Com previsão de orçamento menor para 2023, IFRS Bento Gonçalves deve ter mais cortes
O Ministério da Educação anunciou que o orçamento para 2023 dos Institutos Federais deve ter R$ 300 milhões a menos do que o deste ano, que já havia sofrido reduções
Bento Gonçalves conta com um do Campus dos Institutos Federais (IF) mais reconhecidos no Brasil e no exterior. Lá, são oferecidos cursos de graduação e ensino médio técnico, de onde saem profissionais capacitados e prontos para trabalhar em prol da comunidade – trabalho esse que já inicia dentro da instituição por meio do incentivo à pesquisa e de atuação dos estudantes e professores em ações sociais. Mesmo com o reconhecimento, os cortes e bloqueios de recursos, cada vez mais comuns, têm afetado muitos projetos importantes da instituição.
Rodrigo Otávio Câmara Monteiro, atual diretor-geral do Instituto Federal do Rio Grande do Sul Campus Bento Gonçalves, afirma que a atual situação financeira é, no mínimo, complicada. A Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica sofreu um corte de recursos ainda em 2022. Para o Campus Bento Gonçalves, o valor é grande. “Representa aproximadamente R$ 350 mil de um orçamento que já era insuficiente para o funcionamento e o cumprimento das atividades de ensino, pesquisa, inovação, extensão, arte e cultura”, avalia.
Segundo o diretor, o orçamento atual serve apenas para a manutenção do básico. Com esse corte recente, a Gestão do IFRS Campus Bento Gonçalves está preocupada de como será o caminho até o fim do ano. “Outra preocupação é o orçamento de 2023, já que há a previsão de que seja, aproximadamente, 10% menor do que o insuficiente orçamento de 2022. Nesse contexto, estamos avaliando que algumas atividades poderão ser suspensas por insuficiência orçamentária no próximo ano”, pontua.
Uma notícia boa é que, mesmo com o corte de R$ 350 mil, os recursos investidos em projetos e bolsas de ensino, pesquisa e extensão, que já estavam previstos no orçamento do Campus para 2022, estão mantidos. Contudo, por enquanto, iniciativas futuras precisarão aguardar recursos. Para a estudante de Letras Dyessika Cortes, a situação é revoltante. “Acho isso um absurdo, porque a gente já está trabalhando com menos. Diminuindo mais ainda, pode afetar, diretamente, projetos relevantes que o Instituto Federal tem”, afirma. Na sua visão, os cursos do Instituto têm como um dos objetivos entregar algo útil e valioso para a sociedade. Sem investimentos, essa troca será inexistente.
“Quanto mais for cortado, mais vai se perder essa retribuição que é o essencial, é o principal da universidade para dividir no mundo, para passar para a sociedade”, salienta a jovem que ainda destaca, como exemplo, a importância do trabalho realizado com imigrantes no ensino de Língua Portuguesa, um dos projetos que possivelmente será afetado pelos cortes no orçamento.
Monteiro relembra que a oportunidade de estágios e a participação em extensões da instituição dão ao estudante uma experiência essencial, colocando na prática o que lhe é ensinado em sala de aula, criando, assim, aptidões e vínculos com a sociedade. A falta de recursos poderá atingir em cheio essa parte tão importante do ensino. “Sem essas oportunidades e vivências que são possibilitadas no Campus, o processo de aprendizagem poderá ser menos integral e abrangente”, destaca.
Para o estudante de Análise e Desenvolvimento de Sistemas Leonardo Bortolini, os cortes preocupam, mas não surpreendem. Além de ser um retrocesso, segundo Bortolini, com a medida diversos promissores engenheiros, professores, técnicos, enólogos, pedagogos e tantos outros profissionais ficarão “a ver navios”. “Um corte de verba é sempre preocupante. Sei que o IF tem auxílios estudantis para pessoas com baixa renda que inclui uma ajuda financeira para moradia e a alimentação gratuita no RU [restaurante universitário], e esses auxílios são sempre afetados”, conclui.
Para 2023
O Ministério da Educação (MEC) anunciou que o orçamento para 2023 dos Institutos Federais (IF) do país deve ter um corte de R$ 300 milhões. No total, o orçamento deve ser de R$ 2,1 bilhões para todas as instituições do país. A informação do corte foi feita aos reitores e levou todos a um estado de preocupação, visto que, dividido entre todas as instituições, o valor é mais do que insuficiente. Esses montantes são destinados para quase 100% das funções dos institutos, seja na realização de projetos, no pagamento das equipes de limpeza e segurança, no custeio de viagens a campo e na compra de mantimentos para animais pertencentes a projetos. Além disso, há o financiamento de bolsas e pesquisas relevantes para a sociedade, bem como a alimentação dos alunos que estudam em tempo integral nos Institutos espalhados em território nacional.