Cinco meses de luta pela vida
Uma rede de solidariedade se instalou em Bento Gonçalves para ajudar uma pequena de tamanho, mas gigante na força: Valenthina Ferrarez, de apenas cinco meses, nasceu com os pés e dedos das mãos tortos, sem queixo e céu da boca, com trombose e com problemas no coração. Desde que veio ao mundo, uma luta incessante pela vida da menina mobilizou os pais Jovana e Alex Ferrarez, que tiveram sua rotina alterada drasticamente.
Com o sonho de ter o segundo filho – Jovana e Alex também são pais de Nicolas, de 5 anos –, o casal planejou com cuidado e dedicação a vinda de Valenthina. Todos os exames de pré-natal foram feitos e tudo levava a crer que mais uma criança saudável chegaria para alegrar suas vidas. Mas no dia 7 de junho, data do nascimento da menina, a felicidade deu lugar ao medo e a angústia. “Quando ela nasceu, não ouvi o chorinho dela e a médica disse que os batimentos estavam caindo e que ela tinha que ir, imediatamente, para a UTI. Lembro apenas disso, só acordei na sala de recuperação querendo muito ver minha filha”, conta Jovana, que só conseguiu ver o rosto de Valenthina dois dias depois, devido ao período de recuperação da cesárea. O primeiro abraço só pode ser dado após 87 dias do nascimento.
No princípio, a família foi informada que a pequena teria nascido com uma síndrome rara, porém, logo depois, foi comprovado que não se tratava da doença. Cinco meses mais tarde, os pais ainda não sabem qual é a real enfermidade da filha, mas aguardam com ansiedade um exame de genética que foi encaminhado para a Espanha, para detectar se as más formações são decorrentes de alguma doença específica. Os resultados devem ser apresentados dentro de um mês.
Enquanto isso, a família luta para manter a qualidade de vida de Valenthina da melhor forma possível. “Estão sendo meses difíceis. Ela já passou por cinco cirurgias, terá que ser submetida a outras no decorrer de sua vida e estamos fazendo de tudo, de tudo mesmo, para salvar nossa menina”, conta o pai, que teve que deixar o emprego em uma metalúrgica para se dedicar à filha. “Só para ter ideia, ficamos 87 dias na UTI em Porto Alegre, mais dezenas de dias no hospital de Bento ou em Caxias, além das diversas vezes que tivemos que ir correndo para o plantão, porque ela estava muito debilitada. Não tinha a menor condição de seguir no trabalho”, justifica.
Dentre as cirurgias, Valenthina foi submetida à colocação de uma sonda para poder se alimentar. Com cinco meses de vida, ela tem o peso e o tamanho de uma criança recém-nascida, com menos de quatro quilos. O procedimento foi realizado em Bento, por meio de um plano de saúde local. No entanto, depois da operação, a família foi surpreendida com outros problemas. “A sonda que foi colocada na Valenthina foi muito diferente do material prometido pelo médico. Era para ser uma pequena, discreta e que não agredisse muito minha filha. Mas, quando a vimos, era muito grande e ficava bem para fora da barriguinha. Além disso, ela sofreu com infecções no local. Quando fomos ao hospital de Porto Alegre, a médica condenou a colocação de uma sonda tão grande e nos encaminhou para uma médica de Caxias do Sul que, por sua vez, afirmou que será necessária uma nova cirurgia para a colocação de uma sonda menor”, explica o pai.
Depois que essa informação veio a público, o plano de saúde local comprometeu-se a ressarcir a família com o dinheiro gasto nas consultas pós-cirurgia e também a bancar a nova. “Só de pensar que ela passará por esse novo sofrimento e que isso não seria necessário é muito triste para a gente”, lamenta o pai.O que a família espera é que a filha continue sendo valente, vença todas essas batalhas e que, caso ocorra a confirmação de que Valenthina é portadora de uma doença, o tratamento seja adequado e ela encontre a cura. “Temos muita fé que ela cresça, se desenvolva, e que tenha uma vida plena e feliz. A gente tem se dedicado integralmente, a cada minuto mesmo, para que isso aconteça”, garante a mãe, que se reveza todas as noites com o pai na hora de dormir, para não deixar a menina desassistida.
Doações para a família
Além de campanhas de diversas associações e órgãos, a família Ferrarez tem recebido ajuda de toda a comunidade. E as necessidades são muitas: além dos gastos com medicação, consultas, transporte para Porto Alegre e Caxias do Sul, eventuais estadias na capital gaúcha, leite específico antialérgico (com custo médio de R$ 150), a família ainda tem gastos com aluguel, alimentação e também nas necessidades do pequeno Nicolas, filho mais velho de 5 anos, que vem sofrendo com as constantes ausências dos pais. “Desde que a Valenthina nasceu, dedicamos todos nossos recursos e atenção a ela. Por vezes, o Nicolas chegou a nos pedir, ao telefone, se a gente ia voltar para ele, afinal, passamos mais de dois meses em Porto Alegre. É difícil para uma criança entender que, de uma hora para a outra, os pais não estão mais ali, ajudando no que ele precisa”, lamenta o pai, em lágrimas, ao contar que, por vezes, teve que deixar o filho com pessoas desconhecidas para poder levar a menina para o hospital. “Estamos aceitando toda e qualquer doação. Inclusive roupas para o Nicolas e para a gente. Não compramos mais nada para a gente e para dentro de casa”, relata o pai, que contabiliza mais de R$ 50 mil em gastos até então.
Ajude a Valenthina
Qualquer quantia em dinheiro pode ser depositada na seguinte conta:
Banco do Brasil, agência 0181-3, conta 742147, em nome de Alex Ferrarez.
Para auxiliar de outras formas, entrar em contato com a própria família, pelos telefones 8432-0860 ou 9671-6008.
Reportagem: Raquel Konrad
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