Cinco pessoas da mesma família são condenadas

Mais de um ano após a operação que resultou na apreensão de cerca de 43kg de drogas – entre maconha, cocaína e crack –, nos bairros Conceição e Progresso, cinco acusados foram condenados. A ação foi realizada pela Polícia Civil, em parceria com a Brigada Militar, e coordenada pelo então delegado titular da 1ª Delegacia de Polícia de Bento Gonçalves, Leônidas Augusto Costa Reis. Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos no dia 11 de agosto, na rua Luiz Tomedi, bairro Conceição, e no dia 8 de setembro, na rua Amabile Campagnolo Sonza, bairro Progresso. O volume apreendido é o maior nos últimos sete anos, mas o que mais chama a atenção é o parentesco entre os acusados. 

No bairro Conceição, os policiais encontraram 377,5g de maconha, prontos para venda; 66 pedras de crack (27,79g), também prontas para venda; 309,2g de cocaína; 4 tijolos de maconha (3,191kg); um rolo de plástico transparente; diversos pedaços de plástico branco (possivelmente destinados para embalar as drogas); duas balanças de precisão; e um bilhete com anotações referentes à venda de drogas. 

No interior da moradia estavam a proprietária da casa, Doraci Emília da Silva (mais conhecida como Dora), seu filho Quelven Rodrigues da Silva, sua filha Deisiane Rodrigues da Silva e o marido, Marcos Menegotto, Rosane da Silva, casada com Sandro Rodrigues da Silva (filho de Dora), e a filha adolescente. 

Na moradia de Sandro e Rosane, na parte inferior do imóvel onde estavam os acusados, os policiais encontraram cerca de R$ 4,5 mil em dinheiro, diversos celulares e equipamentos eletrônicos. Durante a ação, a polícia foi informada de que a vizinha da família, Janete Terezinha Borge Menegotto (mãe de Marcos Menegotto) teria jogado duas sacolas em um matagal próximo. Na rua Alcides Mauri Scussel, foram encontrados 3kg de maconha e uma bolsa feminina contendo 600 pedras de crack envoltas em papel alumínio, separadas em sacolas com cinquenta pedras cada. A operação prendeu em flagrante Dora, o filho Quelven – com quem os policiais encontraram uma porção de maconha escondida na cueca – e a nora Rosane, cuja filha foi apreendida.

Na manhã do dia seguinte, uma nova ligação anônima levou os policiais a encontrarem, no mesmo matagal, diversos tijolos de maconha, pesando 37kg, uma pedra de crack de 395g e mais 383g de crack separadas em embalagens com 50 pedras. 

Bairro Progresso

No segundo cumprimento de mandado, desta vez na casa de Deisiane e Marcos, no bairro Progresso, novamente uma grande quantidade de entorpecentes foi encontrada. O casal foi abordado quando chegava na residência. No interior, os policiais apreenderam 1,9kg de maconha; 22,1g de crack; 7,9g de cocaína; um revólver calibre .357, que havia sido furtado em São Leopoldo em 2001; uma pistola calibre .765; R$ 8,6 mil em dinheiro; joias; aparelhos eletrônicos; fita crepe; diversos cartuchos; materiais utilizados para embalar e fracionar as drogas; e vários pedaços de plástico branco. Em buscas no sótão da casa, foi localizado um “laboratório” onde a droga era fracionada e embalada para venda. Os veículos do casal também foram averiguados durante a ação. Debaixo do banco do passageiro de um automóvel Celta, dirigido por Deisiane, foi encontrado um tijolo de maconha, pesando cerca de 720g. Além do Celta, um Chevette, também com placas de Bento Gonçalves, foi apreendido.

Consumo próprio

Os suspeitos foram indiciados pela Polícia Civil por associação ao tráfico de drogas. Durante o trâmite processual, no entanto, o Ministério Público pediu a absolvição dos acusados sob alegação de que não existiam provas concretas. “Desta forma, embora tenha restado demonstrado o vínculo associativo entre alguns dos acusados – característico da coautoria –, não ficou evidente o caráter permanente e estável de tal associação”, enfatizou a juíza Fernanda Ghiringhelli de Azevedo, na sentença condenatória.

Durante o andamento do processo, o acusado Quelven alegou que a droga encontrada na residência da mãe era sua e que exercia sozinho o tráfico de drogas no local. “Restou claro seu propósito de isentar os demais acusados de qualquer responsabilização na empreitada delitiva, bem como esvaziar a acusação pelo delito de associação para o tráfico, ação esta que já previa a autoridade policial, a qual foi pontual em asseverar que é conduta comum, na família dos acusados, um confessar o delito a fim de se obter a absolvição dos demais, até mesmo para manter ativo o comércio de drogas”, enfatiza o documento. 

A mesma tese foi defendida por Marcos, ao afirmar que a droga encontrada em sua moradia (cerca de 2kg de maconha e uma quantidade de crack e cocaína), era para consumo dele mesmo e de três outros amigos. “Outrossim, o envolvimento dos réus Marcos Menegotto e Deisiane Rodrigues da Silva no comércio de drogas é inafastável, não calhando, desta forma, a tese defensiva, tampouco a alegação de que a maconha encontrada no interior do veículo Celta fora enxertada pela polícia. É comum que, em casos como o da espécie, os réus, no intuito de não serem responsabilizados criminalmente pelos atos praticados, aleguem perseguição policial, agressões físicas e enxerto, pela polícia, da droga”, reitera. 

Rosane solicitou transferência para a PICS, em Caxias do Sul, e cumpre pena no local desde o dia 27 de setembro. Através de um Habeas Corpus, Deisiane teve a liberdade concedida no último dia 23.

Sentença

A condenação dos acusados foi proferida no dia 1º de outubro e absolveu os réus Sandro e Janete das acusações de associação ao tráfico de drogas. “Há indícios de que agiam em coautoria com os demais réus, especialmente em razão dos relatos dos policiais civis e militares, porém nada se produziu em juízo para confirmar a condenação. Ambos não estavam presentes na ação de apreensões e prisões dos acusados”, analisa. 

Dora, seu filho Quelven e sua nora Rosane foram condenados por tráfico de drogas e por praticar o ato próximo a uma escola. Dora foi condenada a 7 anos e 7 meses de reclusão e 700 dias/multa; Quelven a 6 anos e 5 meses de prisão e 800 dias/multa; e  Rosane a 7 anos de prisão e 700 dias/multa. A outra filha da Dora, Deisiane, flagrada com drogas junto com o marido, foi condenada a 4 anos e 7 meses de detenção e 600 dias/multa por tráfico. Seu companheiro, Marcos, foi sentenciado a 7 anos e 7 meses de reclusão e 620 dias/multa pelo crime de tráfico de drogas e por posse ilegal de arma de fogo e de munição de uso restrito. Houve representação da adolescente no Juizado da Infância e Juventude e ela cumpriu medida socioeducativa.

Os condenados Dora e Menegotto cumprem a pena no regime fechado do Presídio Estadual de Bento Gonçalves. Quelven foi transferido para o Presídio Estadual de Ijuí após causar um motim.


É proibida a reprodução, total ou parcial, do texto e de todo o conteúdo sem autorização expressa do Grupo SERRANOSSA.

Siga o SERRANOSSA!

Twitter: @SERRANOSSA

Facebook: Grupo SERRANOSSA

O SERRANOSSA não se responsabiliza pelas opiniões expressadas nos comentários publicados no portal.

Enviar pelo WhatsApp:
Você pode gostar também