Casa Ferri deve ser entregue ainda neste mês

Após quase dois anos da determinação do Ministério Público Federal (MPF), o restauro da Casa Ferri, patrimônio histórico de Santa Tereza, foi finalizado e o imóvel deve ser entregue nos próximos dias. Além das reformas estruturais, nas paredes, chão, escada, telhado, revestimentos, esquadrias, entre outros itens, o prédio ainda foi erguido em 90 centímetros, em prevenção às cheias do rio Taquari que eventualmente atingem o município.

A situação de risco em que se encontrava a casa foi informada ao Ministério Público Federal (MPF) em 2010 pela Associação de Proteção ao Patrimônio Histórico, Arquitetônico e Turístico do Município de Santa Tereza (Aphat). Com o ingresso de ação civil pública na Justiça Federal, o órgão cobrou providências do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que anunciou a contratação de empresa para o serviço em setembro de 2013.

Durante os trabalhos, a chefe do escritório técnico do Iphan e fiscal da obra, Paula Lovatel Soso, afirmou que a casa de madeira estava com a estrutura praticamente toda comprometida devido à ação de insetos e enchentes. “Elevamos o imóvel, para não correr mais riscos de ter a casa alagada. Além disso, o projeto de restauro incluiu normas de acessibilidade e um anexo para banheiros, que o projeto original não contemplava”, destacou.

Segundo a arquiteta, na medida do possível, foram preservadas as características estéticas (proporções, esquadrias, lambrequins, entre outros) e construtivas (materiais e técnicas) legítimas da casa. “Em muitos momentos não foi possível manter os materiais originais, devido ao seu estado de degradação, a exemplo das paredes de madeira. Pelo levantamento e diagnóstico no projeto de restauração, viu-se que nem todas apresentavam boas condições e foram substituídas por madeira de lei”, explica pUla. O investimento total do Iphan foi de cerca de R$ 573 mil.

Histórico

A casa foi construída em 1910, na avenida Itália, para servir de moradia ao casal Cesare Appiani e Maria Savóia, pioneiros na fabricação de acordeões na Itália e no Brasil. A edificação funcionou como a primeira fábrica do instrumento no país e foi tombada como patrimônio histórico em novembro de 2010.

A arquitetura do prédio segue o padrão das 25 casas de madeira que compõem o centro histórico de Santa Tereza, construídas em madeira e alvenaria nos séculos 19 e 20, pelos imigrantes italianos. Também passando por restauro, a Casa Miele está sendo finalizada e outras duas aguardam deliberação do Iphan: a Casa Remus, antiga cervejaria e fábrica de queijos de Verissimo Brun, e a Casa Casagrande.

A reforma era uma solicitação antiga dos moradores do município, que temiam um desabamento e a perda de elementos característicos da obra. Por muito tempo, antes da restauração, a casa ficou apoiada em escoras de madeira.

Futuro

Mesmo com o restauro finalizado, oficialmente, em janeiro deste ano, a casa ainda não foi entregue para as proprietárias, Geni e Dianei Ferri. Após a ligação elétrica e de água, o imóvel estará pronto e deve ser apresentado ainda mês de julho, segundo Dianei.

Ainda não há um destino concreto para a construção, já que as donas não residem nela. A ideia de Cesar Prezzi, presidente da Aphat, é instalar no local um Memorial do Acordeão. “Logo que for entregue oficialmente para a família, iremos propor a utilização do espaço para contar a história do casal pioneiro, que atribui enorme significado a casa. Creio que a família será sensível. É uma espécie de manjedoura do acordeão no Brasil. Certamente demandará um projeto via Lei de Incentivo à Cultura no futuro”, avalia ele. 

 

Reportagem: Priscila Pilletti

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