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Como enfrentar o luto pela perda da mãe

  • Vinícola Garibaldi

A perda da figura materna (estamos falando da mãe biológica ou de outras pessoas que assumem o papel de representação de mãe) pode ser um dos maiores desafios que enfrentamos ao longo da vida, uma vez que a mãe representa uma relação de afeto construída desde o início, uma conexão intensa com a experiência do amor.
Diferentemente dos animais, nós levamos mais tempo para nos tornarmos independentes das nossas figuras de apego (é assim que chamamos as pessoas com quem estabelecemos relações seguras e duradouras). É a prova de que ninguém vive bem sozinho e que precisamos de cuidados para sobreviver. A mãe, ao longo do desenvolvimento, é quem nos ajuda a construir formas de proteção e sinais de alerta diante de perigos (quando não é ela mesma quem nos protege), e também contribui para a nossa estruturação física e emocional.
A experiência do luto é universal, mas vivenciada de forma individual, ou seja, cada luto é particular e tem as características do tipo de relação construída entre as pessoas. Portanto, nenhum luto é igual ao outro, não é maior ou menor que o outro, pois não dá para mensurar a tristeza. Além disso, não existe fórmula, etiqueta e roteiro para seguir.
É importante ficar triste quando se sentir triste, acolher os próprios sentimentos e permitir-se também ser feliz ainda que por alguns instantes, reconhecer que não tem problema não se sentir bem sempre. O problema é, na verdade, que as pessoas esperam que os enlutados voltem a ser o que eram. Mas ninguém é a mesma pessoa depois de perder alguém que ama.
Diante da perda de um familiar querido como a mãe, não se pode comparar o próprio luto com o luto dos irmãos ou outros familiares. A relação entre cada um é diferente, assim como as reações poderão ser. Buscar uma rede de apoio com pessoas que possam escutar a dor sem julgar, sem dizer que “com o tempo vai passar”. Não esquecer da dor, mas buscar meios para continuar vivendo. Ter os próprios momentos de homenagem, criar rituais e valorizar lembranças que ficam para a eternidade e ajudam a acomodar a saudade, mesmo que temporariamente. Além disso, construir para si o legado deixado pela mãe ou quem quer que tenha representado essa figura, a partir de ensinamentos, lições deixadas por quem ela foi em vida. O ritual não tira as dores, mas acalma a alma.
Muito além de uma “solução”, até porque não existe (por mais que a gente queira e esteja acostumado com tudo rápido e pronto), é essencial o enfrentamento, dia após dia, do processo de luto, com seus altos e baixos. Apesar de ser um processo individual, ninguém precisa passar por isso sozinho. Portanto, que não se tenha medo de contar com amigos próximos, pessoas de confiança e profissionais para que o luto seja atravessado de forma mais leve.

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