Complexo da Scharlau, em São Leopoldo, é entregue após meses de obras e caos no trânsito

De moradores a turistas, passando por prestadores de serviço e caminhoneiros, cerca de 140 mil condutores e seus veículos passam diariamente pelo local

Complexo da Scharlau, em São Leopoldo, é entregue após meses de obras e caos no trânsito
Foto: Divulgação

Cerca de 3 milhões de pessoas devem ser beneficias com a conclusão das obras do Complexo de Viadutos da Scharlau, na BR-116, em São Leopoldo. A entrega da obra ocorreu na sexta-feira, 16/08, com a presença do ministro dos Transportes, Renan Filho, e o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo o governo federal, de moradores a turistas, passando por prestadores de serviço e caminhoneiros, cerca de 140 mil condutores e seus veículos passam diariamente pelo local.

“Esse era o principal estrangulamento. Resolvemos hoje o maior gargalo logístico do Rio Grande do Sul. Pouco mais de um ano depois do início das obras, entregamos. Parabéns aos servidores do DNIT [Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes] que realizaram esse trabalho. Tanto de resgate e reconstrução, quanto de construção nessas obras da Scharlau”, pontuou o ministro, enquanto vestia o boné do DNIT, responsável pela execução do projeto no Complexo da Scharlau.

Lula reforçou o cuidado do Governo Federal com o Estado após a tragédia climática. “Não era necessário acontecer o que aconteceu nesse desastre. Antes da enchente, já tínhamos começado o Novo PAC [Plano de Aceleração do Crescimento]. Não queria inventar a obra que seria importante para cada região, queria saber de cada governador. Trouxemos os investimentos para ajudar o Estado assim, ouvindo. Nós estamos recuperando a dignidade desse povo agora, reconstruindo e construindo o que é necessário.”, elaborou.

O Complexo da Scharlau resolve um nó no trânsito da Grande Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. O novo viaduto fica no entroncamento da BR-116 com a BR-240. Ele é caminho tanto para quem acessa Porto Alegre quanto para quem vai para a região da Serra Gaúcha, Vale do Caí e Vale do Taquari.

O vice-governador do estado, Gabriel Souza (MDB), ressaltou o bom trabalho realizado para a conclusão da obra. “Essa relação de alto nível entre governo estadual e federal melhora a vida das pessoas. Quero cumprimentar, reconhecer e agradecer sempre que o Governo Federal sempre faz entregas importantes para a população. Essa é uma delas”, disse.

A megaestrutura recebeu investimentos de R$ 80 milhões e foi realizada através do DNIT. São duas novas alças e o alargamento das pistas de acesso, ampliando a capacidade de fluxo de veículos no viaduto, que passa a ter três faixas em cada sentido.

As obras do Complexo Scharlau fazem parte do projeto de melhora em segurança e tráfego da BR-116. Ao longo de 38,5 km da rodovia, além de 7 km de revitalização das Avenidas Guilherme Schell e Ernesto Neugebauer, que são uma das principais ligações entre Canoas e Porto Alegre. As ações contemplam sete cidades e o Governo Federal prevê o aporte total de R$ 577,8 milhões até 2026.

História por trás da reconstrução

Scharlau, que dá nome ao complexo, é um bairro de São Leopoldo, município da Grande Porto Alegre, e uma das cidades mais afetadas pelas fortes chuvas de abril e maio de 2024. Uma realidade que uniu vizinhos e gaúchos de todo o Estado. No meio de toda a tragédia, encontraram forças para ajudar uns aos outros.

O motorista de van Jair Motta foi voluntário em um grupo de socorro às primeiras vítimas das enchentes. No celular, guarda imagens da cidade de São Leopoldo tomada de lama. Paulinho teve a casa invadida pela água. Perdeu móveis e obras de arte.

“Foram dias de terror. Na época da chuva, ficamos mais de 20 dias fora de casa. Quando conseguimos voltar, eu já fiz um espaço aqui para apoiar a população. Porque a população como eu não tinha água para beber, não tinha energia elétrica, não tinha alimento, não tinha roupa, não tinha nada”.

Cada um ajudando o próximo a seu modo, mal sabiam que estavam lado a lado. Os dois haviam trabalhado juntos nos anos 90 e não se viam há duas décadas. Foram se reencontrar depois das cheias. “Mais de vinte anos que não nos víamos! Passamos pela COVID e passamos agora por essa tragédia, o alagamento, e estamos aí. É bom poder rever este amigo e saber que ele está bem”, comemora Paulinho. “Esse é o meu gerente!”, completa Jair, em um abraço no ex-chefe.