Cerca de 300 voluntários trabalham na construção de leitos de isolamento em Bento

A comunidade bento-gonçalvense está unida em uma verdadeira corrente de doações desde a semana passada, a fim de barrar a contaminação pelo novo Coronavírus. Entretanto, mais do que valores em dinheiro e materiais, as doações de mão de obra e tempo também têm sido exemplo no município. Há quase 15 dias, centenas de voluntários da área da construção civil estão empenhados em construir 40 leitos de isolamento no Complexo Hospitalar de Saúde, localizado em anexo à UPA 24h, no bairro Botafogo. De acordo com o Mestre de Obras Jair Serafim, que está coordenando a construção, aproximadamente 300 profissionais, entre autônomos e funcionários de empresas voluntárias, estão tornando possível a concretização da obra dentro do prazo sugerido: 30 dias. “É um grande movimento”, afirma. 


 

A Panazzolo Construções é uma das diversas empresas empenhadas nessa iniciativa. Para auxiliar na construção da estrutura, colaboradores foram contatados e oito deles aceitaram participar da obra. “A gente focou em mobilizar os funcionários porque, mesmo com dinheiro, se tu não tens a mão de obra para atuar e finalizar, não adianta. Alguns não quiseram se envolver por questões de saúde, por receio, mas os demais aceitaram”, relata o proprietário, Diego Panazzolo. O empresário faz parte do 'Bento Mais Vinte', grupo que tem o intuito de pensar soluções coletivas em prol do desenvolvimento do município. “Esse foi o momento que a gente encontrou de oferecer essa participação voluntária, de mostrar trabalho e contribuir para o bem da cidade”, declara. 

Outra empresa que também decidiu colocar sua equipe à disposição da obra foi a DJ Pinturas. O proprietário, Júlio César Leitão Sberse, e outros três funcionários, Odirlei Cioato, Marcos Policarpio e Ângelo Tereza estão atuando na parte da pintura e da lavagem externa da estrutura. “Para mim está sendo uma satisfação poder ajudar o povo da minha cidade. A pintura é uma coisa que eu gosto de fazer, ainda mais quando posso ajudar o próximo”, afirma. O profissional é convocado conforme a necessidade do serviço e afirma que, enquanto precisar, ele estará lá para ajudar. “Só tenho a agradecer pelo convite e aos meus funcionários que aceitaram trabalhar voluntariamente. A Deus que me dê força e saúde para poder ajudar sempre. É melhor ajudar do que ser ajudado, eu penso assim”, comenta. 

O voluntário Graciano da Silva Melos conta que, desde que a empresa em que trabalha paralisou seus serviços devido à pandemia, está dedicando seu tempo à construção dos leitos. “Estou quase todos os dias ajudando no que for possível. A sensação é inexplicável, porque pode ser eu, ou algum familiar, que vai precisar desses leitos”, desabafa. 

Além de auxiliar na construção, o pedreiro e azulejista conta que está fazendo sua parte quanto às recomendações das autoridades e profissionais da saúde. “Quando chego em casa, tiro o calçado e vou para o banho direto. E onde enxergo álcool gel, já passo nas mãos. Na família, procuramos sair em uma pessoa quando necessário apenas para evitar aglomerações”, relata.


Trabalhando na área da construção civil há 20 anos e cursando o último ano de graduação em Engenharia Civil, Graciano se comove ao falar da experiência que está vivendo. “É emocionante ver a quantidade de pessoas que se oferecem para ajudar que nem são da profissão, mas que têm força de vontade. Temos que agradecer as empresas que estão empenhadas nesse projeto e aos meios de comunicação, que estão mostrando que a união faz a força”, finaliza. 

De acordo com o presidente da Associação das Empresas da Construção Civil da Região dos Vinhedos (Ascon Vinhedos), Milton Milan, a entrega da obra deverá ser feita antes do dia 20 de abril. A Ascon está à frente do projeto junto ao Centro da Indústria, Comércio e Serviço (CIC-BG) e à Associação Médica de Bento Gonçalves. A obra está orçada em, aproximadamente, R$ 400 mil. 

Fotos: Arquivo Pessoal