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Com o pós-pandemia e recursos financeiros, Cultura de Bento vive ‘boom’ de ações

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“Eu vejo a cultura como um processo de transformação social”, diz o secretário de Cultura de Bento Gonçalves, Evandro Soares

Fotos: Cultura Bento/reprodução Instagram

Após mais de três anos do início da pandemia de COVID-19, com a vacinação em dia e muita vontade de trabalhar por parte da comunidade artística, a cultura voltou a respirar. Bento Gonçalves, conhecida pelo turismo vibrante e uma diversidade de manifestações culturais, tem demonstrado que, após a pausa forçada e as adaptações, quer colocar em prática, por todos os cantos, o que de melhor a arte local tem a oferecer à população.

Seja com a já tradicional cultura italiana, que atravessa a cidade de ponta a ponta, ou com a cultura urbana, da galera do hip hop, por exemplo, não faltam opções para que as comunidades locais e turistas desfrutem, semanalmente, de arte. Segundo o secretário de Cultura de Bento, Evandro Soares, a pandemia deixou marcas e forçou adaptações, porém, com os riscos do vírus cada vez mais controlados (leia-se vacinação), uma onda de projetos e ações represados tem invadido o município – o que não é negativo de maneira alguma.

“Desde a retomada dos eventos, que começam lá com a Vindima, lá no inicio [do ano], até a sequência, eu vejo que o setor todo voltou a seu potencial total, porque muita coisa que estava represada acabou por sendo realizada. Ano passado foi um ano bem atípico, onde a gente praticamente não parou o ano inteiro por conta dessa retomada. Era a secretaria retomando seus eventos, a secretaria implementando todas as suas ações, vivendo numa nova perspectiva de pós-pandemia, com certo cuidado, e ao mesmo tempo muitas pessoas que tinham seus eventos ou que iam fazer eventos, então todo mundo retomando”, afirma Soares.

Entretanto, na visão do secretário, a quantidade e potência dos eventos de Bento não são novidade, pelo contrário, vai ao encontro do perfil do município, que com o passar dos anos tem se tornado referência nacional de cultura.

“Se pararmos para pensar, hoje em dia, a gente não tem um final de semana se quer que não tenha uma atividade cultural acontecendo. Isso seja na Fundação Casa das Artes, seja na Rua Coberta, seja no Centro da cidade. A gente está sempre com suporte ou realização de dois ou três eventos por final de semana. Então, eu vejo que assim, a gente vai bem, que isso é uma tendência, uma característica do nosso município realizar eventos, por acreditar que o evento é importe não só para a atividade cultural e valorização da cultura e da arte como um todo, mas porque acaba gerando outros ativos. Quando tu realiza um evento, ele atrai turista, ele movimento o comércio, movimenta a cidade, movimenta o posto de gasolina, movimenta hotel, movimento o ‘cara da segurança’. Então toda essa lógica da economia da cultura, economia dos eventos, que tá ligado a isso”, destaca.

Soares salienta que Bento, além do espírito cultural, tem certo diferencial: contém uma secretária de Cultura, o que não é tão comum em outros municípios. Além disso, a pasta, mesmo com as limitações financeiras – o que não é exclusivo de Bento – consegue oferecer à comunidade artística uma ajuda que faz a diferença.

“Sobretudo a gente tem um mecanismo, uma ferramenta de fomento que ela é muito importante e ela é constante. E quando eu digo de mecanismo de fomento é o nosso Fundo Municipal de Cultura, que todos os anos acaba por financiar projetos da nossa comunidade cultural, onde nós lançamos editais e esses editais destinando, contemplando recursos para que a própria comunidade possa se autodesenvolver dentro de todos os seguimentos. É claro, vai da liberdade de cada um de apresentar seus projetos nas suas áreas.”

Além do Fundo, outros dois recursos chegam em breve. Um deles é oriundo da Lei Complementar 195/2022, mais conhecida como Lei Paulo Gustavo. A legislação prevê o repasse de R$ 3,86 bilhões do superávit do Fundo Nacional de Cultura (FNC) a estados, a municípios e ao Distrito Federal para uso ainda em 2023. O Rio Grande do Sul será contemplado com R$ 198 milhões. O outro é a Lei 14.399/2022, a Lei Aldir Blanc 2, que institui a Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura, com o valor de R$ 3 bilhões. A política nacional prevista terá vigência de cinco anos e beneficiará trabalhadores da cultura, entidades e pessoas físicas e jurídicas que atuem na produção, difusão, promoção e preservação e aquisição de bens, produtos ou serviços artísticos e culturais, incluindo o patrimônio cultural material e imaterial.

“Nós vamos buscar esses recursos para poder investir no município. Através da Lei Paulo Gustavo outro um milhão de reais [deve entrar], para poder aplicar ainda esse ano. Segundo noticia do Ministério da Cultura, eles querem liberar o recurso da Lei Aldir Blanc 2 até agosto, então é mais um grande valor que a gente vai estar buscando e poder aplicar […]. Ou seja, nos próximos 5 anos, além daquele recurso que nos temos através do Fundo Municipal de Cultura, nós teremos um investimento dobrado por conta desse recurso que a gente vai poder alcançar nos próximos anos”, reforça o secretário.

Cultura nos bairros

A prefeitura de Bento, juntamente com a secretaria de Cultura, tem investido em levar atrações artísticas para dentro das comunidades, principalmente aquelas mais afastadas do centro da cidade. Seja com um público pequeno ou grandes multidões, ter cultura nesses locais faz com que novas perspectivas surjam, além de um sentimento de valorização e pertencimento.

“O prefeito [Diogo Siqueira] ele quer que cada vez mais a gente possa estar levando atividades para os bairros. Primeiro, para a gente poder valorizar o bairro, porque muitas vezes não é atendido com formas de lazer e entretenimento. E a cultura também é possível de proporcionar isso. E também a gente tem aquela visão que muitas vezes o pessoal do bairro não vem até o centro da cidade, ou não vem ate a Casa das Artes, ou não vem até a Rua Coberto. Então a lógica que a gente segue é poder levar as atividades até onde está o público”, diz Evandro.

Importância

Para Evandro, cultura faz a diferença na vida de todos, seja daquele que faz a arte ou daquele que a consome. Onde tem cultura, tem pensamento. “Eu vejo a cultura como um processo de transformação social. Uma cidade, por exemplo, que possui cultura e essa valorização artística que a gente tem, ela com certeza é uma cidade mais consciente dela mesmo, por se conhecer e consequentemente ser mais evoluída”, pontua o secretário.

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