Coleta de lixo eletrônico cresce em associação

Mais de 40 toneladas de lixo eletônico foram recolhidas em Bento Gonçalves em 2012. A quantidade equivale, em média, a cerca de 350 gramas para cada um dos 109,6 mil habitantes do município, mais ou menos o peso de um telefone celular comum. Os números praticamente duplicaram em relação a 2011, quando foram recolhidas 26,837 toneladas.

Segundo o secretário geral da Associação Ativista Ecológica (AAECO) de Bento Gonçalves, Gilnei Rigotto, o aumento deve-se, principalmente, ao maior descarte de monitores. “As multinacionais têm a filosofia da obsolescência planejada. Os novos produtos vão para o mercado com os dias contados. O governo deveria criar uma lei responsabilizando a indústria pela assistência técnica por um período de dez anos”, opina Rigotto.

Além de eletrônicos, em 2012 a AAECO recolheu e deu destino adequado a 1,5 tonelada de óleo de cozinha, enviando a uma fábrica de biodiesel, e 1 tonelada de pilhas foram entregues a uma recicladora localizada na Linha Brasil, em Pinto Bandeira. 

Os eletrônicos são encaminhados para Porto Alegre, mas antes passam por uma triagem: os produtos em funcionamento são doados para entidades assistenciais e escolas e objetos raros recebem reparos e permanecem na AAECO. A ideia de Rigotto é criar um museu para expor televisores, rádios, toca-fitas, toca-discos e outros itens obsoletos, porém importantes para a história. “Recebo raridades aqui. Ontem mesmo me deliciei assistindo duas fitas VHS da banda Yes. Estamos jogando no lixo a história. Apesar de a internet fornecer muita informação, nem todo mundo tem acesso”, afirmou Rigotto ao SERRANOSSA no início da semana.

Obsoletos e perigosos

Após o fechamento de um recicladora irregular em Faria Lemos há um ano, cerca de 3 mil monitores cinescópios, mais conhecidos como monitores CRT, aguardam destinação correta nas dependências da secretaria municipal de Obras de Bento Gonçalves. “No país, só existe uma empresa em São Paulo que descontamina monitores. Os que estão na prefeitura serão encaminhados para lá. A AAECO vai acompanhar de perto e cobrar providências”, garante Rigotto. Os monitores CRT pesam cerca de 13 quilos e 20% deste peso é chumbo, um metal altamente tóxico ao meio ambiente.

Lixo recolhido

2012
– Lixo eletrônico: 40 toneladas;
– Óleo de cozinha: 1,5 tonelada;
– Pilha: 1 tonelada.

2011
– Lixo eletrônico: 26,837 toneladas;
– Óleo de cozinha: 890 litros;
– Pilha: 1,1 tonelada.

Onde descartar

A Associação Ativista Ecológica (AAECO) recebe descarte de lixo eletrônico, óleo de cozinha e pilhas em sua sede localizada na avenida Osvaldo Aranha, 493, no bairro Cidade Alta. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (54) 3452 9710.

Curta duração

Nem só produtos eletrônicos velhos e obsoletos viram lixo hoje em dia. Aparelhos novos também podem ser descartados quando, danificados, não têm mais conserto. E em Bento Gonçalves ainda é bastante difícil encontrar assistência técnica especializada para os eletrônicos mais modernos.

A empresária Aline Lorenzini aposentou seu tablet após um mês de uso. O aparelho caiu no chão e trincou a tela, comprometendo a função “touchscreen”: o tablet não pode ser ligado. “Recebi algumas indicações aqui em Bento, mas o máximo que ouvi é que havia uma remota possibilidade de conserto, se eu comprasse uma tela separadamente pela internet. Também pesquisei uma empresa em Porto Alegre, mas colocando na ponta do lápis os gastos de deslocamento e despezas, sairia mais em conta comprar um novo”, afirma.

Segundo Rodrigo Felippe, técnico da empresa T&C Tecnologia, ainda não existem profissionais na região qualificados para essa demanda. “A maioria desses produtos são montados para não abrir. Quando um tablet trava, não conseguimos formatar e reinstalar o android. Até mesmo os novos celulares são complicados”, diz.
Problema vira oportunidade.

Após estudar Administração de Empresas nos Estados Unidos, André Irigoyen voltou para Porto Alegre pronto para investir neste nicho de mercado. A iHelpu existe há apenas um ano e recebe em média 160 aparelhos ao mês de diversas cidades do Rio Grande do Sul e até de outros Estados. “Cerca de 80% do que recebemos são iPhones e iPads com tela quebrada. Geralmente, só não têm conserto os aparelhos que caem na água, o restante sempre pode ser recuperado por um valor bem mais em conta que o de um novo”, esclarece.

Reportagem: Priscila Boeira


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