A 3ª Corrida de Carrinhos de Lomba da Vindima ficou marcada pela participação de um cadeirante graças a um carrinho adaptado. O feito inédito foi viabilizado pela Associação de Apoio a Pessoa com Deficiência de Bento Gonçalves Anjos Unidos, que ganhou o "Troféu Destaque" da edição. O piloto Mauricio Frigo, de Nova Bassano, competiu nas modalidades “Força Livre” e “Roda de Madeira”, na qual conquistou a quinta colocação.
Após o acidente que o deixou em cadeira de rodas ele nunca mais havia pode repetir uma de suas brincadeiras favoritas da infância. “Quando adolescente tinha um carrinho, que basicamente era uma tábua, com dois troncos de madeira e quatro rodas de plástico, que eram presas com arame de solda. Meus irmãos, amigos e eu, de tanto descer uma lomba aqui próximo de casa, chegávamos a matar o gramado e nos divertíamos muito”, lembra. Ao saber da prova surgiu o interesse de participar e lembrou do amigo engenheiro e “professor Pardal” Alcindo Riveira, presidente da Anjos Unidos, que já havia adaptado bicicletas, karts e outros veículos.
O carrinho foi construído utilizando madeira e aço reciclados. A prioridade era a segurança do piloto. “Ele não tem como utilizar as pernas para controlar o carrinho, por isso todo controle foi feito nas mãos. Para mais segurança houve a instalação de freios a disco, que freiam o eixo traseiro e não as rodas. O segundo freio serve para estacionar e parar completamente o carrinho”, explica o engenheiro. Foram utilizados ainda um banco concha com cinto de quatro pontas, um velcro de segurança para manter as pernas firmes no veículo e um volante desmontável, tipo “Fórmula 1”. Além disso, a estrutura de proteção externa, conhecida como “Santo Antônio”, possui uma abertura em 180 graus, possibilitando a entrada e retirada da pessoa com deficiência.
O teste foi feito horas antes da prova. “A cada descida, e com aos gritos da plateia, estava ficando cada vez mais eletrizante. O domingo foi maravilhoso. Vivenciei mais uma experiência, mais uma modalidade de esporte no qual posso participar, mesmo estando em uma cadeira de rodas. Isso prova que a limitação vai estar na cabeça de cada pessoa”, resume Frigo.