Carpegiani: DNA e conceitos de técnico vencedor

Aos 38 anos, Rodrigo Carpegiani terá no Esportivo apenas a segunda experiência no comando de uma equipe profissional. Mesmo assim, está convicto da capacidade de recolocar o alviazul na primeira divisão gaúcha e não esconde a confiança e entusiasmo com a oportunidade. Se por um lado o último trabalho como técnico foi em 2003, no RS de Alvorada, por outro passou os últimos sete anos errando, acertando e aprendendo como auxiliar de ninguém menos que Paulo César Carpegiani.

“Tudo o que eu sei, o que entendo de futebol, de esquema tático, de lidar com os jogadores, de conviver, saber as maneiras de agir diante deles, eu aprendi com o Carpegiani. A gente iniciou lá em 2001, no RS. A partir de 2007 eu comecei a me juntar com ele nos clubes profissionais, como o Corinthians, Atlético Paranaense, São Paulo e Vitória, com 24 horas de convivência, discutindo muito esquema tático, maneira de jogar. Ao longo desse tempo, sendo auxiliar, a gente vai amadurecendo, adquirindo conhecimento, e você ao natural vai se tornando apto para ficar à frente de uma equipe, então eu pensei: poxa, acho que agora já estou pronto. Surgiu a oportunidade e hoje eu me considero apto para estar diante de um grande clube como o Esportivo”, conta.

Paulo César Carpegiani, 65 anos, construiu uma carreira consagrada, com títulos do Brasileiro, Libertadores e Mundial, todos pelo Flamengo. Além disso, foi duas vezes campeão paraguaio no comando do Cerro Porteño. Em um dos grandes momento na carreira, chamou a atenção do mundo ao conduzir o modesto Paraguai às oitavas de final da Copa do Mundo de 1998 – depois de 12 anos de ausência da seleção no Mundial -, quando teve participação fundamental na campanha a partir de um modelo de jogo bastante sólido na defesa.

O contexto da missão do Carpegiani filho no Esportivo se assemelha bastante à do Carpegiani pai no Paraguai. O alviazul montará um time praticamente do zero para a disputa da Divisão de Acesso e terá pela frente oponentes com orçamento superior. Diante disso, as estratégias de Rodrigo, assim como do pai em 1998, serão cruciais para superar adversários teoricamente mais qualificados. Ainda é precoce pensar nas armas táticas, considerando que o plantel está em processo de formação, mas Rodrigo antecipa parte da maneira como pretende trabalhar, frisando prioridade na busca pela imposição tática do primeiro ao último minuto. “Não tenho preferência por esquema A, B ou C, mas sim por um time competitivo, organizado e compacto, isso eu vou exigir sempre, independente de qualquer número que a gente for falar. Eu quero uma equipe organizada taticamente não apenas no início dos jogos, porque se você parar para observar o futebol brasileiro, vai ver uma organização tática nos primeiros 15 ou 20 minutos. Isso é normal no futebol brasileiro. Você vê um jogo do futebol europeu, inglês, são os 90 minutos que o pessoal joga, e é isso que a gente tem que buscar”, salienta o treinador, citando a seleção brasileira na Copa deste ano como exemplo dos problemas táticos do futebol no país. “O jogador brasileiro é relaxado, ele é aquele jogador que coloca assim: a hora que eu quiser eu vou resolver essa partida. Na Copa do Mundo, não querendo criticar ninguém, foi desorganizado, como é o futebol brasileiro. Se ele tivesse a organização tática dos nossos adversários sul-americanos, por exemplo, com a qualidade que nós temos, seríamos imbatíveis”, afirma.

Competitivo, mas não brigador

Rodrigo já está contatando jogadores para a Divisão de Acesso e a tendência é que as primeiras contratações sejam anunciadas na primeira quinzena de dezembro. O treinador antecipa, no entanto, que não adotará a velha receita de formar um time “brigador” e recheado de jogadores tarimbados no futebol gaúcho. “Temos que ter um time competitivo, mas competitivo não significa ser brigador. Se for brigador a gente vai ter jogador expulso toda hora. Não posso ter cara que brigue, tem que ser competitivo e taticamente organizado. A partir daí, a qualidade de cada um vai prevalecer sobre o adversário”, afirma.

Sobre a dificuldade de avaliar o mercado local após sete anos longe do Rio Grande do Sul, Rodrigo ressalta que há opções em outros estados que podem ser consideradas e enfatizou que para vencer a Segundona o Esportivo não precisará necessariamente ter um time acostumado às artimanhas da competição. “Fiquei fora do Estado, fiquei, mas também tem o lado bom porque conheço muita gente de fora. Eu penso assim: não adianta ficar pegando o pessoal que já passou no clube e que rodou por todo o interior. Puxa, porque que a gente não pode dar uma oxigenada, pegar um pessoal novo? ‘Ah, futebol gaúcho é mais pegado, tem que ter pessoal daqui’. Não, isso é balela, futebol é igual em qualquer canto do mundo”, conclui. 

 

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