Caso Fiorino: Justiça aguarda reconstituição para dar continuidade ao processo

No último dia 16, completaram-se dois anos da perseguição e confronto com a Brigada Militar (BM) que terminou na morte dos jovens Anderson Styburski, então com 16 anos de idade, e Danúbio Cruz da Costa, de 20 anos. Os dois policiais envolvidos na abordagem, Edegar Júnior de Oliveira Rodrigues e Neilor dos Santos Lopes, estão sendo acusados pelo Ministério Público (MP) por duplo homicídio e por duas tentativas de homicídio. Já o condutor do veículo onde as vítimas estavam, Tiago Sarmento De Paula, responde por desobediência, porte ilegal de arma de fogo, disparo de arma e resistência à ordem do servidor público com violência. O quarto ocupante da Fiorino, um adolescente de 15 anos, foi denunciado por desobediência e porte ilegal de arma, caso tratado pela Promotoria da Infância e Juventude. A Justiça aguarda, agora, a definição da data da reconstituição, que deverá ser feita pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP), para dar continuidade ao processo. 

A Corregedoria-Geral da Brigada Militar também realizou uma investigação interna do caso. De acordo com o órgão, o Inquérito Policial Militar (IPM), de Portaria 1377/IPM/2014, indiciou quatro policiais (os dois réus, um sargento por transgressão – ele não teria adotado medidas que preservassem a cena do crime para posterior análise pericial – , e um quarto agente por lesão corporal contra De Paula, que teria ocorrido após a perseguição, no local onde o veículo foi encontrado). A conclusão apontou que houve excessos na ação. O IPM foi remetido à Justiça Militar, mas, como se trata de homicídio com dolo eventual (quando se assume o risco de matar), a competência de julgar é da Justiça comum, e não da militar. Eles podem ainda ser expulsos da corporação. A família de Styburski entrou com um pedido de indenização contra o Estado devido à gravidade do fato e a conclusão de excesso na ação policial.

Relembre

A perseguição da BM a um veículo Fiorino, que não respeitou a ordem de parada dos policiais, na madrugada de 16 de março de 2014, terminou com a morte de Styburski e Costa. Os dois estavam no compartimento de carga da caminhonete, que tinha outros dois ocupantes na parte da frente. Ao chegar no bairro Imigrante, eles não conseguiram dar continuidade à fuga e, segundo a versão dos policiais que atenderam a ocorrência, foram ouvidos disparos de arma de fogo – a ação dos brigadianos teria sido em revide a esse ataque, que os dois sobreviventes negam ter acontecido. Os jovens relataram, na época, que o veículo “patinou” e voltou de ré, colidindo com a viatura, em função de eles estarem em uma rua sem pavimentação. O laudo do IGP aponta que havia resquícios de chumbo, bário e antimônio nas mãos do motorista e das duas vítimas. Não foram encontrados vestígios nas mãos do adolescente, caroneiro da Fiorino.

Fotos: Reprodução Facebook