Coluna de Negócios & CIA, por Raquel Konrad

“Minha mocidade eu doei a Bento”

 

A frase acima, dita pelo empreendedor José Zorteá durante a homenagem que ele recebeu na última terça-feira, dia 18, pelo Centro da Indústria, Comércio e Serviço de Bento Gonçalves (CIC-BG), é uma demonstração dos seus esforços em prol da cidade e da nossa região. Zortéa foi e é um incansável defensor de nossa terra. Em seu discurso de agradecimento, que acompanhei atentamente, o empreendedor, modesto, chegou a dizer que não era merecedor, mas que aceitava a distinção. 

Quem sabe, o obstinado Zortéa não saiba que líderes como ele estão em extinção. São poucos os que dedicam suas próprias vidas em prol de uma comunidade, de uma cidade e do país. São muito poucos. Zortéa foi fundamental para a construção do desenvolvimento de Bento. Foi ele que liderou, enquanto presidente do CIC, do Senai e de outras entidades, a fundação do Simmme e do Sindimóveis, e teve direta participação na implantação da Embrapa Uva e Vinho em Bento Gonçalves, pleiteando, com outras lideranças, junto ao presidente Geisel. Sobre isso, inclusive, ele falou em seu discurso. “Nós escrevemos uma carta para o presidente Geisel solicitando que ele definisse que a Embrapa se instalasse aqui. Não por vaidade, por ser a cidade do presidente, mas por merecimento, em face dos investimentos que estávamos fazendo aqui, das responsabilidades que esta população tinha assumido com suas cantinas e das suas atividades agrícolas, nos parreirais e com a tecnologia. Nós tínhamos que defender os nossos investimentos e a Embrapa, nada mais justo, deveria ser fixada aqui, mesmo que tantos outros municípios estivessem disputando”, disse ele.

Embasado nestes argumentos, Zortéa falou que essa “intransigência” deveria ser aplicada nos dias de hoje. “É inadmissível que o Governo tenha tratado nossas estradas da forma que vemos hoje. Ou melhor, nunca tratou. Parece que estão transitando em direção ao inferno. Se os governos olhassem para nossas estruturações, tomassem conhecimento do trabalho que desenvolvemos aqui, do que arrecadamos, certamente eles teriam uma atitude descente. Cabe a nós, lideranças, lutarmos para sermos vistos”, enfatizou.Zortéa, que também foi presidente do Hospital Tacchini, onde participou da criação do Tacchimed, atuou em clubes de serviços, em entidades locais e estaduais, orgulha-se também das conquistas obtidas durante os 18 anos à frente do Senai-RS. Nesse período, a entidade triplicou sua atuação no estado, formando alunos nas profissões de que a indústria necessitava. Em 2014, foram 220 mil matrículas, através de 140 pontos de atendimento, feito com 2.000 funcionários.

O orçamento do Senai, hoje, só é superado por 12 municípios no Rio Grande do Sul. Na mesma época, o Senai iniciou sua participação também no Ensino Superior, com a inauguração da primeira faculdade em Porto Alegre, em 2007. Em meio a tantas conquistas, Zortéa lamenta o descaso com o clube Esportivo, do qual foi presidente e até hoje atua no conselho deliberativo. “Falam que o Esportivo não tem dinheiro, mas, na minha época, seis pessoas trabalhavam todos os dias para arrecadá-lo. Quando o tesoureiro precisava de dinheiro, a gente entregava. Acredito que dedicação resolva qualquer coisa”, aposta o empresário. 

Que o exemplo de Zortéa seja seguido por tantos jovens líderes que estão se formando em Bento. Que eles possam buscar soluções para as demandas e para as nossas carências e que, acima de tudo, pensem mais no povo do que no seu próprio umbigo. A solução está aí, né, Zortéa?! DEDICAÇÃO!

 

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