Caso Cardozo: acusados negam autoria
Apontados como autores da morte do cobrador Vlademir Cardozo, 28 anos, no dia 20 de maio deste ano, Daniel Panno Lazzari (suposto mentor) e Luís Fernando de Souza (suposto executor) negaram a participação no crime durante depoimento à juíza Maria Cristina Rech, da 1ª Vara da Comarca de Farroupilha. De acordo com Lazzari, ele assumiu a autoria, na fase policial, pois havia sido instruído por um advogado a confessar, uma vez que nada aconteceria com ele se apontasse quem teria efetuado os disparos. Souza garantiu que não conhece o suposto autor e que no dia do crime estaria trabalhando em uma obra. O processo agora está em fase de pronúncia, momento em que a juíza determinará se os acusados irão a júri popular ou não.
Cardozo era amigo de Lazzari há mais de dez anos. Teria sido ele a última pessoa a vê-lo com vida. A câmera de monitoramento de um estabelecimento no bairro Santo Antão flagrou o momento em que a vítima entrou no automóvel do réu, uma Montana, e deixou o seu veículo, de mesmo modelo, estacionado em frente ao local. Conforme Lazzari, ele teria levado a vítima até as proximidades de um campo no bairro Tamandaré, em Garibaldi, onde haveria um automóvel Pálio, de cor azul, esperando por Cardozo.
O funcionário do cobrador contou que ele teria recebido uma ligação do acusado marcando um encontro na noite em que o crime aconteceu. O objetivo era o pagamento de uma dívida. Após o desaparecimento de Cardozo, o funcionário chegou a conversar com Lazzari, que informou tê-lo levado até um bairro da cidade, onde supostamente ele se encontraria com outro homem, conhecido apenas como Alemão. Depois da carona, ele afirma não ter mais visto a vítima.
O corpo de Cardozo foi localizado no dia seguinte ao seu desaparecimento na linha Paese, interior de Farroupilha, com diversas marcas de tiros pelo corpo. Um caminhoneiro que passava pelo local percebeu um homem caído e decidiu acionar a Brigada Militar. Por ser uma região de pouco movimento de carros e pedestres, onde não há sinal de celular, ele seguiu pela estrada. Depois de conseguir fazer a ligação, aguardou os policiais em um ponto de referência para guia-los até o local. Em seu depoimento à juíza, ele disse que havia uma carteira junto cadáver quando o viu pela primeira vez, mas que ao retornar com os policiais o objeto não estava mais lá e alguém havia acionado um extintor de incêndio próximo ao corpo. A testemunha ainda relatou que viu um automóvel Montana passar pelo local, mas não conseguiu ver a placa e nem identificar as pessoas que estavam no interior dele.
Autoria
A identificação dos acusados ocorreu após a oitiva de testemunhas e coletas de provas, além da confissão de Lazzari em seu segundo depoimento na Delegacia de Polícia. Na oportunidade, inclusive, ele teria relatado que havia se comprometido a pagar cerca de R$ 2 mil para Souza executar a vítima.
Porém, no depoimento perante a juíza, o réu alegou que foi forçado psicologicamente a assumir a autoria do crime e apontar Souza como o autor dos disparos. “Foram eles (policiais) que me apontaram o Luiz Fernando, porque eu nem sabia quem ele era… Eles me mostraram a foto e o advogado disse ‘não, vamos botar tudo nas costas dele’. Como se fosse para tirar o ‘meu’ da reta, no caso. Assumi, mas porque fui forçado psicologicamente”, declarou. Ele ainda justificou que estava na casa de uma amiga na suposta hora em que o crime ocorreu e essa informação foi confirmada pela mulher.
Já Souza relatou, em seu depoimento, que no dia do crime estava trabalhando em uma obra e que somente ficou sabendo dos fatos posteriormente, através da imprensa. Na época, ele cumpria pena no regime semiaberto do Presídio Estadual de Bento Gonçalves, teve seus direitos suspensos e voltou para o regime fechado em função da decretação de prisão preventiva. Lazzari permanece detido na Penitenciária Regional de Caxias do Sul, visto que o corpo foi localizado em Farroupilha, cidade que pertence à Comarca de Caxias do Sul.
Reportagem: Katiane Cardoso
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