Charles Fantin: dinheiro será para tratamento
A matéria publicada pelo SERRANOSSA sobre a condenação da Fundação Parque de Eventos e Desenvolvimento de Bento Gonçalves (Fundaparque) a pagar uma indenização que ultrapassa os R$ 2,5 milhões para Charles Fantin teve grande repercussão na comunidade. Foi a 8ª matéria sobre o caso em dois anos. Mas, ao contrário do que se esperava, nem todo o retorno foi positivo. A família de Charles diz estar sofrendo com comentários pejorativos, fofocas e até pedidos de auxílio financeiro de pessoas desinformadas e mal intencionadas. O jovem foi baleado no pescoço durante assalto na Fundaparque em 2002 e ficou tetraplégico e dependente de aparelhos para respirar.
Depois de ser julgado em duas instâncias, no dia 6 de maio foi definido o valor da condenação: R$ 2.638.019,82. Um recurso da decisão está sendo analisado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, ainda sem previsão para julgamento. O valor, devidamente corrigido, será pago em parcelas mensais até Charles Fantin completar 72 anos de idade. Segundo a mãe do rapaz, Iraci Fantin, a indenização não começou a ser paga. “As pessoas estão falando e nos apontando na rua sem saber da nossa real situação. Nós ainda nem começamos a receber a pensão mensal, a primeira parcela será paga agora em junho”, comenta.
“O que nos deixa triste é ouvir pessoas falando que não merecemos esse dinheiro”, lamenta a mãe
Iraci diz que ainda não tem uma confirmação de quando irão receber a quantia atrasada. “Até agora sabemos que Charles terá direito a essa pensão mensal. O que nos deixa triste é ouvir pessoas falando que não merecemos esse dinheiro, que agora estamos ricos ou coisas assim”, lamenta. Ela lembra ainda que com a quantia mensal será possível contratar enfermeiras para ajudar nos tratamentos. “Desde o acontecimento, eu e meu marido nos viramos sozinhos, sem enfermeira. Só de remédios são mais de R$ 800 por mês. Grande parte disso nós ganhamos do governo, mas ainda tem aparelho de respiração, cadeira de rodas e viagens, além das necessidades básicas diárias”, afirma.
O pai de Charles, Ivalino Fantin, confirma que alguns tratamentos são improvisados em casa mesmo. “Um exemplo é a fisioterapia. Nós mesmos fazemos o tratamento de forma adaptada, pois não temos condições de pagar o trabalho de um profissional. Então, para isso que será usado o dinheiro, exclusivamente para o tratamento do Charles”, desabafa. O maior montante a ser recebido pela família diz respeito aos atrasados que a Fundaparque terá de pagar. Quanto a isso, Fantin explica o que será feito com o valor, ainda incerto. “Nós queremos dar condições para o Charles, adaptar toda a casa, colocar um elevador para facilitar as saídas dele. Nós não sabemos até quando poderemos estar junto cuidando dele, então esse dinheiro também servirá para garantir um bom futuro”, diz o pai.
“Ficamos chateados com as pessoas nos apontando na rua achando que estamos milionários”, diz o pai
Durante visita da reportagem à casa da família, dona Iraci fez questão de reforçar que a vitória na Justiça não muda a realidade. “Gostaria de explicar para as pessoas que nós não estamos ricos como estão dizendo, esse será um dinheiro para melhorar as condições do Charles e, reforço, não sabemos quando nem como vamos receber”, afirma. O pai também se diz triste com as fofocas. “Ficamos chateados com as pessoas nos apontando na rua achando que estamos milionários”, lamenta.
A decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) definiu que a Fundaparque deverá efetuar o depósito mensal das parcelas determinadas, sempre até o quinto dia útil de cada mês. Em relação às parcelas vencidas, a Justiça penhorou parte dos bens da entidade, incluindo o sistema de ar-condicionado e até 30% da receita obtida com o aluguel dos pavilhões para eventos, até que sejam quitadas e haja um acordo entre as partes.
Reportagem: Jonathan Zanotto
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