Clandestinos com os dias contados

Para o presidente da Associação de Recicladores Pinheiros, Luís Rosa de Oliveira, o que dificulta o trabalho das associações é a qualidade do material que chega até eles. “Papelão, que é o produto mais nobre, praticamente não vem. Recebemos muitas sacolas de lixo doméstico, onde a maior parte dos resíduos tem custo baixo para a venda”, desabafa. Depois do papelão, o que gera maior lucro são as garrafas PET, entretanto é preciso uma grande quantidade de embalagens para acumular um quilo. “O que nos sobra é só refugo”, protesta Nadir dos Santos, uma das trabalhadoras da Pinheiros. O problema, segundo ela, é a coleta de papelão feita por particulares, os considerados catadores clandestinos. “Já até pensei em vender meu carro para comprar um caminhãozinho e catar papelão nas ruas”, confessa o presidente.

Além dos clandestinos, três associações possuem veículo próprio para auxiliar na coleta: Universitário, Ouro Verde e São Roque. Somadas, elas têm cerca de 80 pontos fixos para recolhimento, a maioria lojas. A com maior número de pontos é a Associação de Recicladores do Ouro Verde, presidida por Claudir Bortolotto. O retorno do material coletado desta maneira é mais vantajoso, tanto que a entidade paga R$ 1,5 mil mensais de aluguel para os dois caminhões que possui. A medida garante incremento no salário dos 17 funcionários.

Luís Guzzo, do setor de fiscalização da Smmam e responsável pelas associações de reciclagem, reconhece que o sistema de distribuição do material para as associações ainda está em fase de ajustes. “Fizemos um planejamento para que cada entidade receba sempre o lixo de determinada localidade”, observa. “Infelizmente nos dias de chuva e feriados a coleta é prejudicada”, acrescenta. O maior dos problemas, entretanto, é a existência de atravessadores, que ficam com a melhor fatia do lixo reciclado. “Na maioria das vezes, eles reviram as lixeiras em busca do papelão, jogando no chão ou para fora das sacolas o restante do material”. O que estiver caído no chão infelizmente não é recolhido pela empresa contratada, diminuindo o material com potencial de ser reciclado. Além de coletores particulares, há ainda caminhões que vêm de outras cidades, como Caxias do Sul.

O prazo para que estas práticas tenham fim é 30 de junho, limite também para os caminhões das associações continuarem fazendo a coleta nas ruas da cidade. Após esta data, a coleta em pontos comerciais será feita por um caminhão próprio da secretaria ou até mesmo pela empresa contratada. “Vamos trabalhar em conjunto com as lojas e empresas, para que elas saibam que não é mais para destinar o material a catadores clandestinos”, conta. O que for recolhido será dividido igualmente entre as associações.

Carina Furlanetto

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