Com serviço take-away proibido, Sindilojas aconselha lojistas a apostarem nas tele-entregas
Na semana passada, o prefeito de Bento Gonçalves, Guilherme Pasin, divulgou um novo decreto que, entre outras medidas, estende a suspensão da retomada do comércio para o dia 15 de abril. O texto, entretanto, permitia que as lojas adotassem o sistema “take-away” de vendas, na qual o consumidor encomenda um produto e pode retirá-lo na porta da loja. No domingo, 05/04, um acréscimo ao decreto foi publicado em edição extra no Diário Oficial, proibindo essa modalidade de venda. A medida teve respaldo em um novo regramento do próprio governo do Estado, que restringe o take-away para produtos de alimentação, saúde e higiene.
Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Bento Gonçalves (Sindilojas – BG), Daniel Amadio, a sugestão para os lojistas neste momento é focar na tele-entrega de seus produtos. “A diferença na tele-entrega é que o cliente faz a compra por meio eletrônico e tem o produto entregue em sua residência, sem precisar ir até a loja”, explica. Nessa modalidade, o proprietário da loja pode contratar um motoboy, por exemplo, ou ir diretamente até a casa do cliente. “A minha sugestão agora é tentar constantemente fazer contato com os clientes via redes sociais, via plataforma de e-commerce – para quem possuir – focar na questão das vendas por entrega”, frisa.
Em relação ao pagamento de carnês, que pode ser efetuado apenas na loja, Amadio aconselha que os lojistas entrem em negociação direta com os clientes. “Eu sugiro ligar para o cliente, mandar alguém ir cobrar, solicitar uma transferência bancária ou emitir um boleto”, exemplifica.
Os prejuízos serão inevitáveis
Alguns comércios, como as óticas, obtiveram o reconhecimento como serviço essencial, por meio de negociações entre o Poder Público e os sindicatos. Entretanto, Daniel Amadio afirma que mesmo esses segmentos deverão sentir os efeitos da pandemia, já que os próprios consumidores estão com o orçamento apertado e evitam sair às ruas. “Inevitavelmente o prejuízo vai ser grande e tenho receio que alguns negócios acabarão fechando e gerando desemprego”, analisa.
Para tentar minimizar os impactos econômicos no setor, o Sindilojas Bento e o Sindicato dos Empregados no Comércio de Bento Gonçalves (SEC-BG), assinaram no dia 27/03, uma Convenção Coletiva Extraordinária que trata, exclusivamente, do banco de horas e das férias. Com vigência de 20 de março a 20 de setembro de 2020, o acordo contempla comerciários que atuam em Bento Gonçalves, Carlos Barbosa e Garibaldi. “Com isso nós reconhecemos que as lojas estão fechadas como se estivessem em período de férias, sem a necessidade de aviso prévio. Também estendemos a compensação do banco de horas para 30 de novembro de 2020. Então poderão ser acumuladas horas e compensadas até o final do ano”, explica.
Agora, o sindicato está trabalhando com base na Medida Provisória 936, que permite a redução proporcional de jornada de trabalho e de salários. “Escritórios de contabilidade estão se inteirando de como vai funcionar. Previamente haveria uma redução de 50% no salário, sendo que 25% seria pago pelo Governo Federal. Mas na prática não sabemos ainda como vai funcionar”, revela.
Foto: Emilija Manevska/Getty Images