Caso Cardozo: acusado pode ir a júri popular
Apontado como sendo autor da morte do cobrador Vlademir Cardozo, 28 anos, ocorrida no dia 20 de maio de 2013, Daniel Panno Lazzari (suposto mentor) deverá ir a júri popular segundo sentença de pronúncia da juíza Maria Cristina Rech, da 1ª Vara de Farroupilha. Ele responderá por homicídio simples. Se o recurso impetrado pela defesa não for acatado, durante o julgamento o crime pode ter como qualificadoras motivo torpe, promessa de recompensa, dissimulação e recurso que dificultou a defesa da vítima. O próximo passo agora é marcar a data do julgamento.
Em relação ao segundo acusado, Luís Fernando de Souza (suposto executor), a juíza entendeu que não há provas suficientes para que ele seja julgado, já que, em juízo, Lazzari negou a participação de Souza, dizendo que sequer conhecia o acusado.
A defesa de Lazzari impetrou recurso na Justiça pedindo a reformulação da sentença de pronúncia. Segundo o advogado de defesa, Luis Roberto Tavares, esse recurso deve ser julgado em um prazo entre 8 e 14 meses. Tavares também revelou que entrou com um pedido de habeas corpus para que ele possa aguardar o julgamento em liberdade. “A negativa de liberdade sentenciada pela juíza de Farroupilha não está fundamentada. Além disso, Daniel é réu primário, possui residência fixa e trabalho, não havendo assim possibilidade de o acusado evadir-se do distrito de culpa”, explica. Dois pedidos de liberdade provisória foram negados em primeira instância. Agora, a defesa aguarda o julgamento de um pedido de habeas corpus que está sendo analisado pelo Tribunal de Justiça do Estado. Lazzari segue detido no Presídio de Caxias do Sul, já que o crime ocorreu em Farroupilha, que pertence àquela comarca.
Daniel Panno Lazzari, de 30 anos de idade, negou ter participação no crime durante depoimento à juíza. De acordo com o acusado, ele assumiu a autoria, na fase policial, pois havia sido instruído por um advogado a confessar, uma vez que nada aconteceria com ele se apontasse quem teria efetuado os disparos.
Entenda o caso
Cardozo era amigo de Lazzari há mais de dez anos e teria sido ele a última pessoa a vê-lo com vida. A câmera de monitoramento de um estabelecimento no bairro Santo Antão flagrou o momento em que Cardozo entrou no automóvel do réu, uma GM/Montana, e deixou o seu veículo, de mesmo modelo, estacionado em frente ao local. Conforme Lazzari, ele teria levado a vítima até as proximidades de um campo no bairro Tamandaré, em Garibaldi, onde haveria um automóvel Pálio, de cor azul, esperando por Cardozo.
Um funcionário do cobrador contou que ele teria recebido uma ligação do acusado marcando um encontro na noite em que o crime aconteceu. O objetivo era o pagamento de uma dívida. Após o desaparecimento de Cardozo, o funcionário chegou a conversar com Lazzari, que informou tê-lo levado até um bairro da cidade, onde supostamente ele se encontraria com outro homem, conhecido apenas como Alemão. Depois da carona, ele afirma não ter mais visto a vítima.
O corpo de Cardozo foi localizado no dia seguinte ao seu desaparecimento (21 de maio de 2013) na linha Paese, interior de Farroupilha, com diversas marcas de tiros. Um caminhoneiro que passava pelo local percebeu um homem caído e decidiu acionar a Brigada Militar. Por ser uma região de pouco movimento de carros e pedestres, onde não há sinal de celular, ele seguiu pela estrada. Depois de conseguir fazer a ligação, aguardou os policiais em um ponto de referência para guiá-los até o local. Em seu depoimento à juíza, ele disse que havia uma carteira junto cadáver quando o viu pela primeira vez, mas que ao retornar com os policiais o objeto não estava mais lá. A testemunha ainda relatou que viu um automóvel Montana, cor prata, passar pelo local, mas não conseguiu ver a placa e nem identificar as pessoas que estavam no interior dele.
Uma luva encontrada na casa de Daniel Lazzari, do mesmo modelo de outra deixada na cena do crime, está entre as provas. Depoimentos colhidos durante as investigações relatam uma possível dívida entre o acusado e a vítima. Um cheque titularizado por Lazzari foi encontrado na casa da vítima, o que reforça a teoria.
Reportagem: Jonathan Zanotto
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