Cerca de 69 milhões de pessoas estão com doses de vacina contra COVID-19 atrasadas

De acordo com a secretaria de Saúde de Bento Gonçalves, no município há cerca de 20 mil pessoas com doses de reforço atrasadas

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Apesar da queda no número de casos e mortes por COVID-19, a doença ainda faz vítimas no país. Visando controlar ainda mais a circulação do vírus que já vitimou quase 700 mil pessoas no Brasil, a vacinação ainda enfrenta barreiras. Uma delas é o não retorno para realizar as doses de reforço. Segundo a Rede Nacional de Dados em Saúde, do Ministério da Saúde, cerca de 69 milhões de brasileiros não receberam a dose de reforço. Os dados também mostram que mais de 30 milhões de pessoas não receberam a segunda dose de reforço (ou 3ª dose), enquanto 19 milhões de pessoas não tomaram sequer a segunda dose do esquema vacinal primário.

Nesta semana, a nova ministra da Saúde, Nísia Trindade, lembrou que a pandemia ainda não acabou e reforçou que completar o esquema vacinal é mais do que necessário. “A pandemia mostrou que a nossa vulnerabilidade. O rei está nu. Precisamos afirmar, sem nenhuma tergiversação, e superar essa condição”, disse, ao destacar que o país responde por 11% das mortes por COVID-19 no mundo.

De acordo com o Ministério, estudos científicos revelam que a proteção vacinal desenvolvida contra a doença é mais alta nos primeiros meses após a vacinação, mas que há chances de apresentar redução. Por isso, a proteção adicional é tão indispensável.

Segundo a secretaria municipal de Saúde (SMS) de Bento Gonçalves, via assessoria de imprensa da prefeitura, cerca de 20 mil pessoas estão com o esquema vacinal atrasado na cidade. Em fins de semana e eventos do município, a SMS tem desenvolvido mutirões de vacinação, visando que esse público faltoso compareça. Todas as unidades de saúde da cidade (ESFs e UBSs) realizam as doses de reforço.

Importância

A nova secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, segue na linha de pensamento da nova ministra. “Vacina não é remédio e vacinação é estratégia coletiva […] Se você comprar [a vacina] e todo o seu entorno não vacinar, o vírus pode fazer mutação e a sua vacina não servir para nada. Dinheiro jogado fora”, escreveu no Twitter.

No mesmo post, a secretária lembrou que a Organização Mundial da Saúde (OMS) trabalha para que todos os países tenham acesso à vacinação exatamente porque se alguém, em algum lugar do mundo, não for imunizado, o vírus pode evoluir e fazer com que todos sofram.

“Repetindo para que todos entendam: vacina é estratégia coletiva. Precisamos do maior número em todos os lugares vacinados. Imunidade coletiva”, disse. “Nossa briga deve ser pelo acesso universal às vacinas e não ‘eu tenho dinheiro e posso pagar para me salvar’. Ninguém se salva sozinho se não salvar a todos. Essa é a lição do vírus. Ou entendemos ou afundamos juntos”.

Na segunda-feira, 02/01, Ethel foi anunciada pela ministra Nísia Trindade como secretária da pasta de Vigilância. Ela é pesquisadora, enfermeira e doutora em epidemiologia, além de professora titular na Universidade Federal do Espírito Santo.

Vacina nas crianças

Em nota técnica divulgada na última quarta-feira, 04/01, o Ministério da Saúde recomenda a aplicação de dose de reforço da vacina contra a COVID-19 em crianças com idade entre 5 e 11 anos. Segundo a pasta, a orientação parte de estudos científicos que apontam o aumento de proteção com a dose complementar.

A nota define que o intervalo entre a segunda dose e a dose de reforço deve ser de, pelo menos, quatro meses. De acordo com a publicação, a imunização complementar, no caso de crianças que tomaram a primeira e a segunda dose da Pfizer ou da CoronaVac, deve ser feita com a vacina pediátrica da Pfizer.

“Para a análise da recomendação de dose de reforço para esse público, entre outros critérios, foi observado o aumento dos níveis de anticorpos depois da aplicação da dose complementar. No estudo clínico, as crianças avaliadas apresentaram aumento de seis vezes no número de anticorpos após a dose de reforço”, informou o ministério.

Em outra subanálise, segundo a pasta, o reforço da vacina da Pfizer se mostrou eficaz também contra a variante Ômicron, com aumento de 36 vezes na produção de anticorpos na faixa etária dos 5 aos 11 anos de idade. “Esses resultados mostram a importância de completar o ciclo vacinal contra a COVID-19, para garantir que os imunizantes atinjam a eficácia completa e protejam contra casos graves e mortes pela doença. Mesmo quem perdeu o prazo recomendado deve procurar um posto de vacinação”, reforçou o ministério. A pasta também recomenda a administração simultânea de vacinas contra a COVID-19 com outros imunizantes do calendário vacinal infantil.