Como funcionam os leitos de isolamento da UPA 24h?

Os 40 leitos de isolamento e as 8 mini UTIs construídas em tempo recorde na UPA 24h, em Bento Gonçalves, têm sido alvo de questionamentos por parte da população. Isso porque alguns pacientes graves de COVID-19 estão sendo transferidos para hospitais da região, quando não há vagas disponíveis na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Tacchini. Mas por que essas pessoas não são transferidas para essa área na UPA 24h? 

O coordenador da unidade, Amauri Vargas, explica que os leitos de isolamento foram construídos como uma forma de suporte para cenários mais graves da pandemia. “A gente estava vendo que, no mundo inteiro, estava havendo falta de UTIs, porque essa doença requer um tempo mais longo de internação. E pega muita gente de uma só vez. Então o pensamento da prefeitura foi que a gente teria que se antecipar. Aproveitamos o isolamento social para correr e deixar tudo pronto, para Bento não sofrer com essa questão de falta de leitos”, relata. 

Entretanto, Vargas explica que os leitos servirão como UTIs apenas quando não houver mais disponibilidade em nenhum hospital do Rio Grande do Sul (o encaminhamento dos pacientes depende da Central de Leitos do estado). “Se houver uma mudança de cenário, aí sim começaremos a pensar nesses leitos como UTI. Como ainda temos a disponibilidade de leitos na região, esses pacientes são entubados [na UPA 24h] e prontamente são transferidos”, afirma. 


 

Até o momento, os 40 leitos de isolamento estão sendo utilizados para atender pacientes considerados estáveis. Enquanto os 8 mini leitos de UTI são destinados a pacientes com maior risco de agravamento, pois ficam mais próximos da emergência e da equipe médica responsável. “Nos 40 leitos temos que subir e descer, por isso os pacientes estáveis têm ficado por lá. São de 2 a 4 pacientes por vez que estão internados nesses leitos, desde que eles começaram a ser utilizados”, comenta.

Os pacientes internados na UPA 24h passam por monitoramento e exames que podem indicar uma possível piora em seu quadro. “A gente tem notado características semelhantes nos pacientes, o que nos permite ficar mais alarmado. Assim, nessas pessoas que ainda não têm critério de entubação, mas já apresentam sinais que alarmam, a gente já transfere estável para a UTI do Tacchini ou de outro hospital da região, antes que piore”, relata Vargas. 

Mesmo assim, os leitos da UPA 24h estão equipados com 20 respiradores (que podem ser multiplicados caso necessário), bombas infusoras, medicamentos e EPIs necessários para atender a todos os pacientes da COVID-19, caso haja lotação de leitos no Rio Grande do Sul. “Estamos em 70% de ocupação no Estado, mais ou menos, então ainda temos tempo para falar em esgotamento. Mas caso precise, esse paciente de Bento não ficará sem atendimento. Ele será recebido nos leitos da UPA e ficará aguardando um leito de UTI. Esperamos que o pior não aconteça, mas não podemos afirmar. A gente não sabe se está no pico da curva, ou se apenas está subindo uma montanha. De qualquer forma, nós estamos preparados”, finaliza.

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