Aos 12 anos, Marisete Manoel Cantarelli frequenta as aulas de reforço de português, de matemática e de artesanato no Círculo Operário Bento-Gonçalvense (COBG) há mais de um ano. Na última quinta-feira, dia 12, ela foi escolhida para ser uma das leitoras durante a visita da escritora Marilia Pirillo ao Ponto de Leitura localizado no edifício da entidade, uma das atividades que integram a programação da 28ª Feira do Livro. O evento segue até o próximo domingo, dia 22, na Via Del Vino.
Marisete faz parte do grupo com aproximadamente 100 estudantes, entre crianças e adolescentes de oito a 17 anos, atendidos no contraturno escolar pelo Projeto Educação e Transformação (PET). A iniciativa incorpora o Programa de Desenvolvimento Circulista, que tem por objetivo atender a jovens provenientes de escolas públicas com índices consideráveis de vulnerabilidade social. As atividades são desenvolvidas na sede do COBG e na Escola Estadual de Ensino Fundamental General Amaro Bittencourt, no bairro Aparecida.
Paralelamente às oficinas de violão, desenho, meio ambiente, artesanato, informática e jogos de tabuleiro e ao reforço de português e matemática, os alunos recebem orientações reflexivas sobre cidadania. “Gosto de vir aqui porque faço amizades e aprendo algo novo a cada aula”, declara Gustavo Mejolaro Barella, de 10 anos, estudante do terceiro ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Ernesto Dorneles (bairro Universitário), participante das aulas de informática do Círculo.
De acordo com a pedagoga Taiane Dorigon, o objetivo é buscar o desenvolvimento integral, possibilitando experiências reveladoras de talentos e de crescimento humano. Um grupo de apoio formado por psicóloga, pedagoga e psicopedagoga acompanha as necessidades emocionais dos alunos e de seus familiares. “Procuramos conhecer a realidade familiar da criança. Fazemos reuniões mensais com o objetivo de entender as individualidades de cada um, para formar cidadãos críticos e de bem”, explica.
Diferenças
Em agosto, o Círculo promoveu um bingo no Lar do Ancião de Bento Gonçalves. A ideia foi proporcionar momentos de lazer e divertimento, integrando jovens e idosos. Na ocasião foram formadas duplas entre as duas gerações, promovendo, consequentemente, uma experiência enriquecedora para ambas. Dilleta Tramontina, de 95 anos, ficou emocionada ao descobrir que o grupo de jovens era de um projeto realizado pelo COBG. “Meu Círculo Operário! Eu fui uma das primeiras sócias”, disse, sorridente. Para a moradora do Lar do Ancião, foi recompensador ver que a associação segue atuante na sociedade.
“A atividade promoveu o amadurecimento emocional dos alunos e o entendimento sobre a velhice, para que eles pensem sobre a valorização dos idosos de sua família. O bingo em dupla uniu gerações com ritmos diferentes. Isso exigiu o exercício da paciência dos adolescentes, que precisaram controlar o ímpeto imediatista”, analisa a pedagoga Taiane.
Reportagem: Priscila Boeira
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