Comunidade Terapêutica passa por adequações

Considerada um dos projetos mais inovadores no tratamento de dependentes químicos no Rio Grande do Sul, a Comunidade Terapêutica Rural de Bento Gonçalves, que em março de 2015 completa quatro anos de funcionamento, precisou passar por reformulações. As mudanças foram necessárias para que o local, localizado no distrito de Tuiuty, fosse adequado à portaria estadual 591, de 19 de dezembro de 2013, que disciplina as exigências mínimas para o funcionamento de comunidades terapêuticas.

As adequações foram apresentadas na última terça-feira, dia 2, durante coletiva de imprensa conduzida pela presidente do Conselho Municipal Antidrogas (Comad), Adriana Lazzarotto. Entre as alterações está a administração exclusivamente pelo município, sem a parceria da Associação Vida Livre. A saída da entidade do processo de gestão do local atende também a um apontamento do Tribunal de Contas do Estado (TCE), segundo o qual a gestão pública não poderia ter parceria com uma ONG para manutenção do espaço. 

O presidente da extinta Associação Vida Livre, Gerson Brum Machado, explica que o convênio entre entidade e município encerrou ainda no dia 31 de dezembro de 2012. Daquela data até meados de outubro do ano passado, a entidade seguiu participando informalmente da administração da comunidade terapêutica. Com a nova regulamentação estadual e a impossibilidade de seguir gerenciando a unidade, optou-se pelo fim da entidade. A ata de dissolução foi assinada no último dia 31 de outubro. O mobiliário foi repassado à Associação Batista Betel.  “A comunidade terapêutica estava amalgamada à entidade. Nunca sonhamos em fechar as portas, mas as coisas são dinâmicas: entra legislação, muda gestor, entra normativa…”, resume Machado.

A comunidade terapêutica é considerada uma unidade de saúde avançada, com atendimentos via Sistema Único de Saúde (SUS) e funciona como uma extensão dos trabalhos realizados no Centro de Atendimento Psicossocial para Álcool e Drogas (Caps-AD). Adriana, que coordenou a comunidade terapêutica entre outubro de 2013 e julho deste ano, período de transição para a adequação às novas exigências, explica que com o fim do convênio com a Vida Livre, a comunidade terapêutica também pode buscar recursos junto ao governo federal.

O tempo de internação também mudou, passando de nove para seis meses. A permanência é voluntária, podendo o tratamento ser interrompido a qualquer tempo a critério do usuário – incluindo os casos em que o residente for encaminhado por ordem judicial (internação compulsória).

A Comunidade Terapêutica Rural de Bento Gonçalves é exclusiva para homens adultos e tem espaço para 32 residentes – sendo duas vagas reservadas para casos de risco. Para internação de mulheres e adolescentes o município realiza compra de vagas em outras instituições. O local, que atualmente está com 27 pacientes, está agora sob coordenação de Marlene Webber, que até abril deste ano atuava como secretária-adjunta de Saúde. Os profissionais são terceirizados pelo município via Fundação Araucária. Além de monitores e de psicólogos, o espaço também conta com nutricionista e educador físico. 

Saiba mais

A construção da Comunidade Terapêutica iniciou no ano de 2001, mas foi finalizada somente depois de dez anos, sendo inaugurada no dia 19 de março de 2011. O prédio, situado na localidade de Passo Velho, no distrito de Tuiuty, conta com 32 leitos, divididos em 16 quartos, além de sala de grupo, médica, administrativa, enfermagem, cozinha industrial, refeitório, lavanderia e centro ecumênico. O local ainda é adaptado para receber portadores de necessidades especiais. Toda a obra foi financiada pelo Poder Público e contou com o apoio de empresários, da comunidade e da Associação Vida Livre. O custo total da obra foi de R$ 700 mil.

 

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