Coleta de papelão deve passar por mudanças

Para quem vive da coleta de lixo reciclável, o papelão é um dos materiais com melhor retorno financeiro. E em Bento Gonçalves, o papelão posto no lixo por estabelecimentos comerciais do centro vem sendo alvo de uma verdadeira disputa entre catadores regularizados perante a prefeitura e trabalhadores clandestinos. Para organizar o serviço na cidade, a prefeitura quer impedir que caminhões irregulares de fora da cidade recolham o material reciclável em Bento Gonçalves.

Em maio do ano passado o SERRANOSSA havia noticiado que o prazo de permissão para a coleta direta nas ruas iria até junho. Três associações de recicladores possuíam veículo próprio com autorização temporária da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smmam) para fazer a coleta, mas catadores clandestinos, muitos vindos de outras cidades da região, como Caxias do Sul, também trabalhavam na cidade. Sete meses depois, a situação não é diferente.

De acordo com o secretário municipal do Meio Ambiente, Adriano Nunes, a primeira medida a ser tomada pela Smmam é tentar barrar caminhões de fora da cidade. “Vamos conversar com órgãos como Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (Ipurb) e Departamento Municipal de Trânsito (DMT) para ver como eles podem nos auxiliar nessa questão”, comenta. “Não podemos suspender toda a coleta de papelão no momento, pois no começo deste ano houve acúmulo do material que vai para as associações.”

Horários de coleta ainda sem alteração 

A Smmam também deverá estudar a alteração dos horários que os caminhões que fazem o recolhimento do lixo passam pelo centro da cidade. A reclamação de motoristas e de moradores da área central é de que o serviço de coleta atrapalha o trânsito em horários de pico. O horário de início da coleta no centro já foi alterado em 2011, passando das 18h para as 16h30, segundo Dejair Prestes Kilka, gerente da RN Freitas, empresa que faz o serviço. A ideia inicial, que ainda não foi viabilizada, é que a coleta passe a ser feita à noite.

O secretário municipal do Meio Ambiente, Adriano Nunes, quer reunir-se com o ex-secretário Airton Minúsculi para informar-se sobre o processo de alteração dos horários de coleta em todo o município. Ao SERRANOSSA, no ano passado, Minúsculi havia anunciado também que a prefeitura tinha intenção de assumir a coleta de papelão para depois distribuir o material em quantidades iguais entre as associações. Segundo Nunes, que assumiu a pasta há cerca de duas semanas – antes era diretor da secretaria -, somente após esse encontro poderão ser tomadas decisões quanto ao assunto.

Demanda extra no final do ano

O aumento na quantidade de lixo reciclável disponível para coleta no final do ano fez com que algumas recicladoras trabalhassem além da capacidade máxima de processamento. As duas maiores da cidade, no bairro Barracão e em São Pedro, passaram a trabalhar no período noturno para diminuir a grande quantidade de lixo acumulado. Um morador de São Pedro, que prefere não se identificar, relatou ao SERRANOSSA que em apenas um dia oito caminhões depositaram lixo na recicladora da localidade. A grande quantidade de lixo acumulado no lado de fora do pavilhão da recicladora gerou cheiro forte e atraiu moscas e ratos.Segundo o secretário municipal do Meio Ambiente, Adriano Souza Nunes, o que ocorreu é normal. “Isso acontece todo o ano devido ao acúmulo de lixo, principalmente nessa época. O que contribui também é o processo muito antigo das recicladoras, que ainda utilizam mesas, e não uma esteira, para separar o lixo”, explica. 

Pavilhão único

Um antigo projeto da Secretaria Municipal do Meio Ambiente é a construção de um pavilhão único, transformando as usinas de reciclagem em uma cooperativa que utilizaria equipamentos mais modernos, o que possibilitaria melhor aproveitamento do material reciclável. Enquanto o projeto não é finalizado, todo o lixo reciclável produzido na cidade é dividido entre sete usinas de reciclagem, uma de lixo eletrônico e outra para reciclagem de vidro. Para Nunes, as usinas que hoje funcionam na cidade conseguem realizar com eficiência a separação do resíduo produzido. 

Carina Furlanetto

Katiane Beal Cardoso

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