Carne vermelha: benefícios e malefícios

Poucos alimentos têm sido tão “atacados” nos últimos anos como a carne vermelha. Mais famosa por ser fonte de gorduras e colesterol do que pelos benefícios que traz ao organismo, ela foi tirada do cardápio por muitas pessoas que procuram perder peso e buscam ter uma alimentação mais saudável. Mas, segundo muitos especialistas, cortar esse alimento da dieta sem antes procurar um nutricionista é um erro que pode trazer sérias consequências à saúde. “A carne vermelha é fonte de todas as proteínas e os aminoácidos essenciais para o nosso corpo. Ela não tem um substituto único e contém vitaminas que não são encontradas em nenhum outro alimento. Por isso, as pessoas devem pensar duas vezes antes de cortá-la radicalmente da dieta”, explica o nutrólogo Wilson Rondó, autor do livro “Sinal Verde para a Carne Vermelha”.

De acordo com o especialista, uma alimentação saudável é aquela que traz um equilíbrio entre os micronutrientes, ou seja, vitaminas e minerais, e os macronutrientes, como gorduras, proteínas e carboidratos. Na prática: comer de tudo, tomando cuidado com as quantidades. Optar por ser radical e fechar a boca para alimentos ricos no último grupo, como a carne vermelha, pode fazer mais mal ao organismo do que o consumo desse alimento. 

Prós

Nutrientes: de acordo com o endocrinologista Fillipo Pedrinola, a carne vermelha contém inúmeros nutrientes que, quando consumidos na medida certa, são importantes para o bom funcionamento do organismo. “Uma nutrição balanceada deve conter grande variedade de alimentos, incluindo carne branca, vermelha, peixe, laticínios, frutas, vegetais e grãos”, explica. Dentre todos os benefícios encontrados na carne, os que ganham papel de destaque são as proteínas. Elas são consideradas completas, pois contêm os nove aminoácidos essenciais. Uma quantidade de 100 gramas de carne magra – com menos gordura – contém por volta de 20 a 30 gramas de proteína, o que equivale a, aproximadamente, 50% das necessidades diárias de um ser humano adulto. 

Carne x exercícios físicos: para quem pratica exercícios físicos, ficar sem comer carne vermelha pode atrapalhar o treino, já que ela é fonte de diversos nutrientes que melhoram o desempenho muscular, como a mioglunulina – que promove o transporte de oxigênio para os músculos -, o ácido linoleico – que ajuda a perder peso e promove a perda de gordura – e a creatina, que ajuda a restaurar ATP após o esforço muscular. ATP é um tipo de molécula produzida durante a respiração celular, que dá energia ao corpo. Segundo um estudo feito pelo Laboratório de Nutrição e Metabolismo da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, a creatina também ajuda a controlar a taxa de açúcar no sangue elevada em pessoas com diabetes.

Músculos: a carne vermelha também é fonte de mioglobulina, uma proteína que promove o transporte de oxigênio para as células musculares e age como antidepressivo, o que permite exercícios mais intensos e sensação de bem-estar. O alimento ainda é a única fonte de vitamina B12, indispensável para o funcionamento das células nervosas do corpo. “Por isso, a maioria das pessoas que não comem nenhum tipo de alimento de origem animal, principalmente a carne vermelha, apresentam carência dessa vitamina em longo prazo quando não tomam suplementos vitamínicos”, explica Wilson Rondó.

Contras

Cuidado com a procedência: mesmo que a carne vermelha traga benefícios ao organismo, seu consumo deve ser controlado, como praticamente todos os alimentos. “Ela pode liberar algumas substâncias nocivas à saúde se for cozida em excesso ou se for de procedência duvidosa”, explica o nutrólogo Wilson, que afirma que a melhor opção de carne sempre será a que foi tirada de um gado criado em pastagens naturais e orgânicas.

Expectativa de vida: um estudo publicado pela revista Archives of Internal Medicine demonstra que quem controla o consumo de carne vermelha e carnes processadas vive mais. A pesquisa acompanhou durante uma década mais de meio milhão de pessoas com idades entre 50 e 71 anos. Aquelas que mais ingeriam carne vermelha (média de 62,5g em uma dieta de 1000 Kcal por dia) foram as que apresentaram maior mortalidade por doenças cardiovasculares e câncer, quando comparadas ao grupo que ingeriu menos alimento (média de 9,8g / 1000 Kcal por dia).

Cortes gordos: os malefícios ao grupo que consumiu estão ligados ao seu consumo excessivo, ou à escolha de cortes que contêm grande quantidade de gordura saturada que, por sua vez, está associada ao aumento dos níveis de colesterol, da pressão arterial e do risco de câncer. As carnes vermelhas ainda possuem compostos carcinogênicos que, se consumidos em excesso, aumentam as chances de câncer de intestino e próstata.

Ferro demais: Além disso, pessoas retêm mais ferro do que deveriam, precisam diminuir ou evitar o consumo de carne vermelha, que é rica nesse mineral. “Quem sofre de câncer de próstata deve tomar o mesmo cuidado, pois esse alimento estimula a produção de testosterona, o que pode prejudicar o quadro da doença”, lembra Wilson Rondó.

 

Cortes x gordura

 

Cortes magros

Patinho – 7g de gordura

Maminha – 7g de gordura

Músculo – 7g de gordura

Lagarto – 9g de gordura

Filé mignon – 9g de gordura

Coxão duro – 9g de gordura

Coxão mole – 9g de gordura

 

Cortes gordos

Acém – 11g de gordura

Alcatra – 12g de gordura

Contrafilé de costela – 13g de gordura

Cupim – 13g de gordura

Picanha – 20g de gordura

Fraldinha – 26g de gordura

Costela – 28g de gordura 

 

Por Fernando Menezes

Fonte: Portal Minha Vida (www.minhavida.com.br)


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