Clima: instabilidade causa danos à agricultura
Os produtores de frutas de Bento Gonçalves e região não poderão contar com a ajuda de um fator determinante no volume da safra: o clima dos meses de inverno está fora dos padrões normais, o que deve gerar prejuízos consideráveis, principalmente nas culturas de pêssego, ameixa e uvas precoces.
Conforme nota divulgada pela Embrapa Uva e Vinho na última semana, agosto de 2015 foi o mais quente nos últimos 75 anos, além de ter registrado apenas 46% do volume de chuva esperado para o período. O total acumulado de horas de frio (temperaturas abaixo de 7,2°C) foi nulo, enquanto a expectativa para o mês é de 78 horas.
Essas irregularidades meteorológicas anteciparam a brotação de cultivares de uvas precoces, como as americanas “Isabel”, “Concord”, “Bordô”, “Niágara branca” e “Niágara rosada”, e viníferas “Chardonnay” e “Pinot noir”, variedades que acabaram sofrendo danos com a inesperada geada do último final de semana. “O calor alterou a fisiologia das plantas, que brotaram antes. O granizo e a geada, posteriormente, causaram prejuízos no volume da produção em locais de maior altitude, como São Pedro e Pinto Bandeira”, explica o enólogo da Emater, Thompson Didoné.
A possibilidade do crescimento de novos cachos varia conforme a espécie da uva – as com gemas basais ainda podem brotar, de acordo com Didoné. “Ainda não temos como saber quanto à qualidade, mas a quantidade certamente será reduzida. Prevemos uma perda de 6% a 7% na produção”, avalia.
Estragos
Dirceu Antônio Moroni, produtor de Pinto Bandeira, calcula uma perda de 15 mil quilos de uva “Isabel” após estragos causados pela geada que atingiu os vinhedos, junto da neblina, que mantém a umidade nos galhos. “Foi mais ou menos essa quantidade que colhi no início deste ano e agora está tudo perdido. Já tinha podado e não tinha como prever que faria tanto frio só em setembro. O seguro cobre apenas danos de granizo e não de geada”, lamenta.
Enquanto cultivares de uvas tardias, como “Cabernet Sauvignon”, “Tannat,” “Merlot” e “Moscato”, não devem ter produção afetada, pomares de pessegueiros e ameixeiras sofreram as maiores lesões. A Emater avalia que a redução na colheita na região pode passar de 60%. “Ao contrário da videira, que estava em brotação, o pessegueiro já estava em estado mais avançado de crescimento, na etapa de enchimento do fruto”, afirma Didoné. Apesar do dano não ser visível externamente, quando o caroço das frutas é afetado, elas interrompem seu desenvolvimento.
A Emater e a Embrapa indicam aos agricultores que procurem orientação técnica para tratar suas plantações, já que cada cultivar deve ser avaliada e cuidada especificamente. “É preciso ter cautela para não prejudicar a planta ainda mais”, alerta Didoné.
Reportagem: Priscila Pilletti
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