Com aumento de surtos de cinomose, vereador solicita vacinação em massa em Bento
Os casos de cinomose têm aumentado drasticamente nos últimos anos em Bento Gonçalves, principalmente em bairros mais vulneráveis. Nesses locais, centenas de cães vivem nas ruas, sem qualquer suporte veterinário. Esse cenário se torna propício para a disseminação do vírus CDV, que causa a cinomose canina, considerada a segunda doença mais letal em cães. “A cinomose tem caráter multissistêmico, afeta os sistemas respiratório, gastrointestinal, sistema nervoso central e tegumentar e é altamente contagiosa”, explica a veterinária Bruna Invernizzi Zauza.
Diante desse cenário, o vereador Thiago Fabris (PP), encaminhou na semana passada um ofício ao secretário de Meio Ambiente, Claudiomiro Dias, solicitando providências. Ele sugere a destinação de recursos do Fundo Municipal de Meio Ambiente para a compra de vacinas, além da realização de uma campanha de vacinação em massa, principalmente em cães de rua e naqueles de famílias mais vulneráveis. Conforme o próprio vereador, a solicitação ainda está sendo avaliada pelo conselho do Fundo e nenhuma posição foi repassada ao parlamentar até o momento.
Enquanto o Poder Público não toma providências sobre o assunto, dezenas de animais no município seguem morrendo em decorrência do vírus. Entre 2017 e 2020, 37 cães com cinomose foram resgatados pela ONG Patas e Focinhos. Desses, 20 vieram a óbito. “Os casos sempre existiram, mas o que se nota é o aumento dos casos ao longo dos anos com esse vírus, devido à falta de vacinação nos pets”, comenta a voluntária da ONG, Aline de Godoy.
Por não possuir sede, a Patas e Focinhos e outras ONGs de Bento dependem de lares temporários com isolamento, tendo em vista que os animais infectados não podem ter contato com outros cães. Poucas clínicas veterinárias da cidade oferecem espaços para isolamento, o que também dificulta a internação desses animais. “O ideal seria uma internação do animal, manter no soro para não ficar tão desidratado, devido a diarreias e vômitos, ou outras complicações, fazendo um tratamento via oral, e às vezes injetável”, ressalta a voluntária.
Além disso, o tratamento da cinomose requer cuidados ininterruptos e valores exorbitantes. Nos últimos meses, a protetora individual Letícia Béssega auxiliou no resgate de sete cães com cinomose em Bento, três no bairro Zatt, dois no Ouro Verde, e dois no bairro Aparecida. Cinco deles morreram e dois seguem em tratamento. Conforme a protetora, em menos de 15 dias, os gastos em clínicas veterinárias chegaram a R$ 10 mil (a pedido da protetora, as contas para ajudar a protetora estão ao final da matéria).
“Sabe-se que o vírus da cinomose atinge cães adultos e filhotes, porém a taxa de sobrevivência em filhotes é bastante baixa, por terem pouca imunidade”, comenta a voluntária Aline de Godoy.
Dessa forma, as voluntárias acreditam que a melhor solução seria uma campanha de vacinação, como proposto pelo vereador Thiago Fabris.
“Sempre foi um de nossos pedidos: castração e vacinação em massa destes animais de rua e famílias com baixa renda. Todos os animais que a ONG recolheu com essa doença, não resistiram à gravidade. As cenas de sofrimentos dos cães com cinomose são graves e, na maioria das vezes, ela não tem cura. Quando o animal consegue 'vencer' a doença, as lesões neurológicas são graves”, ressalta a voluntária da ONG Amigos Pet BG, Morgana Formalioni.
A voluntária Aline de Godoy também frisa a importância da conscientização sobre o assunto, “pois muitas pessoas alegam que não sabem dessas informações ou não sabiam que as vacinas são anuais”, explica. “Ainda é importante não deixar os animais darem as famosas ‘voltinhas’ nas ruas. Eles podem estar doentes ou não estarem vacinados, e isso aumentaria a proliferação. E não abandonar jamais os animais”, ressalta.
Sobre a cinomose
A cinomose e a parvovirose, de forma geral, são as doenças virais com maior taxa de mortalidade entre os cães. Após o diagnóstico, é essencial que o animal seja mantido em isolamento, iniciando o tratamento suporte. Além das medicações para tratar dos sintomas da cinomose, as terapias suporte também são a base do tratamento da doença. “Fisioterapia e acupuntura são bem-vindas após PCR negativo, para ajudar na reabilitação das sequelas neurológicas”, comenta a veterinária Bruna Invernizzi Zauza.
Para evitar a cinomose, a única maneira é vacinar os cães com médicos veterinários, “utilizando protocolos corretos, atualizados e vacinas éticas”, afirma. Para obter mais chances de sobrevivência e sucesso no tratamento, é necessário que o cão seja levado ao veterinário logo após os primeiros sintomas.
PIX para auxiliar protetora com casos de cinomose:
00074554026 (Clínica Simpaticão)
* Enviar comprovante pelo WhatsApp (54) 99919-6611, com Letícia.
Fotos: Arquivo pessoal