já no quesito gorduras, a carne de frango é que as possui em menor quantidade.  

Maciez e preparo

Não importa o tipo da carne, todas devem ser feitas preferencialmente cozidas, assadas ou grelhadas. Porém, o nutricionista Israel Adolfo considera a carne suína a de preparação mais difícil. “Por precisar de melhor cozimento, a carne de porco é a que considero a de preparo mais complicado”, explica o especialista. Já a maciez varia não só entre os cortes, mas também de animal para animal, mesmo que sejam da mesma espécie. Karina ensina um truque para qualquer uma delas: “para deixar o grelhado mais suculento recomenda-se que não aperte a carne na panela, deixe selar de um lado, vire e deixe selar do outro, para que a carne não perca seu suco interior e fique macia”.  

Excessos

As proteínas quando consumidas em quantidades muito grandes podem trazer problemas ao organismo, de acordo com Nicole Trevisan. Mas entre os três tipos de carne, a mais perigosa acaba sendo a proveniente do boi. “Estudos mostram que as carnes bovinas possuem maior teor de gordura intrínseca quando comparada a outras carnes. O consumo dessa gordura está associado a um maior risco de doenças cardíacas”, explica Karine Valentim. Mas ela mesma alerta que no lugar de cortá-la de vez do cardápio, o ideal é limpar bem as peças e tirar toda a gordura antes do preparo.  

Recomendado

Para Israel Adolfo, é muito importante ingerir carne, já que ela será fonte de proteínas de alta qualidade e vitaminas como a B12. Mas o consumo deve ser distribuído ao longo da semana. “As carnes bovinas e suínas, por apresentarem um teor de gordura maior, devem ser consumidas no máximo 3 vezes na semana. Nos outros dias é importante que se faça um rodízio, alternando o consumo de peixes, frangos e ovos, como fonte proteica”, ensina a nutricionista Karina.

Por Nathalie Ayres
Fonte: Portal Minha Vida
(www.minhavida.com.br


É proibida a reprodução, total ou parcial, do texto e de todo o conteúdo sem autorização expressa do Grupo SERRANOSSA.

Siga o SERRANOSSA!

Twitter: @SERRANOSSA

Facebook: Grupo SERRANOSSA

O SERRANOSSA não se responsabiliza pelas opiniões expressadas nos comentários publicados no portal.