Carol Solberg recorre da decisão do STJD: “Tentaram me calar porque sou mulher”
A atleta de vôlei de praia Carol Solberg decidiu recorrer da decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que deu a ela uma advertência por ter gritado “Fora, Bolsonaro” ao fim de uma entrevista exibida pelo SporTV, no dia 20 de setembro, após ganhar a medalha de bronze na primeira etapa do Circuito Brasileiro de vôlei de praia.
Em entrevista ao Jornal O Globo, Carol Solberg reclamou de machismo com as palavras de Otacílio Soares de Araújo, presidente da 1ª Comissão Disciplinar do STJD. “Eu me senti muito incomodada com a forma que o presidente do STJD falou comigo. Como se estivesse falando com uma criança, com a sobrinha dele, sei lá. Disse que me deu um susto, um puxão de orelhas, sabe? Sou uma mulher de 33 anos, dois filhos. O que ele está pensando? Está falando com quem? Fiquei com muita raiva! Ele foi extremamente machista. Acredita que ele disse que eu não estava ali, nas entrevistas, para falar o que eu penso? Que eu estava ali para falar o que acontece dentro das quatro linhas. Isso é um absurdo! Estou ali para dizer o que eu quiser! É um lugar onde tenho voz, sim!”, disse.
A data do novo julgamento ainda não foi divulgada. Uma das alegações da atleta é que o fato de ser mulher teria influenciado na decisão aplicada pelo STJD. ”Qualquer pessoa que se manifeste contra o governo vai sofrer punição. Agora, as coisas só tomaram as proporções que tomaram por eu ser mulher. É um governo muito machista. A ideia de ter alguém do sexo feminino falando mal deles é quase uma ofensa pessoal. Isso ficou claro no meu julgamento que, aliás, foi muito machista. Se eu fosse homem, não teriam falado comigo daquela forma. Tentaram me calar porque sou mulher”, comentou Carol.
A atleta foi condenada a uma multa que foi convertida em advertência. Mesmo não estando proibida de jogar, ela discorda da decisão. “O que busco é absolvição da advertência. Eu não deveria ter sido advertida pelo o que fiz”, defende.