Caso Andrei: Tio será julgado por homicídio e estupro em Porto Alegre
Oficial da Brigada Militar é acusado de matar sobrinho de 12 anos para encobrir abuso sexual

Na segunda-feira, 27 de outubro de 2025, o oficial da reserva da Brigada Militar, Jeverson Olmiro Lopes Goulart, será julgado na 1ª Vara do Júri do Foro Central de Porto Alegre. Ele é acusado pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) de matar o próprio sobrinho, Andrei Ronaldo Goulart Gonçalves, de 12 anos, em 30 de novembro de 2016, e simular um suicídio.
O crime teria ocorrido na Zona Sul de Porto Alegre, no apartamento da família. O caso foi reaberto em 2020 após nova análise do MPRS, que alterou o entendimento inicial da Polícia Civil, que havia registrado o caso como suicídio.
Segundo a denúncia, na noite de 29 de novembro de 2016, Andrei ficou sozinho em casa com o tio, enquanto a mãe, Cátia Goulart, e a irmã saíam para uma festa. Jeverson Olmiro Lopes Goulart, que morava provisoriamente no apartamento e dividia o quarto com o menino Andrei, teria praticado ato libidinoso contra ele. Mais tarde, durante a madrugada, para encobrir o abuso, o tio teria disparado contra a cabeça do sobrinho enquanto ele dormia. Posteriormente, teria manipulado a cena para simular suicídio.
O MPRS denunciou Jeverson Olmiro Lopes Goulart por homicídio duplamente qualificado e estupro de vulnerável. A acusação será conduzida pelos promotores Lúcia Helena Callegari, que atua no caso desde o início, e Eugênio Paes Amorim, do Núcleo de Apoio ao Júri (NAJ). Eles ouviram 20 testemunhas e reuniram provas que indicam autoria e motivação do crime.
Para a promotora Lúcia Helena Callegari, a investigação envolveu atenção redobrada e mobilização da mãe da vítima, bem como da imprensa, fatores que foram decisivos para levar o caso a julgamento: “Ao receber o inquérito, busquei provas para confirmar as alegações da mãe. A verdade foi revelada, houve denúncia e agora o júri”. Eugênio Paes Amorim reforçou: “É preciso proteger sempre nossas crianças, e este é um dos objetivos do MPRS”.
Em março de 2020, a mãe de Andrei, Cátia Goulart, concedeu entrevista à Rádio Gaúcha. Conforme relatos da mãe, ao retornar para casa por volta das 23h20, Andrei já parecia estranho e acuado. Por volta das 2h, Jeverson Goulart acordou Cátia, alegando que havia ocorrido uma tragédia. Ao chegar ao quarto, ela encontrou o filho morto, com as mãos segurando a arma do tio pelo cano.
Jeverson Olmiro Lopes Goulart havia assumido cargo em comissão no Ministério Público do Rio Grande do Sul três semanas antes da morte de Andrei. Ele responde ao processo em liberdade.