Com orgulho e amor, jovens bento-gonçalvenses ajudam a preservar cultura gaúcha

“Há alguns anos haverá somente nós, os jovens, e se não mantivermos nossa cultura e tradição, a chama irá se apagar”. Essas são as palavras de um dos cantores e compositores mais jovens e mais talentosos do Rio Grande do Sul, Ricardo Noskoski, mais conhecido como Rick Gaiteiro. Aos 15 anos, o bento-gonçalvense já acumula cerca de 40 troféus conquistados em rodeios no estado, fruto de sua dedicação à gaita desde pequeno. Incentivado pelos pais, Salete e Clair Noskoski, e pelo irmão Eduardo, Rick acabou se apaixonando pelo instrumento e iniciando sua carreira aos oito anos. Com sua primeira gaita 48 baixos, começou a fazer cursos e animar os encontros familiares. Mas aos 10 anos, ao se inserir no CTG Herdeiros da Bombacha e participar do seu primeiro rodeio, em Vacaria, Rick percebeu que poderia transformar seu hobby em uma atividade profissional. “Eu nem imaginava que poderia me classificar no maior rodeio do RS logo de cara, mas acabei ficando em quarto lugar em duas categorias. Isso me incentivou a me dedicar ainda mais”, recorda Rick.


Foto: Eduarda Bucco
 

Desde então, o jovem já participou de dezenas de rodeios, sempre acompanhado dos pais, se destacando na gaita piano e gaita ponto. Mas foi em 2019 que o esforço de Rick começou a consagrá-los nas primeiras colocações. No mesmo fim de semana daquele ano, conquistou o primeiro ligar na gaita piano em Canoas e segundo e terceiro lugares em Guaíba, nas gaitas ponto e piano, respectivamente. Em 2020, antes da pandemia, em quatro rodeios o jovem conquistou oito troféus. “Nós sempre buscamos o incentivar porque percebemos o quanto ele gosta disso. E também sempre participamos junto. É um orgulho muito grande e também uma grande diversão. Nos rodeios criamos um grupo de amigos bem unido. E com o Rick é igual. No palco eles competem entre si, fora deles mantêm uma amizade bem bonita”, conta a mãe Salete.


Foto: arquivo pessoal
 

Ao longo dos últimos cinco anos, Rick também participou das invernadas do CTG e passou a se aventurar em outras duas habilidades: o canto e a composição. Hoje, o jovem já possui seis canções autorais, todas ressaltando o amor pela cultura gaúcha e pela família, as quais estão disponíveis em todas as plataformas digitais de música. Durante os Festejos Farroupilhas 2021, Rick se apresentará na sexta-feira, 17/09, na Via Del Vino, e na segunda-feira, 20/09, na ABCTG. Além disso, promove todos os domingos uma live em suas redes sociais, a fim de se apresentar e conversar com seu público.


Foto: Eduarda Bucco
 

Movido pelo amor à música e à tradição gaúcha, o jovem também busca utilizar do seu talento para auxiliar iniciativas sociais, como é o caso do Projeto Piazitos, que busca valorizar a cultura gaúcha mantendo crianças e jovens longe das drogas. O slogan do projeto é “No bolso de uma bombacha não cabem drogas”.

No futuro, Rick afirma que pretende continuar tocando profissionalmente, incentivando mais jovens a seguirem as tradições gaúchas. “Vamos lutar para manter viva essa cultura e essa chama do Estado”, declara. 

Representante estadual

Com apenas 12 anos, a bento-gonçalvense Eduarda Brandão Prates tem representado lindamente seu CTG Herdeiros da Bombacha, a 11ª região tradicionalista e, agora, todo o Estado do Rio Grande do Sul na cultura tradicionalista. No último fim de semana, ela recebeu o título de 1ª Prenda Mirim Estadual, na 50ª Ciranda Cultura de Prendas. 


Foto: Eduarda Bucco
 

E seu envolvimento com a cultura gaúcha também iniciou cedo. Aos seis anos, Eduarda começou a frequentar o CTG Herdeiros da Bombacha, localizado na sede campestre do Clube Botafogo, após contato com a atual patroa Zelide De Vargas Pellegrine na escola. O incentivo veio da irmã, Gabriela, que na época tinha cinco anos e se apaixonou logo de cara pela proposta do CTG. “Antes disso eu nunca tive muito interesse. Mas logo no primeiro ensaio eu me apaixonei”, conta Eduarda. 

Um ano após as irmãs estarem inseridas na rotina do CTG, Eduarda foi convidada a concorrer como prendinha no concurso interno, conquistando o título em 2018. No ano seguinte, ela recebeu o título de 1ª Prenda Mirim da região e iniciou sua preparação para o concurso estadual. Por conta da pandemia, o evento que seria realizado em maio de 2020 acabou acontecendo neste mês de setembro, proporcionando o tempo necessário para Eduarda se dedicar à competição. 

Foram dezenas de livros lidos e demais conteúdos sobre a história, a geografia, a tradição, o tradicionalismo e o folclore do Rio Grande do Sul. Ainda, Eduarda se debruçou sobre a temática da amostra do concurso, “contos, mitos e lendas do RS” e da prova artística “brinquedos e brincadeiras folclóricas”, além da pesquisa de campo, entrevistando dezenas de pessoas em diversos municípios da região, a fim de conhecer as histórias e as tradições dos gaúchos do passado.

E o resultado de meses de estudo e muito comprometimento não poderia ter sido diferente: mais do que uma excelente avaliação nos relatórios entregues, na prova realizada no dia 7 de Setembro, em Carlos Barbosa, Eduarda errou apenas três das 50 questões. 


Foto: Eduarda Bucco
 

O envolvimento de Eduarda e sua irmã com a cultura gaúcha também trouxe novos olhares aos pais, Rosimar Brandão Prates e João Elias Prates. “Nós sabemos que é um caminho que possibilita o envolvimento deles com o tradicionalismo, que os ajuda a criar confiança em si mesmo e perder a vergonha de falar em público, habilidades que eles vão levar para o resto da vida”, comenta a mãe. “Além disso, o CTG é um lugar de união da família, onde todos podem participar. Hoje em dia sabemos que há bastante dispersão dos jovens, e ali eles têm um ambiente saudável e seguro, onde irão deixar de lado o celular e o computador para dançar, conversar e interagir”, complementa. 

Atualmente, além de incentivar as filhas, os pais fazem parte da patronagem do CTG e são coordenadores da invernada pré-mirim do Herdeiros da Bombacha. E o amor da família pelo local não passa despercebido. “Nós iniciamos ali e iremos permanecer, pois é um local muito acolhedor. Eles sempre foram muito hospitaleiros. E agora estamos unidos nesse recomeço pós-pandemia, depois de passarmos por momentos difíceis. Mas estamos nos reerguendo para voltar ainda mais fortes”, declara Eduarda. 


Foto: Eduarda Bucco
 

Como 1ª Prenda Mirim do Estado, a bento-gonçalvense se mostra muito feliz e decidida a incentivar mais jovens a cultivarem a cultura gaúcha. O mesmo pensamento é compartilhado por sua irmã, hoje com 10 anos, que encontrou na declamação o seu ponto forte dentro do CTG. “Nossa cultura é muito bonita e sempre exaltou a beleza e a força da mulher, mostrando que ela tem vez e voz. O CTG me ajudou muito a perder a timidez e confiar em mim mesma. E sobre o papel do jovem, será ele que manterá nossa cultura acesa no futuro, por isso a importância de participarmos”, finaliza.