Comércio sente reflexos da crise, mas ainda é o que menos demite em Bento

Enquanto setores como a indústria de transformação, serviços, construção civil e agropecuária mais demitiram do que contrataram em 2016, o comércio é o único que mantém dados positivos nos levantamentos mensais do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). No entanto, a diferença é baixa: de janeiro a junho, foram admitidos 1.652 e demitidos 1.636, um saldo positivo de apenas 35 pessoas. A título de comparação, o setor de serviços, por exemplo, neste mesmo período, contratou 2.967 e demitiu 3.046, um saldo negativo de 57 pessoas. O setor que mais demitiu em 2016 foi o da indústria da transformação, com um saldo negativo de 204.

O único mês que registrou um saldo negativo e representou 90% das demissões no período foi abril, quando o comércio desligou 50 funcionários. De acordo com o presidente do Sindilojas Regional Bento, Daniel Amadio, a crise vem sendo sentida há pelo menos dois anos mais intensamente, mas o comércio até então estava conseguindo manter um equilíbrio nas vendas e no número de funcionários. “O que percebemos nestes últimos meses é que o comércio passou a sentir mais fortemente os efeitos da crise e passou a fazer alguns ajustes. Funcionários que foram acumulando benefícios ao longo dos anos estão sendo substituídos por mão de obra mais barata e funcionários que estavam sobrando estão sendo desligados, por exemplo. Em maio e junho, os números já se equilibraram e acreditamos que assim vai permanecer”, projeta Amadio. 
Uma pesquisa feita pela Fecomércio, porém, mostra que as vendas para o Dia dos Pais não devem ultrapassar um aumento de 8%. “Isso mostra que não atingiremos nem a inflação, que é de 9%. As vendas devem se manter equilibradas como nas demais datas comemorativas. Uma recuperação mais expressiva deve ocorrer somente no final do ano ou, sendo mais realistas, no ano que vem”, confessa o presidente.

CDL é mais otimista
A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), responsável por estimular e incentivar o comércio a vender mais, acredita que os lojistas devem perceber um aumento de 30% no volume de vendas. De acordo com o presidente da entidade, Marcos Carbone, conforme levantamento realizado pela CDL  com diversos estabelecimentos, a projeção é que o comércio cresça em média 8% ao longo de 2016. Alguns chegam a arriscar a projeção de 10% a 15%. “Sabe-se que existem, sim, adversidades. Mas o comércio está percebendo que precisa reagir e, para isso, investir em alternativas que não sejam o conformismo diante da crise. Não é tarefa fácil, mas aqueles que se dispõem a fazê-la encontram resultados muito melhores”, afirma o presidente.

As demissões no comércio, para a CDL, ainda são pouco expressivas. “Os lojistas estão mais cautelosos e preferem manter as contratações, sabendo do ônus que é encontrar profissionais comprometidos ou, ainda, formar mão de obra capacitada para prestar um serviço de atendimento diferenciado. Apesar disso, o comércio mantém uma postura otimista, acreditando na recuperação da economia”, afirma Carbone.